quinta-feira, 31 de março de 2011

Amanhã será outro dia!

Do Portal Luis Nassif

Trivial de 1964


Trivial de 1964
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Trechos de canções de Geraldo Vandré, Chico Buarque e Gilberto Gil, Elis Regina, Belchior, Gonzaguinha e Raul Seixas, todas pertencentes ao período da Ditadura. Vídeo apresentado à disciplina Oficina de Televisão, da Universidade Federal de Minans Gerais.

O Brasil de e para todos os brasileiros

Via blog da Maria Frô

Perry Anderson: “Lula – cuidar dos pobres é barato e fácil”



O Brasil de Lula
Por: Perry Anderson, London Review of Books, vol. 33, n. 7, 31/3/2011, pp. 3-12 [excerto, trecho final], Tradução: Vila Vudu
“A geração que chegou ao poder naquele período havia passado por dois tipos de derrota: derrotados pelas ditaduras que esmagaram a esquerda imediatamente depois da Revolução Cubana e derrotados pelos sistemas de livre mercado que foram, para uns o preço, para outros o prêmio, da democratização. Essas derrotas misturaram-se numa única herança. Formas anteriores de radicalismo, político ou econômico, foram apagadas da pauta social. Mas as massas tampouco abraçaram com paixão os regimes neoliberais para os quais os generais haviam pavimentado o caminho. (…) Pela primeira vez, os brasileiros politicamente ativos estavam conectados numa rede continental com os povos falantes do espanhol nas Américas.
As solidariedades daquele período continuam ativas na paisagem política de hoje entre os governantes de esquerda, o que deu ao Brasil ambiente acolhedor. Numa dialética regional, as diferenças entre todos foram trabalhadas não raras vezes para beneficiar todos, com Lula estendendo um manto de amizade protetora a regimes – Bolívia, Venezuela, Equador – mais radicais que o seu, beneficiando-se, ao mesmo tempo, na opinião internacional, de uma opinião favorável, na comparação, entre sua moderação e o extremismo dos outros.
No mesmo período, o contexto internacional foi benéfico para o Brasil, além do cenário regional. Por um lado, os EUA deixaram de poder manter-se absolutamente concentrados no continente, depois que declararam a Guerra ao Terror no Oriente Médio e no Oriente mais remoto e na África. Com o Iraque, Afeganistão, Iêmen, Paquistão, Egito como linhas de frente da sua estratégia, os EUA, não tinham como dar muita atenção ao hemisfério.
Bush fez uma visita distraída a Brasília, e Obama deve fazer a sua, nesse mês de março. Haverá efusivas saudações ao primeiro presidente mulato dos EUA, como os brasileiros o veem (…). Mas ninguém espere que a visita venha a ser qualquer coisa além de cerimonial. Os mecanismos de supervisão, que ainda operavam com eficácia no governo de [Fernando Henrique] Cardoso, agora enferrujaram. Não só as incursões militares pelo oriente ao longo da última década, mas a bolha financeira que os precedeu e acompanha, enfraqueceram as relações entre EUA e Brasil, com vantagem para o Brasil.
Depois que a economia dos EUA passou a ser dependente de injeções cada vez mais fortes de dinheiro barato – primeiro, nos governos Clinton e Bush mediante taxas de juro muito baixas, e agora, no governo Obama, graças às máquinas de imprimir dinheiro –, o capital externo necessário para sustentar o crescimento da economia brasileira tornou-se cada vez mais e mais acessível, e a custos cada vez mais baixos. Se o fluxo de dinheiro ameaça hoje afogar o real, aí está outro, mais um, sinal perverso de o quanto se alteraram as posições relativas de EUA e Brasil. Para o Brasil, ainda mais decisivo que o encolhimento dos EUA, foi a ascensão da China como poder econômico, principal mercado para os dois principais itens de exportação do Brasil e fiel do equilíbrio da balança comercial brasileira. O longo boom chinês afetou todo o planeta, mas o Brasil talvez tenha sido o país no qual fez a maior diferença. Enquanto os EUA naufragavam e a República Popular da China viajava com vento de popa, esses mesmos ventos abriram passagem para uma nova direção social.
Se se manterão os avanços que o Brasil obteve é questão hoje indecidível. Não há dúvida de que houve uma emancipação. Mas a história do Brasil oferece paralelo e antecedente que justifica muitos temores. No final do século 19, a escravidão foi abolida no Brasil virtualmente sem derramamento de sangue, o que contrasta com o virtual massacre no qual terminou, não previsto nos movimentos iniciais da mesma abolição, nos EUA. Mas o preço que se pagou pela abolição no Brasil não foi baixo só no número de mortos em guerra: o preço da terra era também muito baixo, então, porque a emancipação foi tardia, quando a população de escravos já diminuía e a economia da escravatura estava em estado avançado de declínio. Não foi só negócio entre as elites; o abolicionismo popular também teve iniciativas imaginativas, embora sem agitação social de monta. Mas quando veio, os donos de escravos de modo algum estavam arruinados, e os escravos só conquistaram a liberdade formal, legal. Em termos sociais, os efeitos imediatamente posteriores foram modestos: o principal deles foi o aumento da imigração de trabalhadores europeus.
Vê-se aí, talvez, mutatis mutandis, alguma semelhança com o Bolsa Família, o crédito consignado, o salário mínimo? Lula gostava de dizer que “Cuidar dos pobres é barato e fácil”[1]. Estimulante? Perturbador? A ambigüidade moral dessa frase pode fazer dela uma espécie de epitáfio do governo Lula. Comparado aos antecessores, Lula teve imaginação suficiente, nascida da identificação social, para ver que o estado brasileiro tinha dinheiro para ser um pouco mais generoso com os mais pobres, e o fez ser, por vias que fizeram diferença substancial na vida de milhões de pessoas. Mas essas concessões custaram pouco aos ricos, os quais, qualquer conta que se faça, ganharam mais – muito mais – nesses anos, do que jamais antes.
Pode-se perguntar se isso faz alguma diferença real. Não será exatamente o que se espera de projetos só econômicos, um optimum de Pareto? Onde ou quando o ritmo do crescimento não se mantiver, os descendentes dos escravos talvez revivam tempos não muito diferentes dos tempos da abolição. Desde o tempo em que foi adotada, logo depois da abolição da escravatura, o motto Comteano inscrito na bandeira do Brasil – Ordem e Progresso –, sempre foi esperança desfraldada ao vento. Progresso sem conflito; distribuição sem redistribuição. Historicamente, não parecem momentos semelhantes?
Mas talvez os tempos não sejam os mesmos. A última década não assistiu a qualquer mobilização das classes populares no Brasil. O medo da desordem e a aceitação da hierarquia, que mantêm os movimentos populares separados entre si na América Latina são legado da escravidão. Mas embora a melhoria material não seja empoderamento social, uma pode levar ao outro.
O extraordinário peso eleitoral das populações mais pobres, somado à gigantesca escala da desigualdade econômica, para não falar da injustiça política, faz do Brasil uma democracia diferente de qualquer outra do norte, mesmo daquelas nas quais as tensões de classe foram um dia muito mais altas, ou o movimento trabalhista muito mais forte. A contradição entre essas duas magnitudes só agora está começando a operar. Se o melhoramento passivo algum dia levar à intervenção ativa, a história, dessa vez, poderá levar a outro resultado.”

[1] “A coisa mais fácil para … um presidente da República é cuidar dos pobres. Não tem nada mais barato do que cuidar dos pobres.” Foi dito em discurso aos novos ministros, dia 31/3/2010. Naquela ocasião, já se convertera numa espécie de motto, repetido em várias ocasições.

quarta-feira, 30 de março de 2011

Doutor Luiz Inacio Lula da Silva

Do Portal Nassif
Lula: doutor 'honoris causa'

Caro Nassif e amigos do blog,
Sou estudante do mestrado em Economia e Finanças da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, e hoje presenciei a titulação 'honoris causa' do ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva, um dos maiores estadistas do Brasil.
O discurso de Lula foi bem afinado, retratou a evolução dos 8 anos que esteve a frente do Brasil, destacando a assaz relevante revolução social e os maciços investimentos em educação. Em traço geral, o ex-presidente asseverou que a missão de Dilma é investir 7% do PIB em educação e dar continuidade ao processo de mudança social no Brasil, não se esquecendo da pujança econômica tupiniquim e do fortalecimento do mercado interno em seu mandato. Ademais, Lula ressaltou que o povo brasileiro recuperou a auto-estima e voltou a acreditar em seu potencial, os diversos estudantes brasileiros que presenciavam a cerimônia aplaudiam o grande homenageado, quebrando qualquer protocolo acadêmico da tradicional instituição e o silêncio profundo que reina na sala dos Capelos.
As frases ditas pelo sábio ex-presidente, com sólida formação na universidade da vida (assim designado pelo renomado constitucionalista Dr. JJ Canotilho e o excelentíssimo reitor da Universidade de Coimbra) despertaram nos brasileiros ainda mais esperança nessa nação e demonstraram aos europeus nossa grandeza. Assim, citando autores, dados e feitos, Lula dedicou o título a José de Alencar, que esteve sempre ao seu lado nos tempos de governo, e apregoou que o ex vice-presidente era uma pessoa muito boa e de alma grandiosa. 
Destarte, pode-se dizer que Lula representou bem o Brasil em terras lusitanas, juntamente com a atual presidenta Dilma Rousseff, que também impressionou pela legítima simplicidade e atenção com os presentes...
AVANTE BRASIL! Nosso povo merece...
NOTA RÁPIDA: Como já salientava Tom Jobim, "o Brasil não é para principiantes" e não é mesmo! Esse país é um imenso almanaque que vai de Pixinguinha, Celso Furtado e Rui Barbosa à Guimarães Rosa, Paulo Freire e Aleijadinho... Um dia hei de ensinar Tupi Guarani para esse povo europeu, alá Policarpo Quaresma e seu nacionalismo ufânico!
Lula: doutor 'honoris causa'
Lula: doutor 'honoris causa'
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Lula: doutor 'honoris causa'
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Lula: doutor 'honoris causa'
Lula: doutor 'honoris causa'

Doutoramento para poucos: Lula, o Doutor do Povo

Do Vi o mundo

CartaCapital: Lula, o doutor do povo

Eduarda Freitas 30 de março de 2011
por Eduarda Freitas*, de Coimbra, em CartaCapital
A luz do sol estica-se devagar no pátio da Universidade de Coimbra. Ainda não são nove da manhã. Um grupo de jovens conversa nas escadas que dão acesso à Sala dos Capelos, onde mais tarde vai ser atribuído o grau de Doutoramento Honoris Causa a Lula da Silva. Nas mãos têm máquinas fotográficas. Às costas, a bandeira do Brasil. “Isto é muito importante para nós, por tudo o que Lula fez em oito anos, por todas as mensagens que passou ao mundo em língua portuguesa”. Denise tem 20 anos, é de Caxias do Sul. Está em Coimbra desde janeiro, a estudar Direito. Faz parte da comunidade de quase mil alunos brasileiros que estudam na academia de Coimbra. À entrada do pátio, lê-se: “Em defesa da Amazônia, Dilma pare a barragem de Belo Monte”. Os sinos tocam. Os batedores da polícia aproximam-se. Os jornalistas apontam as máquinas. Centenas de pessoas gritam num português cantado: “Lula! Lula!”. Destaca-se uma voz: “Tira uma foto com o gaúcho, Lula!”. O ex-presidente levanta a mão, como quem pede desculpa: “Estamos atrasados…”. Ainda assim, Fernanda Esteves consegue uma foto: “Eu nem acredito! Consegui…ai…”, diz com a voz entregue à emoção e os olhos castanhos a encherem-se de água. “Estou tremendo!”. E Lula ainda nem era doutor.
Doutoramento para poucos
Faltava pouco. Ao final da manhã, Lula da Silva haveria de sair da mais antiga universidade de Portugal e uma das mais velhas da Europa, com o título de doutor Honoris Causa. Uma distinção que só chega a quatro ou cinco pessoas por ano. Mas antes, havia ainda que cumprir um rigoroso e tradicional protocolo. Já dentro da Biblioteca Joanina, Lula aguardava pela formação do cortejo acadêmico. À entrada da Universidade, ninguém arredava pé. Improvisava-se a voz. Cantava-se o hino brasileiro misturado com saltos e gritos de “sou brasileiro, com muito orgulho, sou brasileiro!”. A manhã ia crescendo. “Isto havia de ser sempre assim”, confidenciavam três empregadas de limpeza da biblioteca onde  estava Lula. “Ganhamos o dia e não fazemos nada!”, riam. Mais um carro a chegar. Sai o primeiro-ministro demissionário de Portugal, José Sócrates. “Não sei se ele é bom politico, mas sei que ele é um gato…!”, riam duas amigas de olhos azuis. Agora sim, Dilma Rousseff. “ Eu quero vê-la!”, gritava Maria da Conceição, uma portuguesa de cabelos brancos, no alto dos seus sessenta anos. Entre seguranças, Maria viu Dilma, casaco vermelho escuro, sorriso rasgado: “Estou muito feliz. Ela é uma grande mulher!”.
Homenagem ao povo brasileiro
Seguiu-se o cortejo. Palmas, muitas palmas, para o quase doutor. Um quinteto de metais marcava o ritmo solene da ocasião. Lula seguia de capa preta e um capelo – pequena capa – sob os ombros. Distinguia-se dos outros elementos do cortejo, cerca de cem doutores de Coimbra, por não usar ainda a borla, uma espécie de chapéu. A luxuosa Sala dos Capelos, datada do sec. XVI, repleta de retratos dos reis de Portugal, aguardava Lula da Silva. “Mais do que um reconhecimento pessoal, acredito que esta láurea é uma homenagem ao povo brasileiro, que nos últimos oito anos realizou, de modo pacifico e democrático, uma verdadeira revolução econômica e social, dando um enorme salto qualitativo no rumo da prosperidade e da justiça”. A voz fugia-lhe, emocionado. “Nada disto seria possível, igualmente, sem a colaboração generosa e leal daquele que foi o meu parceiro de todas as horas, um dos homens mais íntegros que conheci”. Lula referia-se ao seu sempre vice-presidente, José Alencar, falecido na passada terça-feira. A regra dos doutoramento impõe silêncio, mas na Sala dos Capelos ouviram-se palmas no final do discurso de Lula da Silva. E foi ao catedrático jurista português Gomes Canotilho,  que coube fazer o discurso de elogio do doutorando Honoris Causa Luiz Inácio Lula da Silva. Antes do ex-presidente do Brasil receber o anel de senhor doutor.
Lula, o homem de mãos grandes
“Foi o maior anel de doutoramento que fizemos, devido à mão robusta de Lula!”, conta sorridente o joalheiro António Cruz. “ O anel é feito no melhor ouro português, rematado com um rubi com cerca de cinco quilates, elevado por 12 garras”. O preço? “Não posso dizer. Mas não é económico”, ri.  “Vimos várias fotos de Lula para lhe fazermos um anel personalizado. Foi muito especial para nós…!”. Por esta joalharia que vive paredes meias com a muralha de Coimbra, já nasceram anéis de doutoramentos honoris causapara os dedos dos prêmios Nobel José Saramago e Amartya Sen, para Jorge Amado, entre muitos outros. Apesar de tantos anéis, este foi a primeira cerimônia de doutoramento a que António foi assistir: “Admiro muito Lula da Silva!”. Uma hora antes, na sala onde são homenageados os maiores doutores entre os doutores, Canotilho Gomes justificava a atribuição deste título ao cidadão Lula da Silva: “a política transporta positividade e com positividade deve ser exercida. Da poesia para o filósofo, do filósofo para o povo. Do povo para o homem do povo: Lula da Silva”. Emocionado, de sorriso triste, sem prestar declarações, Lula saiu rápido para apanhar o avião para o velório de José Alencar. Ainda assim, uma jornalista brasileira, atirou uma pergunta sem ponto de interrogação: “Ei, presidente, você agora é doutor!”
A nossa colunista portuguesa Eduarda Freitas, de Coimbra, acompanhou o emocionante doutoramento do ex-presidente Lula na tradicional Universidade da cidade.

Uma relação nova com a vida

Via blog do Noblat

GERAL

Interpretação feminista do relato da criação


As teólogas feministas nos despertaram para traços anti-feministas no atual relato da criação de Eva (Gn 1,18-25) e da queda original (Gn 3,1-19), o que veio reforçar na cultura o preconceito contra as mulheres.

Consoante este relato, a mulher é formada da costela de Adão que, ao vê-la, exclama: “eis os ossos de meus ossos, a carne de minha carne; charmar-se-á varoa (hebraico:ishá) porque foi tirada do varão (ish); por isso o varão deixará pai e mãe para se unir a sua varoa: e os dois serão uma só carne”(2,23-25).
O sentido originário visava mostrar a unidade homem/mulher. Mas a anterioridade de Adão e a formação a partir de sua costela foi, porém, interpretada como superioridade masculina.
O relato da queda soa também antifeminista:“Viu, pois, a mulher que o fruto daquela árvore era bom para comer..tomou do fruto e o comeu; deu-o também a seu marido e comeu; imediatamente se lhes abriram os olhos e se deram conta de que estavam nus”(Gn 3,6-7).
Interpreta-se a mulher como sexo fraco, pois foi ela que caiu na tentação e, a partir daí, seduziu o homem. Eis a razão de seu submetimento histórico, agora ideologicamente justificado: “estarás sob o poder de teu marido e ele te dominará”(Gn 3,16).
Há uma leitura mais radical, apresentada por duas teólogas feministas, entre outras: Riane Eisler (Sacred Pleasure, Sex Myth and the Politics of the Body,1995) e Françoise Gange (Les dieux menteurs 1997) que aquí resumo. Estas autoras partem do dado histórico de que houve uma era matriarcal anterior à patriarcal.
Segundo elas, o relato do pecado original seria introduzido no interesse do patriarcado como uma peça de culpabilização das mulheres para arrebatar-lhes o poder e consolidar o domínio do homem.
Os ritos e os símbolos sagrados do matriarcado teriam sido diabolizados e retroprojetados às origens na forma de um relato primordial, com a intenção de apagar totalmente os traços do relato feminino anterior. O atual relato do pecado original coloca em xeque os quatro símbolos fundamentais do matriarcado.
O primeiro símbolo atacado é a mulher em si que na cultura matriarcal representava o sexo sagrado, gerador de vida. Como tal ela simbolizava a Grande-Mãe. Agora é feita a grande sedutora.
No segundo, desconstrói-se o símbolo da serpente que representava a sabedoria divina que se renovava sempre como se renova a pele da serpente.
No terceiro, desfigura-se a árvore da vida, tida como um dos símbolos principais da vida, gestada pelas mulheres, agora colocada sob o interdito:”não comais nem toqueis de seu fruto”(3,3).
No quarto, se distorce o caráter simbólico da sexualidade, tida como sagrada, pois permitia o acesso ao êxtase e ao conhecimento místico, representada pela relação homem-mulher.
Ora, o que faz o atual relato do pecado original? Inverte totalmente o sentido profundo e verdadeiro desses símbolos. Desacraliza-os, diaboliza-os e transforma o que era bênção em maldição.
A mulher é eternamente maldita, feita um ser inferior. sedutora do homem que “a dominará”(Gen 3,16). O poder de dar a vida será realizado entre dores (Gn 3,16).
A serpente será maldita, feita inimigo fidagal da mulher que lhe ferirá a cabeça mas que será mordida no calcanhar (Gn 3,15).
A árvore da vida e da sabedoria cái sob o signo do interdito. Antes, na cultura matriarcal, comer da árvore da vida era se imbuir de sabedoria. Agora comer dela significa perigo letal (Gn 3,3).
O laço sagrado entre o homem e a mulher é substituido pelo laço matrimonial, ocupando o homem o lugar de chefe e a mulher de dominada (Gn 3,16).
Aqui se operou uma desconstrução profunda do relato anterior, feminino e sacral. Hoje todos somos, bem ou mal, reféns do relato adâmico, antifeminista e culpabilizador como está no Gênesis.
Por que escrever sobre isso? É para reforçar o trabalho das téologas feministas que nos apontam quão profundas são as raízes da dominação das mulheres. Ao resgatarem o relato mais arcaico, feminista, elas visam propor uma alternativa mais originária e positiva na qual apareça uma relação nova com a vida, com os gêneros, com o poder, com o sagrado e com a sexualidade.
Leonardo Boff escreveu com Rose Marie Muraro o livro “Feminino&Masculino”, Record 2010.

Clipping de notícias

Em Questão, via e-mail

 
QUARTA-FEIRA
30 DE MARÇO DE 2011EDIÇÃO 1253
Notas
         
      
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TV NBR


 
Universidades públicas vão elaborar questões para prova do Enem
A partir deste ano, instituições públicas de ensino superior vão participar da elaboração do banco de itens da prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Chamada pública convocando instituições interessadas em elaborar e revisar itens para a prova foi publicada no Diário Oficial da União (D.O.U) da última segunda-feira (28). As universidades federais, estaduais e municipais, além dos institutos federais de Educação Profissional podem se cadastrar para participar do edital. Antes, as questões do Enem eram feitas por professores ou especialistas contratados diretamente para a tarefa. O investimento nesse projeto será de R$ 100 milhões. Leia mais
Brasil busca ampliar comércio com a China
Cerca de 300 empresários brasileiros de diversos setores vão integrar a comitiva que estará na China entre os dias 11 e 15 de abril. Um dos principais objetivos da missão é aumentar e diversificar a pauta de exportação do Brasil, que no ano passado rendeu R$ 335,3 bilhões para o país. A China é hoje a segunda economia mundial e principal parceiro brasileiro no mundo. Órgãos governamentais trabalham nos preparativos para a viagem. A Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex), por exemplo, desde terça-feira (29) realiza em São Paulo um encontro preparatório com um grupo de empresários interessados em iniciar ou ampliar intercâmbios comerciais com a China. O evento vai até esta quarta-feira (30). Leia mais
Luto de sete dias pela morte de José Alencar
A Presidência da República decretou luto oficial de sete dias pela morte do ex-vice-presidente José Alencar, falecido na terça-feira (29), em São Paulo, de falência múltipla de órgãos, em decorrência de câncer. O corpo será velado a partir desta quarta-feira (30), no Palácio do Planalto, com horas de chefe de Estado. A presidenta da República, Dilma Rousseff, retorna de Portugal para acompanhar o velório. Dilma Rousseff afirmou que o ex-vice-presidente deixará uma “marca na vida de cada um de nós”. O presidente em exercício, Michel Temer, ressaltou que José Alencar foi exemplo de luta, perseverança e superação para todos os brasileiros.
 

terça-feira, 29 de março de 2011

Portugal homenageia um grande brasileiro

Via Tudo em cima
Lula homenageado em Lisboa e Coimbra
- Por Domingos G. Serrinha, Correspondente Brasil

Dilma acompanha Lula na cerimônia
O ex-presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva vai receber hoje na Assembleia da República, em Lisboa, o Prémio Norte-Sul, atribuído pelo Centro Norte-Sul do Conselho da Europa. A homenagem, que Lula receberá ao lado de Louise Arbour, presidente do International Crisis Group, a outra galardoada, antecederá outra importante distinção, a de doutor honoris causa pela Universidade de Coimbra.

O Prémio Norte-Sul distingue anualmente personalidades que, pela sua acção e exemplo, contribuem para a promoção da solidariedade e interdependência mundiais. Lula foi escolhido este ano, segundo o Centro Norte-Sul, pelo dinamismo que imprimiu às relações Sul-Sul e por ter conduzido uma política externa apostada em promover à escala mundial a luta contra a pobreza, o desenvolvimento económico e a igualdade social.

Amanhã, Lula receberá em Coimbra o doutoramento honoris causa pela Faculdade de Direito, uma honra que, há anos, seria inimaginável para um operário pobre e pouco instruído. Um dos símbolos dessa ligação definitiva que Lula passará a ter com uma das mais antigas universidades europeias é um anel de ouro português. Criado pelo joalheiro António Cruz, o anel, maior do que o usual para estes casos, tem 13 gramas de ouro e um rubi cor de sangue de pombo, remetendo para as insígnias vermelhas do Direito.

A seu lado, amanhã, Lula terá outra mulher que faz história no mundo, a actual presidente do Brasil. Dilma Rousseff efectua uma visita de três dias a Portugal, a convite do homólogo Cavaco Silva. A presidente visita hoje, a título particular, a Universidade Coimbra, estando também presente amanhã na cerimónia de doutoramento do seu antecessor. De regresso a Lisboa, Dilma encontra-se com o presidente da República e com o primeiro-ministro José Sócrates.
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José Alencar, o vice-presidente de Lula, morre ao 79 anos

Via Portal Luis Nassif

A morte de José Alencar

Do Terra
VAGNER MAGALHÃES
Direto de São Paulo
Morreu às 14h41 desta terça-feira, aos 79 anos, o empresário mineiro e ex-vice-presidente da República José Alencar (PRB), no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. De acordo com nota oficial da instituição, Alencar morreu em decorrência de câncer - doença contra a qual lutava desde 1997 - e falência de múltiplos órgãos. Assinam o documento o doutor Antonio Carlos Onofre de Lira, diretor técnico do hospital, e o doutor Paulo Ayrosa Galvão, diretor clínico.
O ex-vice foi internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) na segunda-feira, com um quadro de suboclusão intestinal, em "condições críticas". Ele havia recebido alta em 15 de março, após uma internação de mais de um mês na instituição devido a uma peritonite (inflamação da membrana que reveste a cavidade abdominal) por perfuração intestinal.
Nascido em 17 de outubro de 1931, José Alencar foi o 11º filho de um total de 15 do casal Antônio Gomes da Silva e Dolores Peres Gomes da Silva. O ex-vice-presidente nasceu em um povoado às margens de Muriaé, cidade de 100.063 mil habitantes no interior de Minas Gerais. José Alencar era casado com Mariza Campos Gomes da Silva e deixou três filhos reconhecidos: Josué Christiano, Maria da Graça e Patrícia.
Ele começou a trabalhar aos 7 anos, no balcão da loja do pai. Em 1946, aos 15, deixou a casa da família, na zona rural, para trabalhar como balconista em uma loja de tecidos da cidade. Dois anos depois, em maio de 1948, José Alencar mudou-se para Caratinga, onde conseguiu emprego como vendedor. Ao completar 18, em 1950, Alencar abriu seu próprio negócio, com a ajuda de um dos irmãos. Em 1967, em parceria com o empresário e deputado Luiz de Paula Ferreira, fundou, em Montes Claros (MG), a Companhia de Tecidos Norte de Minas (Coteminas), hoje um dos maiores grupos industriais têxteis do País.
Nos anos seguintes, José Alencar foi presidente da Associação Comercial de Ubá, diretor da Associação Comercial de Minas, presidente do Sistema Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais e vice-presidente da Confederação Nacional da Indústria.
Estabelecido no setor empresarial, candidatou-se para o governo de Minas em 1994 e, em 1998, disputou uma vaga no Senado Federal, elegendo-se por Minas Gerais com quase 3 milhões de votos. No Senado, foi presidente da Comissão Permanente de Serviço de Infraestrutura, membro da Comissão Permanente de Assuntos Econômicos e membro da Comissão Permanente de Assuntos Sociais.
Embora tenha se caracterizado como a principal voz dissonante do governo Lula em relação à política de juros ao longo dos oito anos de mandato, sua inclusão na chapa de Luiz Inácio Lula da Silva em 2002 foi decisiva para que o petista conquistasse o apoio do empresariado e, pela primeira vez, a Presidência do País.
A presença de Alencar foi decisiva na vitória de Lula ao angariar o apoio do empresariado, desconfiado com a possibilidade de um presidente da República sindicalista. Em 2004, Alencar passou a acumular a vice-presidência com o cargo de ministro da Defesa, função que exerceu até março de 2006. Em 2007, assumiu o segundo mandato como vice-presidente após ser reeleito, novamente, ao lado de Lula.
Alencar se desligou do Partido Liberal (PL) em 29 de setembro de 2005, após a crise envolvendo o nome de seu sobrinho Daniel Freitas, um dos fundadores da DNA Publicidade e falecido em 2002. A DNA, que tem como sócio o empresário Marcos Valério Fernandes de Souza, foi investigada por suposto envolvimento no escândalo do mensalão. Ainda em 2005, juntamente com outros ex-membros do PL, Alencar participou da fundação de um novo partido: o Partido Republicano Brasileiro (PRB).
No tempo em que ocupou o cargo de vice-presidente, José Alencar ganhou os títulos de cidadão honorário dos Estados do Rio Grande do Norte, Paraíba, Sergipe, do Distrito Federal e de 53 municípios brasileiros, sendo 51 deles em Minas Gerais.
Juros
Desde o início do primeiro mandato, o empresário foi voz discordante da política econômica do governo Lula, comandada então pelo ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci. Mudou o titular da pasta, assumiu Guido Mantega, mas não o discurso de Alencar. Ao longo de oito anos, sua posição pela queda na taxa de juros foi tão ferrenha que se tornou uma marca registrada.
Tanto que, ao comentar o bom estado de saúde do então vice após a cirurgia de 17 horas a que ele se submeteu em janeiro de 2009 - a mais complexa que enfrentou na luta contra o câncer -, o então presidente Lula afirmou, em tom de brincadeira: "tenho certeza de que a primeira palavra dele será para pedir a redução da taxa de juros".
Câncer
Alencar lutou contra o câncer desde 1997, quando, após um check-up, foi encontrado um tumor no rim direito e outro no estômago, retirados naquele mesmo ano. Em 2000, uma nova cirurgia retirou um tumor na próstata. Depois da remoção de outros nódulos no abdome, Alencar foi diagnosticado com câncer no intestino.
Em janeiro de 2009, ele enfrentou cerca de 17 horas de operação para a retirada de nove tumores na região abdominal. Na mesma cirurgia, os médicos retiraram parte do intestino delgado, outra do intestino grosso e uma porção do ureter, canal que liga o rim à bexiga. Alencar chegou a ficar internado 22 dias após a operação.
Reconhecimento de paternidade
Alencar morreu em meio a um polêmico reconhecimento de paternidade disputado na Justiça. Em julho de 2010, a Justiça de Caratinga (MG) concedeu à professora Rosemary de Morais, 55 anos, o direito de ser reconhecida como filha do empresário. Ela seria fruto de um relacionamento com uma enfermeira, na década de 50.
Alencar se recusou a fazer o teste de DNA e sua defesa contestou a decisão. Em setembro do mesmo ano, o então vice-presidente obteve no Tribunal de Justiça de Minas uma liminar para impedir o uso do sobrenome e a mudança do registro de nascimento da professora. O recurso ainda será analisado pela corte.
Internação antes do 2° turno e infarto
Alencar foi internado no hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, no dia 25 outubro de 2010, a menos de uma semana do segundo turno das eleições. O ex-vice deu entrada na instituição com quadro de suboclusão intestinal, um entupimento parcial do intestino. Por estar hospitalizado, Alencar não pôde registrar seu voto no pleito, que encerrou com a vitória da petista Dilma Rousseff.
No dia 11 de novembro, Alencar se sentiu mal no hospital e foi diagnosticado um infarto agudo do miocárdio. Ele foi submetido a um caterismo, mas os médicos não encontraram obstruções arteriais importantes. O então vice ficou internado até 18 de novembro.
Hospitalizado, Alencar perde posse de Dilma Rousseff
Após outra internação e da 16ª cirurgia no final de novembro, Alencar voltou ao Sírio-Libanês em 22 de dezembro de 2010, com um sangramento intestinal grave. Apesar dos procedimentos que controlaram a hemorragia e da insistência do então vice em acompanhar a transmissão de cargo de Lula para Dilma Rousseff, os médicos não permitiram a viagem até Brasília.
Homenagem no aniversário de São Paulo
Em 25 de janeiro de 2011, quando a capital paulista completou 457 anos, Alencar recebeu a Medalha 25 de Janeiro, uma homenagem da prefeitura, das mãos da presidente Dilma Rousseff. O ex-vice deixou o hospital, com autorização da equipe médica, somente para a cerimônia.
Visivelmente emocionado, Alencar afirmou que fazia um discurso "de coração" e que está "vencendo as dificuldades". "Eu tinha um texto preparado no bolso, mas resolvi falar do coração. Ainda que (as dificuldades) sejam fortes, estamos vencendo. Quem fica num hospital esse tempo (90 dias, segundo seus cálculos), tem muitas reflexões... Se eu morrer agora, é um privilégio, porque é tanta gente torcendo por mim... Se eu morrer agora, tá bom demais", disse. O evento contou com a presença do ex-presidente Lula. 
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