sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

UM FELIZ 2011. PAZ, SAÚDE E FELICIDADE PARA TODOS NÓS.


Mensagem - Foto 


Aprendemos que, por pior que seja um problema ou situação, sempre existe uma saída.

Aprendemos que é bobagem fugir das dificuldades. Mais cedo ou mais tarde, será preciso tirar as pedras do caminho para conseguir avançar.
Aprendemos que perdemos tempo nos preocupando com fatos que muitas vezes só existem na nossa mente.
Aprendemos que é necessário um dia de chuva para darmos valor ao Sol, mas se ficarmos expostos muito tempo, o Sol queima.
Aprendemos que heróis não são aqueles que realizam obras notáveis, mas os que fizeram o que foi necessário e assumiram as conseqüências dos seus atos.
Aprendemos que, não importa em quantos pedaços nosso coraçãoestá partido, o mundo não pára para que nós o consertemos.
Aprendemos que, ao invés de ficar esperando alguém nos trazer flores, é melhor plantar um jardim.
Aprendemos que amar não significa transferir aos outros a responsabilidade de nos fazer felizes. Cabe a nós a tarefa de apostar nos nossos talentos e realizar os nossos sonhos.
Aprendemos que o que faz diferença não é o que temos na vida, mas QUEM nós temos. E que boa família são os amigos que escolhemos.
Aprendemos que as pessoas mais queridas podem às vezes nos ferir. E talvez não nos amem tanto quanto nós gostaríamos, o que não significa que não amem muito, talvez seja o máximo que conseguem. Isso é o mais importante.
Aprendemos que toda mudança inicia um ciclo de construção, se você não esquecer de deixar a porta aberta.
Aprendemos que o tempo é precioso e não volta atrás. Por isso, não vale a pena resgatar o passado. O que vale a pena é construir ofuturo.
O nosso futuro ainda está por vir. 
Então aprendemos que devemos descruzar os braços e vencer o medo de partir em busca dos nossos sonhos.

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Políticas públicas podem ampliar participação de mulheres em cargos de poder e decisão

Via blog do Favre

"Cotas aceleram processos para atingir paridade"


Para secretária, políticas públicas podem ampliar participação de mulheres em cargos de poder e decisão

Daniel Bramatti – O Estado de S.Paulo

A instituição de cotas por gênero poderia acelerar a incorporação de mão de obra feminina nos níveis mais altos da administração pública, afirma Sônia Malheiros Miguel, secretária de Articulação Institucional da Secretaria de Políticas para Mulheres, órgão vinculado à Presidência da República.
Por que há poucas mulheres nos cargos mais altos da administração federal?
É o famoso teto de vidro, cuja existência já foi constatada em vários estudos. As mulheres vão até um certo patamar e, quando se trata de cargos de poder e de mais evidência, ficam em segundo plano. Hoje em dia, apesar de terem diminuído muito, ainda há discursos conservadores de que o lugar da mulher é em casa e não na vida pública. Na hora da ocupação de espaços de poder e decisão é que se vê que essa questão ainda se coloca de uma maneira muito forte.
De onde vêm as resistências?
Para as mulheres ocuparem esses espaços de poder e decisão, homens terão de sair. A resistência para largar lugares de poder é muito evidente. Quem está no poder não quer sair. Em todas as áreas da vida brasileira isso se coloca – no Executivo, no Legislativo, nas empresas. Nas esferas mais baixas de gestão ou direção há mais equilíbrio, e, à medida que vai aumentando o poder, as mulheres vão diminuindo.
Há avanços?
Avançamos muito na questão educacional. As mulheres são maioria nas universidades e são mais instruídas. No mercado de trabalho, estamos par a par com os homens, ainda que tenhamos problemas na questão salarial. A ocupação dos espaços de poder é a grande barreira que tem de ser vencida pelas mulheres no século 21. As mulheres já demonstraram sua capacidade intelectual e de força de trabalho. O que explica a barreira na ocupação dos espaços de poder é a introjeção quase atávica dessa visão conservadora de que o lugar da mulher não é na vida pública.
Como a eleição de uma mulher para a Presidência afeta esse quadro?
A decisão da presidente eleita de ampliar o número de mulheres no mais alto escalão do governo já é um dado importante em relação a isso. Nunca houve tantas mulheres indicadas como ministras. A fala da presidente logo depois de eleita, colocando esse tema no primeiro parágrafo de seu discurso – “sim, as mulheres podem”, parafraseando o presidente Barack Obama -, indica uma vontade política que pode e deve repercutir positivamente no preenchimento de outros cargos no governo e mesmo em outras áreas da sociedade brasileira.
O estabelecimento de cotas por gênero seria uma solução ou isso problematizaria ainda mais a questão?
O que entendemos como correta é a noção de paridade na ocupação de espaços de poder de decisão. Sou pessoalmente favorável à política de cotas. Ela acelera processos. Mesmo quando há resistências, o clamor e o debate que ela traz para a sociedade é positivo, porque isso coloca em pauta um assunto que normalmente é ignorado. A incorporação das mulheres de uma maneira plena à vida social é irreversível no Brasil. Podemos ver que a sociedade se organiza nesse sentido. Mas essa incorporação pode ser feita de uma maneira mais lenta ou pode ser acelerada com políticas públicas.

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

2010 foi intenso. 2011 é logo ali!

Via Blog do Miro

2010: ano dos blogs sujos e do Sujinho

Reproduzo artigo de Rodrigo Vianna, publicado no blogEscrevinhador:

Esse foi dos anos mais duros – e mais ricos – na minha vida de jornalista, blogueiro e cidadão.

Fui a Johannesburgo, no meio de 2010, cobrir a Copa do Mundo. Adorei ver de perto a engrenagem do futebol – essa mega empresa mundial. E adorei, sobretudo, conhecer a África – ainda que de forma limitada, com as lentes embaçadas pelo espetáculo da bola.

Muitas lembranças boas ficaram.

Uma tarde de rugby no Soweto – o bairro negro tomado pelos torcedores brancos! Negros abriram suas casas para os brancos – muitos nunca tinham pisado ali. Cena inusual. Emoção verdadeira.

Depois, a boa conversa com a bailarina que, durante o apartheid, dava aula de dança para negros e brancos, desafiando o regime racista. Detalhe: a bailarina era judia, ouvira do pai o que significava viver em guetos. Resistiu com a dança.

A visita ao Cabo da Boa Esperança, ou Cabo das Tormentas. As histórias de navegantes portugueses sempre me emocionam. Mar bravio, terrível. Paisagem maravilhosa. E a Cidade do Cabo tão linda. Quero voltar pra lá em breve.

Foram 50 dias longe de casa. E antes disso o ano já tinha sido cheio. De coisas boas. E de alguns sustos na vida familiar (já superados).

No primeiro semestre, fundamos o Centro de Estudos Barão de Itararé. Idéia do Altamiro Borges. Quando ele me ligou, no fim de 2009, com o convite para que eu entrasse na diretoria do Barão, cheguei a desdenhar: “Mas, Miro, pra que outra entidade na área de comunicação?” Ele me convenceu. E o Barão já fez muito. Foi no lançamento do instituto que surgiu a idéia de organizar um Encontro Nacional de Blogueiros. Idéia do Azenha – que viu esse movimento florescer nos Estados Unidos. E nós botamos em prática aqui no Brasil.

Foi uma delícia organizar o encontro. Primeiro, pelas reuniões. Todas elas no glorioso “Sujinho”, o bar-restaurante paulistano. Serra deve ter ficado sabendo, por isso resolveu chamar (acusar?) os blogueiros de ”sujos”. Assumimos o apelido, como uma medalha!

Mas o melhor foi ver o evento acontecer em São Paulo, no mês de agosto. 300 e tantos blogueiros de 19 estados. Uma trabalheira organizar isso tudo. Mas uma delícia conhecer tanta gente boa.

Logo depois,a pauleira da eleição. A mais suja da história: e aí a culpa não foi nossa. Era bola cantada. O embate entre Serra e Aécio já fora sujíssimo (todo mundo conhece os bastidores: dossiês, ameaças, “pó parar, governador” etc e tal). Quando Dilma disparou nas pesquisas, em agosto, era só esperar. Serra não decepcionou quem conhecia a fama dele – desde os anos 80. Foi uma campanha tensa, a mexer com os nervos e o estômago de qualquer um.

Tive a o orgulho e a felicidade de participar das batalhas – ajudando a desmontar farsas, e a iluminar um pouco o caminho: a bolinha de papel, o aborto, a gráfica dos panfletos…

Naquele sábado em que os panfletos foram encontrados em São Paulo, passei a madrugada com mais dois companheiros internéticos fuçando arquivos e documentos que ajudaram a descobrir a verdade: a gráfica pertencia à irmã de um dos coordenadores de campanha de Serra. Foi furo nosso, da blogosfera, e o Escrevinhador deu a história em primeira mão!

Tenho orgulho também de ter dito, três semanas antes do primeiro turno, que a bala de prata não era uma só. Mas uma sequência de balas. Dilma – que se preparara pra responder aos ataques sobre o passado de guerrilheira – não percebera o trabalho sujo feito nas igrejas, nos púlpitos, no boca a boca que disseminou o medo e o ódio religioso. Aqui no blog, gastei o verbo falando sobre isso. É a força da internet. Leitores de várias partes do país me avisavam: olha, a coisa está feia nas igrejas. Simplesmente registrei e dei o alerta. Mas a campanha de Dilma só acordou na última semana do primeiro turno, quando o estrago já estava feito.

Aí veio o segundo turno. Horrível. Mas com momentos hilários – como a tentativa de Serra de virar um Lacerda. Em vez de tiro no pé, levou bolinha de papel na cabeça. De todo jeito, foi tiro no pé.

A vitória de Dilma foi importante. Histórica. Todos os grandes jornais alinhados com o adversário, a Globo com o adversário… E Dilma ganhou. Derrotou Serra, derrotou a direita religiosa. Mas derrotou também Ali Kamel, Otavinho e o bando tresloucado de colunistas de “Veja”, “Estadão” e adjacências.

O que não deve nublar a verdade: o PT tentou ganhar sem fazer política. Tentou ganhar no embalo da popularidade de Lula. Quem politizou a eleição de 2010 foi Serra. Pela direita. Obrigando (?!) Dilma a buscar apoio da militância no segundo turno.

O Brasil conheceu uma nova direita. Parte da velha classe média tem medo e raiva – e a velha imprensa espelha esse setor. Mas a nova classe média – gestada na era Lula – nasceu já conservadora. A médio prazo, a equação pode não fechar para a esquerda. Isso ficou claro na campanha dominada por aborto, bispos, padres, pastores e reuniões com milicos de pijama.

O PT mostrou-se uma máquina eleitoral: cada vez mais afastado do “voto de opinião” e das antigas bases. Elegeu bancada forte, com apoio do prestígio de Lula. Mas abriu mão de sustentar valores de esquerda. Essa omissão (ou opção) pode custar caro mais tarde. Mas esse é tema para outros textos…

Novembro ainda foi mês cheio de emoções: a entrevista de Lula aos blogueiros foi histórica. Um marco que muitos não entenderam. “O Globo” entendeu, e desceu o sarrafo, passou recibo com chamada em primeira página. Algo se moveu na comunicação.

Tive a alegria, também, de ver uma série de reportagens sobre sítios clandestinos de tortura ser premiada pelo Movimento de Direitos Humanos, de Porto Alegre. Foi trabalho árduo: começou antes da Copa, e enquanto eu estava na África correndo atrás do Dunga uma equipe grande da TV Record seguia apurando e produzindo -com destaque para Luiz Malavolta e Tony Chastinet.

No mesmo ano, o trabalho na TV me deu a alegria de ir à Copa e de recontar um pedaço perdido da história da ditadura. Nada mal. Sem falar em mais uma meia dúzia de séries de reportagens especiais e de entrevistas (na “Record News”) das quais – quase sempre – só tenho motivos para orgulho.

2010 foi também o ano em que passei a escrever para a revista “Caros Amigos”. Estreei a coluna “Tacape” no mês em que meu ídolo -o doutor Sócrates – era capa da revista. E o mais curioso: o “colega de página” era Fidel Castro. Que responsa!

Cheguei a dezembro quase sem gás. Tirei uma semanade férias no Uruguai. Visitei as ruas, os cafés e as livrarias de Montevidéu, conheci praias lindas e travei de novo contato com a prosa e a poesia de Mario Benedetti. Um respiro, ao lado de minha mulher.

Quando voltei ao Brasil, havia se instalado um pandemônio na blogosfera. Tiroteio geral. Mais desgaste… A crise passou, felizmente. Mas o ano não terminou.

Descanso agora em São Paulo - a cidade está estranhamente vazia, uma delícia. Mas, no dia 30, pego o avião pra cobrir a posse de Dilma e a despedida de Lula – para a Record. De lá, pretendo atualizar o blog com as impressões do dia primeiro de janeiro. A era Lula acabou. Acabou? tenho dúvidas…

Obrigado a todos os leitores que fizeram o Escrevinhador explodir de audiência em 2010. Especialmente em outubro – quando passamos de 1 milhão de “páginas vistas” e batemos em 600 mil visitantes. O blog saiu do ar duas vezes: uma por ataque de hackers; a outra por excesso de tráfego!

Obrigado aos que me ajudam a fazer o blog, especialmente ao Leandro Guedes e à Juliana Sada – além dos colunistas e amigos mais próximos.

2010 foi intenso. Só comparável a 1989, quando eu ainda era um estudante e militante nas ruas – sem internet, com mais esperanças e também com mais ilusões. Daquela vez, senti o gosto da derrota. Dessa vez, sinto-me vitorioso – como tantos brasileiros. Mas sem ilusões. O que talvez seja uma vantagem.

Até 2011. É logo ali!

Petrobras batiza Tupi de Lula e anuncia reservas de 8,3 bi no bloco BM-S-11

Via Terror do Nordeste

Uma justa homenagem

Petrobras batiza Tupi de Lula e anuncia reservas de 8,3 bi no bloco BM-S-11


A área de Tupi teve sua comercialidade declarada nesta quarta-feira pela Petrobras e os sócios Galp e BG. O novo campo será denominado Lula, e tem reservas estimadas em 6,5 bilhões de barris de petróleo e gás recuperáveis. Tupi era o nome provisório da área descoberta. Após a declaração de comercialidade, os campos recebem nomes de formas marinhas.

A área vizinha de Iracema também foi certificada. Batizada de Cernambi, tem 1,8 bilhão de barris de óleo e gás. Os campos de Lula e Cernambi fazem parte do bloco BM-S-11, e juntos, somam reservas de 8,3 bilhões de barris de óleo equivalente (petróleo e gás).

Quando um consórcio declara comercialidade, ele anuncia que a produção naquele campo é viável em escala comercial. Depois da declaração de comercialidade, as reservas do campo são integradas ao portfólio da companhia.

O BM-S-11 começou a ser perfurado em outubro de 2006. A área de Tupi foi a primeira grande descoberta do pré-sal. Anunciada no final de 2007, foi a partir dela que o governo identificou o grande potencial da nova fronteira exploratória brasileira. Desde então, os leilões na camada pré-sal foram suspensos e um novo marco regulatório para o setor foi desenvolvido, e sancionado na semana passada pelo presidente Lula.

A Petrobras tem 65% do consórcio, sendo a operadora do bloco. A britânica BG tem 25%, com os 10% restante a cargo da portuguesa Galp.

PRODUÇÃO

A Petrobras anunciou na última segunda-feira (27) que a sua produção de petróleo subiu 4,7% em novembro, para 2.030.924 barris/dia, na comparação com outubro. O número corresponde ainda a um aumento de 2% na comparação com o mesmo mês do ano passado. Esse resultado sinaliza uma produção sustentável acima de 2 milhões de barris diários, marca atingida por poucas empresas de petróleo no mundo.

O crescimento do volume extraído, segundo a estatal, se deve à normalização dos níveis de produção de dez plataformas da Bacia de Campos que estavam em manutenção periódica no mês anterior.

Além disso, o início de produção do Piloto de Tupi, no pré-sal da Bacia de Santos, no final do mês de outubro e a entrada de mais um poço produtor na plataforma P-40, no campo de Marlim Sul, na Bacia de Campos, também contribuíram.

Considerados também os campos no exterior, a produção total de petróleo e gás natural da Petrobras atingiu a média diária de 2.620.347 barris de óleo equivalente diários em outubro. O volume indica um aumento de 2,5% sobre o mesmo mês de 2009 e de 3,4% em relação à produção global da Petrobras no mês anterior, quando foram produzidos 2.534.274 barris diários.

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Nunca antes na História deste país se combateu tanto a corrupção

Via Terror do Nordeste

Governo Lula:nunca antes na História deste país se combateu tanto a corrupção

Desafio é ampliar o combate à corrupção
Autor(es): Edson Luiz


Correio Braziliense - 27/12/2010


Nos últimos anos, PF e CGU intensificaram ações voltadas ao desvio de dinheiro público. Novo governo terá que acelerar as ações para evitar rombos que chegam a bilhões de reais

No início de 2004, quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva começava seu segundo ano à frente do Palácio do Planalto, um escândalo abalou o governo e a sociedade. Era o primeiro grande caso de corrupção envolvendo um integrante da gestão petista. O então subchefe de Assuntos Parlamentares da Presidência da República, Waldomiro Diniz, foi acusado de receber pagamentos de propina na época em que atuou à frente da Loteria do Estado do Rio de Janeiro (Loterj), autarquia do governo fluminense.

Ligado ao então ministro da Casa Civil, José Dirceu, Waldomiro foi o “pioneiro” dos escândalos durante a era Lula, que tiveram seu ápice no episódio do mensalão — quando o próprio Dirceu e uma leva de autoridades do primeiro escalão caíram — e, coincidentemente, terminaram onde tudo começou, na Casa Civil, com a queda da ex-ministra Erenice Guerra, acusada, entre outras irregularidades, de tráfico de influência.

Apesar das nódoas no currículo, a gestão de Lula deixa um legado positivo no combate à corrupção na administração pública. Nos últimos oito anos, a Polícia Federal e a Controladoria-Geral da União (CGU) realizaram em torno de 180 ações conjuntas, investigando 1,5 mil servidores suspeitos de corrupção. Só a PF foi responsável por outras 320 operações, prendendo 1,88 mil funcionários, sendo 100 deles de seus próprio quadros.

Em 20 investigações especiais, o governo conseguiu deter esquemas que chegaram a desviar quase R$ 3 bilhões somente entre 2006 e 2010, conforme mostrou levantamento feito pelo Correio no mês passado. Dinheiro suficiente, segundo o balanço, para construir mais de 75 mil casas populares e 3,2 mil escolas. Em alguns casos, os valores desviados em um único esquema ultrapassavam R$ 700 milhões, como verificou a PF ao analisar transferências da União para municípios nas áreas de saneamento e habitação. O caso deflagrou a Operação João de Barro, que resultou em 38 prisões em oito estados, em junho de 2008.

Outro fato marcante foi a prisão de dois governadores em pleno exercício de seus respectivos mandatos — José Roberto Arruda (sem partido, ex-DEM-DF), e João Paulo Dias (PP-AP) —, fato inédito na história do país (veja matéria ao lado).

Empenho do Estado


“Hoje, a corrupção não é só caso de polícia. O Estado está se empenhando muito no combate a esse tipo de crime”, afirma o diretor-geral da PF, Luiz Fernando Corrêa. “Foi estabelecida uma parceria inédita entre CGU, PF e Ministério Público, e implantou-se um sistema de corregedorias que pune os corruptos com a perda de cargos enquanto não se consegue levá-los à prisão, porque isso depende de decisão judicial”, acrescenta o ministro-chefe da CGU, Jorge Hage. Ele foi um dos mais críticos quanto à demora da Justiça em dar soluções para casos de irregularidades envolvendo agentes públicos.


Cerco fechado

Conheça algumas das mais recentes ações realizadas pela PF e pela CGU no combate à corrupção

Taturana (AL)


Investigou o desvio de R$ 280 milhões do orçamento da Assembleia Legislativa de Alagoas. As apurações identificaram 14 deputados envolvidos no esquema.

Mãos Limas (AP)


Investiga o desvio de R$ 820 milhões de várias áreas, principalmente educação e saúde. O governador do Amapá, Pedro Paulo Dias, chegou a ser preso pela PF.

Caixa de Pandora (DF)


Investiga irregularidades em torno de R$ 100 milhões. Envolveu o governador José Roberto Arruda e deputados distritais.

Navalha (vários estados)


Apurou supostos desvios de R$ 170 milhões.

Hygeia (MT)


Teve por objetivo estancar o desvio de recursos federais em vários municípios de Mato Grosso. O prejuízo aos cofres públicos passa de R$ 50 milhões.

Borduna (RO)


Desarticulação de organização criminosa que desviava recursos públicos repassados pelo Ministério da Saúde. Prejuízo aos cofres públicos: R$ 2,1 milhões.

Mão Dupla (CE)


Combateu esquema de fraude em licitações e desvio de verbas em obras de infraestrutura rodoviária realizadas pelo Dnit regional.

Parceria (PR)


Desarticulação de esquema de desvio de recursos públicos federais praticados por meio de entidade privada no Paraná. Cerca de R$ 300 milhões teriam sido desviados.

Fumaça (CE)


Desvio de recursos do Ministério da Saúde para obras de saneamento em municípios do Ceará. O prejuízo aos cofres públicos chegou a R$ 25,9 milhões.

Vassoura de Bruxa (BA)


Investigação de procedimentos ilegais que permitiam o desvio de recursos de verbas federais, nas áreas de educação e medicamentos em 31municípios
da Bahia.

Pororoca (AP)


Apurou irregularidades em obras nos municípios de Macapá, Oiapoque e Santana.


Pendências

Orçamento


Manter o orçamento da Polícia Federal e aumentar os recursos para a CGU

Servidores


Aumentar o número de auditores, principalmente na CGU e na Receita Federal

Projetos


Priorizar no Congresso a aprovação de um projeto de lei que responsabiliza pessoas jurídicas por atos de corrupção contra a administração pública para atender às convenções internacionais e aprovar no Senado o projeto que regulamenta o direito de acesso à informação de quaisquer documentos em poder dos órgãos públicos. A proposta já foi aprovada na Câmara

Enccla


Manter as reuniões anuais da Estratégia Nacional de Combate à Corrupção e Lavagem de Dinheiro (Enccla), que define as políticas para o setor a serem desenvolvidas a cada ano por diversos órgãos públicos


Governadores no paredão

Duas grandes investigações da Polícia Federal resultaram em prisões até então inéditas no país: de governadores em exercício. No Distrito Federal, José Roberto Arruda (sem partido, ex-DEM); e no Amapá, Pedro Paulo Dias (PP). Outros ex-dirigentes estaduais já haviam sido detidos pela PF, mas nenhum outro caso na história recente do país envolvia governadores com mandato.

Arruda ficou mais de um mês na prisão por causa das investigações feitas durante a Operação Caixa de Pandora, enquanto Dias esteve na carceragem por mais de duas semanas, por conta da Operação Mãos Limpas. As duas ações investigavam o pagamento de propina a servidores públicos e parlamentares.

Arruda deixou o cargo quando ainda estava na prisão, enquanto Dias, que não se reelegeu, segue no comando do estado. O amapaense foi detido ao lado do ex-governador Waldez Góes (PDT), que foi candidato ao Senado este ano, sem sucesso, e outras 16 pessoas, incluindo o presidente do Tribunal de Contas do estado, José Júlio de Miranda.

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Não adianta tentar me calar... Nunca ninguém vai abafar a minha voz! ...

Via Blog do Prof. Leandro



São milhões de Lula povoando este Brasil



Presidente Dilma tem condições de erradicar a miséria, afirma afirma do Ipea

Do Vi o Mundo

Pochmann: Presidente Dilma tem condições de erradicar a miséria

Pochmann: Brasil poderia ter superado a pobreza há 20 anos
Segunda, 27 de dezembro de 2010, 10h40
por Dayanne Sousa, em Terra Magazine
Se as políticas de desenvolvimento social tivessem acompanhado o crescimento da economia há décadas, a pobreza estaria extinta há pelo menos 20 anos, pondera o economista Marcio Pochmann. O presidente do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) avalia que a presidente Dilma Rousseff tem condições de cumprir sua principal promessa de campanha: superar a miséria.
Um estudo do Ipea divulgado no início do ano prevê que a pobreza extrema seja erradicada no Brasil até 2016.
– A possibilidade de superarmos a pobreza é algo que faz parte da agenda de superação do próprio subdesenvolvimento. O que nós estamos vendo agora é um avanço mais rápido do padrão social e por isso que o Brasil consegue ter esse indicativo de superação da pobreza nos próximos cinco ou seis anos.
Em entrevista a Terra Magazine, Pochmann destaca o desenvolvimento dos últimos anos e os programas sociais do governo Lula.
– Eu acho que nós só podemos comparar o desempenho brasileiro deste ano com o que nós vivenciamos na primeira metade da década de 70, com o chamado Milagre Econômico. Mas esse crescimento de agora tem distribuição de oportunidades.
Apesar dos elogios, ele acredita que Dilma terá desafios maiores. Entre eles, lidar com novas características da economia como o aumento da população idosa e o crescimento da importância do setor de serviços. Além disso, o ministro da Fazenda, Guido Mantega — que continuará na pasta –, já anunciou a necessidade de cortes nos gastos públicos nos próximos anos.
Para Pochmann, o corte deve ser nos gastos improdutivos, como os provocados pelos altos juros.
– Nós vínhamos num ritmo bastante acelerado, crescendo acima de 7% ao ano. E possivelmente teremos um crescimento menor para 2011. Ao redor de 5%, o que já é bastante grande olhando o período recente do Brasil. Uma coisa é o custeio, outra coisa é o investimento. Espero que essas decisões considerem o teor do investimento, que é crucial.
Leia a entrevista na íntegra.
Terra Magazine – A ascensão social e o crescimento da classe C nos últimos anos foram destacados no governo Lula. A que isso se deve?
Marcio Pochmann - Se nós olharmos ao longo do século 20, o Brasil foi uma das nações que mais cresceu do ponto de vista econômico, ampliando a base material que permitiu que deixássemos de ser um país agrícola e nos transformássemos num país industrial. A despeito desse avanço econômico, os avanços sociais foram relativamente pequenos quando a gente olha o conjunto da população. O Brasil não fez o conjunto das reformas que os outros países fizeram, não fez reforma agrária, não fez reforma social, não fez reforma tributária. É natural que sem essas reformas não pudessem ser mais bem distribuídos os ganhos que o Brasil obteve. Apesar dessa característica de um processo muito concentrador, nós sempre tivemos uma forte mobilidade social. É uma característica do capitalismo brasileiro. Mas nas décadas de 80 e 90 essa mobilidade foi reduzida. Era cada vez mais difícil que os filhos de classe média conseguissem reproduzir o padrão de seus pais. O que nós temos nesta primeira década do século 21 é a forte mobilidade social. O desafio do próximo governo é como abrir as oportunidades não apenas para a base da pirâmide social, mas também acima dos níveis intermediários.
Como assim?
Isso depende não apenas do crescimento da economia, mas do tipo e da natureza do crescimento. Porque crescer é importante, mas depende do tipo. O desenvolvimento fundado na produção de commodities permite a economia crescer, mas as oportunidades, a qualidade das ocupações é diminuta. A expansão de setores de maior valor agregado pode permitir a contratação de pessoas com salários maiores.

No final de 2009, o senhor disse em entrevista a Terra Magazine que 2010 seria o melhor ano para o Brasil. Foi, de fato?
Eu acho que nós só podemos comparar o desempenho brasileiro deste ano com o que nós vivenciamos na primeira metade da década de 70, com o chamado Milagre Econômico. Só que esse desempenho de 2010 é diferente daquele. Nós crescemos um pouco menos, mas esse crescimento de agora tem distribuição de oportunidades. Com saída da pobreza de parcela significativa da população e ampliação das oportunidades escolares. Um país que está crescendo sem depender do mercado externo, contrário do que era no Milagre Econômico. É muito mais saudável o que está acontecendo neste ano de 2010. Especialmente pelo número de empregos formais, que é uma coisa impressionante.
A presidente Dilma fez uma promessa de erradicar a miséria. Isso é possível? Como?
Quando nós falamos em nova classe média no Brasil, causamos a falsa impressão de que se trata de uma classe média com padrão de vida europeu. Isso não é verdade, estamos num país que carrega as condições de um país subdesenvolvido. A possibilidade de superarmos a pobreza é algo que faz parte da agenda de superação do próprio subdesenvolvimento. É estranho que o Brasil — já sendo a oitava economia do mundo na década de 70 — tivesse 40% da sua população vivendo na condição de pobreza. Nós poderíamos ter superado a pobreza há 20 anos. É bastante peculiar no Brasil o disparate entre a base material e econômica que o país possui e o padrão social. O que nós estamos vendo agora é um avanço mais rápido do padrão social e por isso que o Brasil consegue ter esse indicativo de superação da pobreza nos próximos cinco ou seis anos. Isso é viável. É evidente que precisa crescer e sofisticar melhor as políticas sociais, mas não é impossível.
E quais os desafios, então?
Cada vez mais a gente vem enfrentando a nova pobreza. Ela é caracterizada, em primeiro lugar, pela transição demográfica que nós estamos vivendo. Um processo acelerado de envelhecimento dos brasileiros. Infelizmente o Brasil ainda não está preparado para lidar com uma parcela significativa da população em condição de pobreza. Temos 3 milhões de pessoas com mais de 80 anos e em 2030 pode ter cerca de 20 milhões de pessoas com 80 anos ou mais. Isso significa considerar um fundo público de políticas nesse segmento e políticas de saúde nessa direção.
Também estamos vivendo uma transição do ponto de vista da organização da economia, que está cada vez mais centrada nos serviços. Isso não quer dizer que a indústria e a agricultura não sejam importantes, mas nós vamos gerar emprego é no setor de serviços. Isso pressupõe uma nova forma de olhar essas ocupações, pressupõe olhar o conhecimento como a principal forma de manejo. E nós temos problemas sérios na educação.
A necessidade já anunciada pelo ministro Guido Mantega de fazer cortes nos gastos públicos pode prejudicar os investimentos na área social?
Nós vínhamos num ritmo bastante acelerado, crescendo acima de 7% ao ano. E possivelmente teremos um crescimento menor para 2011. Ao redor de 5%, o que já é bastante grande olhando o período recente do Brasil. Uma coisa é o custeio, outra coisa é o investimento. Espero que essas decisões considerem o teor do investimento, que é crucial uma vez que o investimento é a melhor política para conter a inflação. O investimento permite ampliar a capacidade produtiva gerando mais produtos e serviços e evitando uma inflação de demanda.
O senhor acha que seja necessário reduzir os gastos públicos?
Sim. Se olharmos o gasto como um todo, incluída a despesa com juros, eu não tenho dúvida. Nós temos todas as condições de reduzir a despesa pública, especialmente aquela que é improdutiva para o país: a despesa com os juros. O Brasil está gastando de 5% a 6% do PIB. Isso é um gasto elevadíssimo, um absurdo.
A economia já cresce o suficiente para que seja possível haver ajuste fiscal sem que isso afete o crescimento da economia?
Eu acredito que nós já abandonamos essa fase de ajuste fiscal. Essa política sofreu uma derrota nas últimas três eleições. O Brasil, de uns tempos para cá, trocou o ajuste fiscal pelo desenvolvimento. O que está em jogo neste momento é: quais são as condições macroeconômicas para garantir o desenvolvimento brasileiro. As finanças públicas são o meio, não o fim. Nos anos 90, o ajuste fiscal era o fim. O governo estava organizado para o ajuste fiscal. E lamentavelmente o que nós vimos foi um aumento do endividamento público, especialmente comparado ao PIB. E o aumento da carga fiscal. Hoje o que estamos verificando é que a dívida pública caiu. E não porque teve ajuste fiscal, mas porque a produção cresceu mais rapidamente.

Magnoli ataca Assange e blogueiros

Por Miguel do Rosário, em seu blog

Eu gostaria de saber o que se passa pela cabeça do Magnoli quando fala em caráter. Deixemos, porém, a moral para os moralistas e para Deus. Respiremos fundo e analisemos esse pedaço de carne putrefata enrolado em papel jornal.
Tenho consciência do perigo que é analisar trechos de um texto. Mas é a maneira mais fácil e rápida, tanto para quem escreve quanto para quem lê. Contanto que não sejamos levianos e mantermos em mente o texto inteiro, e não somente o trecho pinçado, dá para levar adiante, sem descontextualizações injustas, uma análise equilibrada.
Portanto, ao texto!
Herói sem nenhum caráter
DEMÉTRIO MAGNOLI – O Estado de S.Paulo
Lula jamais protestou contra o monopólio da imprensa pelo governo cubano e nunca deu um passo à frente para pedir pelo direito à expressão dos dissidentes no Irã. Ele sempre ofereceu respaldo aos arautos da ideia de cerceamento da liberdade de imprensa no Brasil. Mas é incondicional quando se trata de Julian Assange: “Vamos protestar contra aqueles que censuraram o WikiLeaks. Vamos fazer manifestação, porque liberdade de imprensa não tem meia cara, liberdade de imprensa é total e absoluta.”
Magnoli realiza a proeza de ser leviano, burro e desonesto, ao mesmo tempo. Lula não comenta sobre o monopólio de imprensa pelo governo cubano assim como Obama não comenta sobre o oligopólio de imprensa no Brasil. Um estadista responsável evita meter a colher em problemas domésticos de vizinhos. A discussão sobre Cuba deve acontecer no âmbito da ONU. A mesma coisa vale para os dissidentes do Irã. Todo mundo sabe que os EUA financiam parte da dissidência iraniana. Em 24 de maio de 2010, o New York Times publicou matéria sobre uma operação clandestina do governo americano para financiar grupos dissidentes no regime dos aiatolás. Seria irresponsabilidade de Lula envolver-se nesse imbróglio onde ninguém é inocente. Aí ele dá uma piruetinha retórica e diz que Lula “sempre deu respaldo aos arautos da ideia de cerceamento da liberdade de imprensa”, uma afirmação que tem tanto valor como dizer que ele, Magnoli, sempre deu respaldo aos arautos do uso do crack para curar enxaqueca de mulher grávida…
Quanto a Julian Assange, comentaremos em seguida.
Assange é um estranho herói. No Brasil, o chefe do WikiLeaks converteu-se em ícone da turba de militantes fanáticos do “controle social da mídia” e de blogueiros chapa-branca, que operam como porta-vozes informais de Franklin Martins, o ministro da Verdade Oficial. Até mesmo os governos de Cuba e da Venezuela ensaiaram incensá-lo, antes de emergirem mensagens que os constrangem. Por que os inimigos da imprensa independente adotaram Assange como um dos seus?
Magnoli está tremendamente mal informado. Assange se converteu em ícone mundial, e não apenas para os “blogueiros chapa-branca”, chamados assim, sabemos muito bem, porque tem impedido que a propaganda conservadora pró-tucana se torne voz única na sociedade brasileira. O ódio dos colunistas aos blogueiros sujos cresce na medida em que estes ganham influência. Assage é admirado em todo planeta. Grandes artistas, jornalistas, escritores, tem se mobilizado a seu favor. Milhões de blogueiros, internautas, ativistas da rede, transformaram-no num herói justamente porque ele passou a ser perseguido pelas forças obscuras e covardes do imperialismo. Um homem sozinho contra todo um império. Não somos apenas nós, blogueiros sujos, que apoiamos Assange. Ao dizê-lo, Magnoli comete uma desonestidade intelectual grosseira.
A resposta tem duas partes. A primeira: o WikiLeaks não é imprensa – e, num sentido crucial, representa o avesso do jornalismo. O WikiLeaks publica – ou ameaça publicar, o que dá no mesmo – tudo que cai nas suas mãos. Assange pretende atingir aquilo que julga serem “poderes malignos”. No caso de tais alvos, selecionados segundo critérios ideológicos pessoais, não reconhece nenhum direito à confidencialidade. Cinco grandes jornais (The Guardian, El País, The New York Times, Le Monde e Der Spiegel) emprestaram suas etiquetas e sua credibilidade à mais recente série de vazamentos. Nesse episódio, que é diferente dos documentos sobre a guerra no Afeganistão, os cinco veículos rompem um princípio venerável do jornalismo.
Quantas mentiras em tão pouco espaço! O Wikileaks reconhece sim o direito a confidencialidade: Assange tem declaradao reiteradamente que não publica informações pessoais de ninguém. Apenas e sobretudo o que é de interesse público. Quem é Magnoli para definir quais são os critérios ideológicos corretos? Não foram apenas esses cinco jornais. No Brasil, Globo e Folha também emprestaram sua credibilidade ao vazamento. Magnoli é tão cara de pau que omite esse fato apenas para que não atrapalhe a sua argumentação tosca. Qual é o princípio venerável do jornalismo? Servir de correia de transmissão aos interesses da Casa Branca, como fez o New York Times durante os meses que antecederam a guerra no Iraque?
A imprensa não publica tudo o que obtém. O jornalismo reconhece o direito à confidencialidade no intercâmbio normal de análises que circulam nas agências de Estado, nas instituições públicas e nas empresas. A ruptura do princípio constitui exceção, regulada pelo critério do interesse público. Os “Papéis do Pentágono” só foram expostos, em 1971, porque evidenciavam que o governo americano ludibriava sistematicamente a opinião pública, ao fornecer informações falsas sobre o envolvimento militar na Indochina. A mentira, a violação da legalidade, a corrupção não estão cobertas pelo direito à confidencialidade.
A imprensa não publica tudo que obtém? Mais cara de pau! O maior prazer da imprensa brasileira é publicar informações que correm em segredo de Justiça. Chegaram a publicar conversinha do Sarney com a neta. Nos últimos anos, a promiscuidade entre a imprensa e setores da PF levaram a publicação de inúmeras gravações, muitas completamente apócrifas, mas que serviam para desgastar figuras políticas importantes e por isso integravam a estratégia partidária da imprensa.
Ao mencionar os Papéis do Pentágono, Magnoli comete outra impropriedade ridícula. Os vazamentos do Wikileaks também revelam ilegalidades, corrupção e mentiras. A decisão sobre a legalidade na publicação dos papéis do Pentágono foi tomada pela suprema corte americana, após meses de intenso debate. Magnoli quer ser arvorar agora em juíz supremo sobre a legalidade ou não da publicação dos documentos vazados pelo Wikileaks?
Interesse público é um conceito irredutível à noção vulgar de curiosidade pública. Na imensa massa dos vazamentos mais recentes, não há novidades verdadeiras. De fato, não existem notícias – exceto, claro, o escândalo que é o próprio vazamento. A leitura de uma mensagem na qual um diplomata descreve traços do caráter de um estadista pode satisfazer a nossa curiosidade, mas não atende ao critério do interesse público. O jornalismo reconhece na confidencialidade um direito democrático – isto é, um interesse público. O WikiLeaks confunde o interesse público com a vontade de Assange porque não se enxerga como participante do jogo democrático. É apenas natural que tenha conquistado tantos admiradores entre os detratores da democracia.
O que Magnoli chama de interesse público, ele mesmo e seus coleguinhas dos jornalões, chamam em outros momentos de “mão pesada do Estado”. Impressionante como a sua postura muda quando estão em jogo os interesses da Casa Branca, aí vira interesse público… Que raio de defensor da liberdade de imprensa é esse que pretende demarcar de maneira tão arbitrária o que é interesse público e o que não é? As mensagens diplomáticas onde líderes árabes pediam aos EUA que invadissem o Irã não são de interesse público? A mensagem onde a embaixada americana de Honduras afirma que o golpe ocorrido lá há dois anos foi golpe mesmo, e ilegal e antidemocrático, não é de interesse público? Quem seria o juiz para definir o que é ou não de interesse público? Os editores de jornais tem algum tipo de moral superior em relação aos funcionários do Wikileaks? Eles sabem o que é de interesse público e Assange não? E novamente Magnoli falseia a realidade ao se referir aos admiradores de Assange como “detratores da democracia”. Os admiradores de Assange são milhões e milhões em todo mundo, e todos são defensores de valores democráticos. Mais uma vez, Magnoli se arvora, o que é uma contradição em si, em juiz de quem é democrata ou não. Em 1964, o golpe militar foi saudado pelos jornais onde Magnoli escreve como “vitória da democracia”. É a esse tipo de democracia, definida por alguns engravatados ultraconservadores, milionários e truculentos, que o sociólogo se refere?
Há, porém, algo mais que uma afinidade ideológica, de resto precária. A segunda parte da resposta: os inimigos da liberdade de imprensa torcem pelo esmagamento do WikiLeaks por uma ofensiva ilegal de Washington. No Irã, na China ou em Cuba, um Assange sortudo passaria o resto de seus dias num cárcere. Nos EUA, não há leis que permitam condená-lo. As leis americanas sobre espionagem aplicam-se, talvez, ao soldado Bradley Manning, um técnico de informática, suposto agente original dos vazamentos. Não se aplicam ao veículo que decidiu publicá-los. A democracia é assim: na sua fragilidade aparente encontra-se a fonte de sua força.
Aí Magnoli é simplesmente desonesto e infantil. Os admiradores de Assange querem sua liberdade e nada mais. Em vez de culpar o agressor, Magnoli tenta estigmatizar os que defendem a vítima, acusando-os de sádicos. Que espécie de análise maluca é essa? Sim, no Irã, China ou Cuba, Assange estaria em maus lençóis, e Demente Magnolia estaria incensando-o. Nos EUA, não há leis que permitam condená-lo? Ótimo. Magnoli é daqueles que acha que o mundo critica os EUA por birra. Um país tão legal. Com leis tão justas. Nunca incentivou golpes de Estado em outros países! A babação de ovo dos EUA é constrangedora. Brasil e Europa também tem leis tão ou mais democráticas que os EUA!
O governo Obama estará traindo a democracia se sucumbir à tentação de perseguir Assange por meios ilegais. O WikiLeaks foi abandonado pelos parceiros que asseguravam suas operações na internet. Amazon, Visa, PayPal, Mastercard e American Express tomaram decisões empresariais legítimas ou cederam a pressões de Washington? A promotoria sueca solicita a extradição de Assange para responder a acusações de crimes sexuais. O sistema judiciário da Suécia age segundo as leis do país ou se rebaixa à condição de sucursal da vontade de Washington? Certo número de antiamericanos incorrigíveis asseguram que, nos dois casos, a segunda hipótese é verdadeira. Como de costume, eles não têm indícios materiais para sustentar a acusação. Se estiverem certos, um escândalo devastador, de largas implicações, deixará na sombra toda a coleção de insignificantes revelações do WikiLeaks.
Magnoli finge uma candidez impossível. Como historiador, ele realmente se espantaria se o governo americano perseguisse Assange ou inventasse pretextos para incriminá-lo? Claro que não. Ele é falso apenas.
A bandeira da liberdade nunca é desmoralizada pelos que a desprezam, mas apenas pelos que juraram respeitá-la. Assange não representa a liberdade de imprensa ou de expressão, mas unicamente uma heresia anárquica da pós-modernidade. Contudo, nenhuma democracia tem o direito de violar a lei para destruir tal heresia. A mesma ferramenta que hoje calaria uma figura sem princípios servirá, amanhã, para suprimir a liberdade de expor novos Guantánamos e Abu Ghraibs.
A gororoba pseudo-libertária é apenas óbvia e melosa, usada desonestamente para chamar Assange de “heresia anárquica da pós-modernidade”, como se se referisse a um artista incômodo da Bienal de Veneza, e não a uma figura concretíssima, perseguida pelo governo americano e que deixou o mundo de cabelo em pé ao mostrar a bunda peluda e perebenta do Tio Sam.
“Vamos fazer manifestação, porque liberdade de imprensa não tem meia cara, liberdade de imprensa é total e absoluta.” Lula não teve essa ideia quando Hugo Chávez fechou a RCTV, nem quando os Castro negaram visto de viagem à blogueira Yoani Sánchez que lançaria seu livro no Brasil. Não a teve quando José Sarney usou suas conexões privilegiadas no Judiciário para intimidar Alcinéa Cavalcante, uma blogueira do Amapá, ou para obter uma ordem de censura contra O Estado de S. Paulo. Ele quase não disfarça o desejo de presenciar uma ofensiva ilegal dos EUA contra o WikiLeaks. Sob o seu ponto de vista, isso provaria que todos são iguais – e que os inimigos da liberdade de imprensa estão certos. Alguém notou um sorriso furtivo, o tom de escárnio com que o presidente pronunciou as palavras “total e absoluta”?
Pimba! Magnoli é tão criativo e surpreendente que mais uma vez ele faz um artigo onde, a pretexto de criticar Assange, apenas faz aquilo para o qual foi contratado: malhar o Lula, que desta vez é culpado até disso. A nossa imprensa, pelo jeito, continua totalmente incapaz de apreender as malícias e ironias de um simples operário-presidente… A conclusão do artigo me deixou um pouco na dúvida: seria Magnoli tão idiota a ponto de associar um simples sorriso de Lula e as palavras “total e absoluta” ao desejo sanguinário de impor um regime totalitário e absolutista? Não, né? Eu que estou sendo paranoico. Quando um sociólogo, ao invés de fazer uma análise minimanente embasada em conceitos, envereda para sombrias suposições psico-políticas acerca do sentido de um sorriso dado por um presidente feliz e brincalhão, eu me ponho a pensar em máximas milenares do tipo: inveja é foda.