Lily Marinho:
"Só faço almoço para a Dilma. Para os outros, não"
Hildegard Angel,
Jornal do Brasil
DA REDAÇÃO - Ao fim de seu almoço para Dilma Rousseff, cercada pela imprensa por todos os lados, Lily Marinho respondeu ao repórter que lhe perguntou se também fará almoços para os demais candidatos: "Não, só para ela!". Naquele momento, tive a certeza de que Dilma havia conquistado mais um voto. Afinal, em seu pequeno discurso, lido antes da sobremesa, Lily falara da necessidade de "ouvir diretamente os candidatos, sem intermediários para formar opinião sobre a melhor escolha daquele ou daquela que irá conduzir nosso país nos próximos quatro anos". Lily também lembrara o marido, Roberto Marinho, "que jamais se absteve de conviver com as diferenças de opinião". Mas não havia, naquela resposta de Lily ao repórter — "Não, só pra ela!" — qualquer resquício de dúvida, qualquer indecisão diante da escolha certa.
seu
discurso de improviso, após a fala de Lily, foi uma grata revelação, para
comentário geral. Falou com domínio dos assuntos, segura de si e das palavras,
com simpatia e sorrisos, porém sem perder a firmeza que a caracteriza.
Discorreu sobre a situação da mulher, lembrando que "nenhuma brasileira
discute se o Brasil está preparado para ter uma mulher na Presidência — o
Brasil sabe que está preparado". Enalteceu as mulheres anônimas, as
"heroínas" do cotidiano. Lembrou o salto dado pelo Brasil nos últimos
anos: "Pensem em 2010 e olhem para 2002 e percebam como este país é
diferente hoje". E continuou: "É diferente porque 24 milhões saíram
da pobreza e 31 milhões foram elevados à classe média". Enfatizou a
importância da educação — "faremos um imenso esforço por ela" —
lembrando a importância de se valorizar o professor: "Não é prédio, não é
banda larga, é também. Mas é sobretudo o professor". E mais: "A
educação é a conquista do futuro deste país".
"Ela
fez um progresso extraordinário", comentou uma de nossa mesa. Fiquei na
dúvida se Dilma realmente fez progressos ou se éramos nós que, até então,
desconhecíamos seus talentos de sedução e de oratória. Éramos 12 àquela mesa. A
homenageada à direita da anfitriã. A economista Maria da Conceição Tavares, a
escritora Nélida Piñon, a cineasta Lucy Barreto, a museóloga Magali Cabral, mãe
do Sérgio governador, Consuelo, a mãe do prefeito Eduardo Paes, Maria Lúcia
Jardim, mulher do vice Pezão, Marcela Temer, mulher do deputado vice na chapa
de Dilma, Andréa Agnelli, mulher do Roger, presidente da Vale, Maria do Carmo,
a sra. Marcos Vilaça, presidente da ABL, e esta jornalista. As demais quatro
mesas não tinham lugares marcados. Lily inspirou-se num jantar de Nelson
Rockefeller e sorteou entre as presentes seus lugares nas mesas presididas pela
mineira Angela Gutierrez, a curitibana Margarita Greca, a embaixatriz Maria
Thereza Castelo Branco, uma habituée do Cosme Velho, e Vera Lúcia, a sra. Oscar
Niemeyer.
Todas
tinham algo simpático a dizer à candidata. A embaixatriz Glorinha Paranaguá, ao
ser apresentada, contou-lhe que foi seu filho jornalista, que vive em Paris,
quem escreveu a grande matéria a seu respeito publicada no jornal Le Monde.
Algumas até lhe levaram presentes, como costuma acontecer em almoços femininos.
Dilma sentiu-se definitivamente em casa, no Cosme Velho.
22:27
- 09/07/2010
Por Marco
Marlene
Bergamo/Folhapress
MÔNICA BERGAMO
COLUNISTA DA FOLHA
Dilma
Rousseff (PT) chegou antes de boa parte das convidadas ao almoço oferecido para
ela ontem, no Rio, por Lily Marinho, viúva de Roberto Marinho, das Organizações
Globo. Eram 13h quando a petista foi recebida pela anfitriã na porta da célebre
mansão cor-de-rosa do Cosme Velho, aos pés do Cristo Redentor, onde o casal
recebeu por décadas governantes do mundo todo para jantares memoráveis.
“Se
o Roberto recebeu Fidel Castro aqui, por que eu não posso receber o PT?”, disse
Lily à Folha, num cenário emoldurado por flamingos rosas que nadam nos lagos da
mansão -as aves foram presente do cubano, que esteve no Rio em 1992.
Um músico dedilhava ao piano e garçons de luvas brancas serviam champanhe Dom Perignon. “Ô, Jandira, toma um golinho pra mim porque senão vou ficar gorda igual a um boi”, disse Dilma à ex-deputada Jandira Feghali (PC do B), passando discretamente a ela a “flûte”.
Um músico dedilhava ao piano e garçons de luvas brancas serviam champanhe Dom Perignon. “Ô, Jandira, toma um golinho pra mim porque senão vou ficar gorda igual a um boi”, disse Dilma à ex-deputada Jandira Feghali (PC do B), passando discretamente a ela a “flûte”.
Dilma
se sentou perto de Lily, em cadeira de rodas por causa de uma queda. “Que tipo
de música você gosta?”, perguntou a anfitriã. “Clássica. Gosto de Bach”,
respondeu a candidata. “Ela toca piano e fala francês”, revelou uma amiga de
ambas a Lily. “Eu tinha curiosidade de conhecê-la”, explicava Lily.
Não,
repetia, ela não vai oferecer almoço a José Serra (PSDB) e Marina Silva (PV),
adversários de Dilma na campanha presidencial. “Eu não sou política. Se ficarem
com ciúmes, o que posso fazer? Nada.”
Aos
poucos, o quorum aumentou. “A Lily estava um pouco ansiosa porque muitas têm
até medo de chegar perto do PT e da Dilma. Mas todo mundo está chegando, graças
a Deus”, dizia uma amiga da anfitriã.
Na
hora do almoço, Dilma e Lily dividiram a mesa com a economista Maria da
Conceição Tavares, a escritora Nélida Piñon, a produtora Lucy Barreto e a
colunista Hildegard Angel, entre outras.
A
conversa girou em torno de amenidades. “Todos os candidatos homens já fizeram
plástica. To-dos”, dizia Dilma. E as pesquisas eleitorais? “Deixa eu ficar no
empate [com Serra] que tá bom”, respondeu a petista. No cardápio, tartare de
salmão com maçã e funcho e filé de cherne com banana caramelada, passas e urucum
do chef Claude Troisgros.
Antes
da sobremesa, Lily leu um rápido discurso. Disse que ofereceu o almoço para
homenagear “a senhora D, a senhora democracia”.
E
que seria um privilégio ouvir “a outra senhora D, Dilma Rousseff, que se propõe
a ser a primeira mulher presidente do Brasil”.
Dilma fez um discurso sob medida. Falou de educação, família e cultura -e das “lutas de milhares de brasileiras anônimas”. “Eu acho que chegou a nossa hora!” Cantarolou com Alcione ao microfone -e se despediu de Lily: “Te espero na minha posse”.
Dilma fez um discurso sob medida. Falou de educação, família e cultura -e das “lutas de milhares de brasileiras anônimas”. “Eu acho que chegou a nossa hora!” Cantarolou com Alcione ao microfone -e se despediu de Lily: “Te espero na minha posse”.
A
candidata se foi e as amigas formaram roda para comentar. “Ela está segura,
senhora de si”, dizia Andrea Agnelli, mulher do presidente da Vale, Roger
Agnelli. “Achei importante ela falar de educação”, disse Beth Floris, dona da
editora Ediouro. Dona Lily gostou. “Vou fazer 90 anos. Sou velha para votar.
Mas acho que, se votasse, seria na Dilma.
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