sábado, 30 de julho de 2011

Os pretensiosos...

Por Eduardo Guimarães, em seu blog

A verdade vem do Norte



Há pelo menos dois grandes mitos com os quais as eternas potências estrangeiras do Norte contaminaram o imaginário do Ocidente: o terrorismo seria preponderantemente um fenômeno islâmico e a imprensa seria uma espécie de voz “divina” que só transmitiria a verdade e defenderia os interesses da coletividade, sendo, portanto, inatacável e inimputável. Fatos recentes, no entanto, colocaram tais dogmas em xeque.
A pretensão dos países ricos de defenderem para si o uso da força contra populações civis de outras nacionalidades como forma de pressão a nações com as quais aquelas potências econômicas, tecnológicas e militares do Norte mantêm contenciosos de todas as naturezas (econômicos, territoriais, culturais e até religiosos), foi um sucesso estrondoso.
Além de caracterizar seus atos desumanos contra mulheres, velhos e crianças como “guerra ao terror”, aquelas potências também conseguiram transformar a reação de grupos oriundos das populações atacadas dentro de seus territórios em “terrorismo”. Ou seja: conta-se como foi a reação, mas não que foi reação em vez de agressão imotivada.
Por razões culturais, de supremacia de classe e etnia ou por puro preconceito, a imprensa do Ocidente finge que, quando os Estados Unidos e União Européia interferem militarmente em outras nações distantes, vitimando legiões de civis nessas ações, o fim justificaria os meios. Mas quando, dessas populações agredidas, brota um grupo disposto a causar o mesmo tipo de tragédia nas sociedades que desencadearam as ações genocidas com as quais aquele grupo foi atingido, aí o que prevalece é o que interessa: o crime contra inocentes.
Em 22 de julho último, porém, essa visão hipócrita da realidade se veria fortemente ameaçada, pois um único homem conseguiu provocar uma chacina digna de figurar entre os maiores “atentados terroristas” da história.
Naquele dia, uma grande explosão foi provocada em Oslo, na Noruega, junto aos prédios onde se situa o gabinete do primeiro-ministro, Jens Stoltenberg, danificando edifícios contíguos e provocando oito mortos e numerosos feridos. Poucas horas depois, na ilha de Utoya, ao norte da capital, um homem armado abriu fogo contra os participantes de um acampamento de jovens organizado pelo Partido Trabalhista Norueguês, que, atualmente, governa o país. Pelo menos 68 pessoas foram mortas.
Imediatamente após o ataque começam a surgir versões vinculando-o a “grupos islâmicos”, como a notícia divulgada pelo jornal norte-americano The New York Times de que um determinado “grupo jihadista” teria assumido a autoria do atentado. Era uma hipótese tão boa quanto qualquer outra, pois é comum que esse tipo de ação seja reivindicada por vários grupos e indivíduos que tentam ganhar projeção. Contudo, essa versão, em particular, ganhou todo aquele destaque.
A surpresa, porém, não tardaria. O cidadão norueguês Anders Behring Breivik é um fundamentalista cristão ligado à extrema-direita e à maçonaria, neoconservador e ardoroso defensor do Estado de Israel, segundo descreve a si mesmo em um manifesto de mais de mil páginas. Entrou no acampamento de jovens do Partido Trabalhista norueguês disfarçado de policial e, fortemente armado, abriu fogo contra os presentes. Entregou-se à polícia após a chacina e assumiu a autoria também do carro-bomba em Oslo.
Apesar de a máquina de propaganda conservadora-ocidental tentar vincular as ações de Breivik a uma sua suposta “loucura”, seus escritos ou os vídeos pregressos ao ataque deixam claro que haveria um envolvimento profundamente ideológico e sistemático nas ações do terrorista cristão e europeu. Um envolvimento que, agora, o mesmo New York Times atribui à ideologia conservadora-cristã de ultra-direita norte-americana da qual o Movimento Tea Party é a maior expressão.
O jornal norte-americano acaba de divulgar, em manchete de primeira página, reportagem com o sugestivo título “Massacre põe linha de pensamento antimuçulmana americana em foco”. Com base em um tomo de mil e quinhentas páginas divulgado pelo terrorista pouco antes dos ataques em Oslo e na Ilha de Utoya, a matéria deu conta de que Breivik foi profundamente influenciado por blogueiros e escritores norte-americanos como Pamela Geller.
Geller é uma blogueira e escritora dos Estados Unidos que mantém fortes laços com o Movimento Tea Party e que, recentemente, lançou uma “cruzada contra a islamização da América”.  Financiou a colocação de anúncios no transporte público de sua cidade contendo insultos aos muçulmanos, pregando “um fatwa” contra eles – fatwa é uma pena de morte que pode ser decretada por líderes islâmicos que todos os seguidores do islamismo, em tese, estariam obrigados a tentar cumprir. Em seu site, ela também exorta os muçulmanos a deixarem a “falsidade do Islã” e afirma que não se importa se ficarem ofendidos.
A norte-americana aparece sendo incensada nos escritos de Breivik junto a Paul Belien, Diana West, o Barão do blog Gates of Vienna e muitos outros radicais da ultradireita fundamentalista-cristã norte-americana. O que une os fundamentalistas norte-americanos e o terrorista norueguês, acima de tudo, é o repúdio ao “marxismo”, tão presente inclusive por aqui, em terras tupiniquins.
As diferenças de Geller e de seus pares para os líderes religiosos muçulmanos e seus “fatwas”, são duas: uns são cristãos e outros, muçulmanos. E, ao passo que o estímulo à violência muçulmana é feito abertamente, os fundamentalistas cristãos são menos explícitos, mas igualmente virulentos.
Chega-se, assim, à licença para tudo que deveria ter a imprensa, uma licença que é vendida às sociedades ocidentais – sobretudo em países do Terceiro Mundo, como os latino-americanos – pela mídia, e à tese de que qualquer tipo de regulação seria “censura”. Tais premissas acabam de sofrer um duro golpe, apesar das tentativas de distorção.
O escândalo da imprensa escrita que eclodiu na Inglaterra devido à revelação de métodos criminosos para obter informações usados pelo centenário jornal britânico The News of the World, até então controlado pelo magnata da mídia Rupert Murdoch, inseriu no debate público e no imaginário das sociedades  menos desenvolvidas uma realidade sobre a qual até então pouco ou nada pensavam: regras para a imprensa e para as outras mídias são uma necessidade e já existem nas sociedades mais avançadas, como a britânica.
A distorção desse fato corre solta, aqui no Brasil. A grande imprensa foge de analisar com a devida profundidade o processo de revisão até daquilo que nem há no Brasil, a autorregulação da imprensa que vige na Inglaterra e que na maioria dos países industrializados não existe porque a regulação vem do Estado mesmo. Alguns blogueiros e colunistas ligados aos grandes conglomerados de mídia nacionais tentam vender a idéia de que haveria dispositivos legais no Brasil para regular excessos midiáticos.
Não existem tais mecanismos. Com a revogação da Lei de Imprensa, considerada inconstitucional pelo STF, fica extinto, por exemplo, o direito de resposta previsto e detalhado naquela Lei. Dessa maneira, um jornal pode escrever o que quiser sobre qualquer um, mesmo sendo mentira, e o processo judicial para conseguir espaço para dar uma outra versão dos fatos pode levar anos.
Quando a decisão judicial sai, muitas vezes passaram-se anos ou mais de década e os efeitos maléficos de uma reportagem inverídica ou de uma acusação grave em uma coluna de jornal já terão produzido toda a sorte de prejuízos. Em especial, os prejuízos eleitorais. Um meio de comunicação cujo dono é amigo deste ou daquele grupo político pode inviabilizar a eleição dos adversários sob acusação sem provas e a publicação da versão do acusado só sairá quando for tarde para reverter o resultado daquela eleição.
Essa situação não existe nos países ditos de “Primeiro Mundo”. Eles têm regras, organismos como pretendia ser o natimorto Conselho Federal de Jornalismo ou como a pretensa Agência Nacional de Comunicações, aprovada em 2009 na Conferência Nacional de Comunicação. A criação de instituições civilizatórias como essas, porém, é incessantemente torpedeada pela grande imprensa nacional como se fosse proposta de caráter “censor”,  atentatória à “liberdade de imprensa”.
Como no caso da versão sobre o caráter “muçulmano” do “terrorismo”, a idéia de que na verdadeira democracia a imprensa não pode sofrer qualquer tipo de controle externo, sendo lícita apenas a sua autorregulação, perde força entre o público que se informa quando este toma contato com conceitos como o do império de comunicação de Rubert Murdoch e de que a imprensa, sem controle, pode até cometer crimes.
Vivemos em uma sociedade planetária muito diferente daquela que já houve em qualquer outro período da história. Nunca houve tal fartura de informação disponível a qualquer um que decida se informar. Nem em regimes em que vige a mais completa censura é possível bloquear completamente o tsunami comunicacional que varre a nossa era.
A despeito das iniciativas para controlar esse fluxo incontrolável de informações, as novas tecnologias só fazem aprofundar a inserção do homem nesse vagalhão de conhecimento que varre o planeta. E, agora, a verdade sobre dogmas cruciais para as elites planetárias vem da mesma fonte que os criou para consumo dos povos oprimidos do Terceiro Mundo, vem do Norte rico e desenvolvido.
Irônico, não?

domingo, 24 de julho de 2011

Nem profecias

Via Conteúdo Livre

Textos sagrados - LUIS FERNANDO VERISSIMO

Aquele pastor americano que previu o fim do mundo para o dia 12 de maio deste ano disse que tinha se baseado em mensagens cifradas da Bíblia para precisar a data.

O mundo não acabou, como você deve ter notado, mas isso não impedirá que continue a busca por presságios e sinais escatológicos em textos religiosos, não só na Bíblia como no Corão, no Tora e no Livro dos Mórmons. Continuarão procurando no lugar errado.

Todos os escritos religiosos são narrativas. Narram o deslocamento no tempo e no espaço de um líder, de um salvador, de um povo escolhido. Cristo, Maomé e Abraão são figuras literárias antes de serem outra coisa. Todas as religiões monoteístas compartilham esta qualidade, ou esta inevitabilidade, de literatura, pois só na palavra grafada a aventura sobre a Terra do herói de cada uma se realiza, como só a palavra grafada eternizou a poesia oral de Homero.

O texto sagrado é sagrado menos por conter verdades reveladas do que por ser texto, com toda a reverência que a palavra escrita comanda. Mas a literatura não é confiável quando se trata de revelações específicas como o dia, o mês e o ano do fim do mundo.

Jesus Cristo não confiava na palavra escrita. Em todo o Novo Testamento há apenas uma referência a algo escrito por ele (evangelho de João, 8:1-8). Questionado pelos fariseus se uma mulher apanhada em adultério deveria ser apedrejada, Jesus, antes de dizer que quem fosse sem pecado atirasse a primeira pedra, inclinou-se e escreveu com o dedo na terra. Não se sabe o que escreveu, nem em que língua.

Há mesmo dúvidas sobre se ele sabia ler e escrever. Talvez apenas fingisse rabiscar na areia enquanto pensava na resposta. Todas as suas mensagens foram em forma de parábolas orais, e suas parábolas foram lições de vida a serem interpretadas, não agouros a serem decifrados. E nenhuma de suas parábolas preconiza que ele será herói ou mártir da narrativa cristã.

Quem também nunca escreveu nada foi Sócrates – o outro pivô, segundo George Steiner, da história intelectual do Ocidente. Que se saiba, Sócrates não escreveu nem com o dedo na terra. O que sabemos dele foi o que Platão publicou.

Platão foi para Sócrates o que Paulo de Tarso foi para Jesus, seu exegeta e propagador, com a diferença que Platão foi contemporâneo e discípulo de Sócrates enquanto Paulo de Tarso nunca viu Jesus Cristo. Platão, na sua escrita, se afastou do pensamento do seu mestre. Paulo de Tarso, na sua escrita, transformou um pregador num messias – o que não deixou de ser outra forma de infidelidade.

No fim prevaleceu a literatura. Em todas as religiões monoteístas, os textos impuseram os dogmas, e a palavra grafada se sobrepôs ao espirito e à oralidade. Mas os mitos transcritos de Sócrates e os sermões espontâneos do Cristo, ou tudo que os dois nunca escreveram, talvez nos ensinem que a literatura é sempre uma falsificação, e que a escrita não garante nada. Nem profecias.

Saúde e gravidez

Do Portal Nassif

O cigarro na gravidez

Por André
Dado preocupante: 24% das fumantes seguem usando cigarro mesmo gestando uma vida. Alguns irão falar do poder viciante da nicotina, mas convenhamos que tal substância é inanimada e só causa problemas se o que a contém é acendido, uma vez que cigarros não se acendem nem se fumam sozinhos. Portanto, novamente é preciso chamar a atenção que tal vício só existe porque existem pessoas que usam de sua capacidade de decisão e de raciocínio de uma maneira diferente da que se esperaria.
E novamente, é preciso lembrar a quem está esperando filho do fato de eles serem os inocentes da história, mas que os atos que os pais tomam antes ou mesmo quando eles nascem refletem-se por toda a vida deles. Que reflexo esses pais quererão de seus atos para os filhos obviamente cai no subjetivo, mas há um bom senso mais ou menos universal de que não se deve punir crianças com os atos alheios e o que isso irá lhes gerar.
Muitos aqui talvez sejam filhos de mães que fumaram na gravidez e podem ter tido algum efeito qualquer, mesmo que coisas menores, como baixo peso ao nascer ou não ter atingido a altura adulta que seria esperada para seus casos. Porém, há casos mais graves e a matéria lembra, como pés tortos e outros problemas nos membros, deformidades orofaciais e problemas no sistema digestivo e na vista. Dependendo da idade, podem ser filhos de mães que o fizeram por ignorância pelo fato de na época não haver mesmo muitos dados. Porém, não me surpreenderia se outros forem filhos de mães fumantes que o fizeram já conscientes daquilo que ocorria, e aqui a coisa é muito pior.
Enfim, vamos sempre lembrar daqueles lances de sempre:
1) Não fumar na gravidez;
2) Coitadizar-se ou vitimizar-se é muito simples e, para a mente, gera a sensação de que aquele problema foi encerrado de alguma forma. Porém, você resolve de um jeito em que não se põe qualquer responsabilidade, sendo que tem muita nela, uma vez que cigarros não se acendem sozinhos, não se fumam por si próprios nem levitam até sua boca. E isso você sabe muito bem. Portanto, é preciso levar em conta esse pequeno detalhe e lembrar de quem é o gasto de energia necessário para que um cigarro se acenda, tenha seu conteúdo passado no sentido do filtro e vá do cinzeiro à boca;
3) Você sabe bem o que o cigarro irá lhe acarretar e sabe que não poderá alegar qualquer coisa em relação a suas consequências, mas seus filhos não são obrigados a sofrer por suas escolhas e não têm qualquer culpa por seus vícios;
4) Terá filho? Por que não tentar aprimorar-se desde antes de ele nascer para que ele tenha melhores progenitores?
E, claro, torcendo para que mais e mais crianças nasçam bem:
Até 24% das mulheres continuam fumando na gravidez, diz pesquisa
 Getty Images
De acordo a pesquisa, 12% a 24% das mulheres grávidas continuam a usar o tabaco
Foto: Getty Images
Gardênia Cavalcanti
Todo mundo já tem consciência de que não é saudável fumar durante a gravidez, mas uma pesquisa realizada nos Estados Unidos informou que 12% a 24% das mulheres grávidas continuam a usar o tabaco, de acordo com dados coletados naquele país.
De acordo com novas evidências descobertas por um pesquisador da Escola de Medicina da Universidade de Loma Linda, na Califórnia, a exposição do feto à nicotina pode estar associada ao aumento da pressão arterial das crianças e posteriormente aos adultos. O estudo mediu os efeitos da nicotina nos fetos de ratos, ao invés de seres humanos em desenvolvimento. Mas quando a associação é feita em seres humanos é preciso ficar atento a possíveis doenças de coração e aumento da pressão arterial de crianças.
Estudos anteriores em humanos mostraram que crianças nascidas de mães fumantes sofrem danos vasculares ou dos vasos sanguíneos. No entanto, ainda é impossível provar a correlação dada.
Professor assistente de pesquisa de ciências básicas em Loma Linda, Da Liao Xiao começou a testar a associação em ratos. Em um experimento, ele deu a 12 ratas grávidas uma dose diária de nicotina por via intravenosa. Em outras 13 diferentes ratas grávidas foi aplicado um placebo salino. Os filhotes foram monitorados por até cinco meses para verificar sinais de danos cardíacos ou outros problemas de circulação. Após cinco meses, os ratinhos nascidos dos ratos que receberam nicotina tinha dois sinais clássicos de risco cardíaco elevado: aumento do estresse oxidativo e hipertensão.
Uma outra pesquisa realizada no Reino Unido comparava outros males do fumo na gravidez. O estudo, realizado por pesquisadores da Universidade de Londres, analisou pesquisas feitas nos últimos 50 anos sobre o mal do cigarro durante o período de gestação e obteve evidências de que a nicotina e outros componenentes químicos do fumo podem causar fissuras orais, deformidades nos membros, pé torto e distúrbios gastrointestinais e óticos, mortes durante o parto ou nascimento prematuro.
Em todo o mundo, 250 milhões de mulheres fumam por dia, segundo estatísticas da 14ª Conferência Mundial em Tabaco ou Saúde, realizada em 2009 em Mumbai.

sábado, 23 de julho de 2011

BRASIL: A GRANDE ESPERANÇA DA EUROPA

Via Portal Nassif

Brasil, a esperança da Europa

Do Blog de Patrícia Campos Mello
BRASIL: A GRANDE ESPERANÇA DA EUROPA
 EM FRANGALHOS
FOLHA - 22/07/2011 - 10h01

Patrícia Campos Mello -  repórter especial da Folha*
* Escreve sobre política e economia internacional. Foi correspondente em Washington durante quatro anos, onde cobriu a eleição do presidente Barack Obama, a crise financeira e a guerra do Afeganistão, acompanhando as tropas americanas. Tem mestrado em Economia e Jornalismo pela New York University. É autora dos livros "O Mundo Tem Medo da China" (Mostarda, 2005) e "Índia - da Miséria à Potência" (Planeta, 2008).
"Mudanças na política agrícola da UE no ano que vem? Em 2012 talvez nós estejamos discutindo o fim da moeda comum europeia..."
Foi com esse estado de espírito que respondeu uma autoridade da União Europeia a nós, jornalistas, em Bruxelas nesta semana.
O pacote de resgate à Grécia, acordado na quinta-feira em Bruxelas, deu um pouco de respiro aos países europeus. Os yields (retornos) dos papeis da Espanha e Itália, que vinham apanhando por contágio, caíram.
Mas a situação está longe de ser tranquila.
E mercados como o Brasil surgem como alvo prioritário dos europeus.
É neste contexto que se deve avaliar o fim das preferências tarifárias concedidas pela UE ao Brasil por meio do Sistema Geral de Preferências, o SGP.
Atualmente, 12% das exportações do Brasil à UE são cobertas pelas reduções e isenções de tarifas de importação do SGP, em um valor total estimado em 3,4 bilhões de euros. O programa beneficia principalmente máquinas e equipamentos, automóveis, produtos químicos, plásticos e têxteis.
" SGP foi feito para países pobres, vocês não são um país pobre" disse-nos o comissário europeu de comércio, Karel de Gucht. "Vocês são um país que ainda tem pessoas pobres, mas claramente o SGP não é feito para vocês."
A UE quer usar o fim do SGP como alavancagem para conseguir concessões do Brasil na negociação do acordo de livre-comércio UE-Mercosul, que se arrasta há 12 anos.
Sem o SGP, o único jeito de o Brasil manter competitividade nas exportações para a UE será um acordo de livre-comércio para reduzir as tarifas.
Tal como a UE, os EUA encaram o Brasil como alvo prioritário no programa "exportar para sair da crise". Quando veio ao Brasil, em março, o presidente Barack Obama deixou claro que aumentar as vendas de produtos americanos para o Brasil era um dos principais objetivos dos EUA. Autoridades americanas chegaram a ser pouco diplomáticas ao declarar que a viagem era "fundamentalmente a respeito da recuperação econômica e exportações americanas", como disse o vice-conselheiro de segurança nacional Mike Froman, responsável por assuntos econômicos internacionais.
"As exportações para o Brasil geram 250 mil empregos nos EUA; metade da população do Brasil é hoje considerada classe média e isso cria grande oportunidade."
Enquanto as duas combalidas velhas potências lutam por um naco do saboroso mercado interno brasileiro, o Brasil vai às compras na UE em liquidação. A Comissão Europeia acaba de aprovar a compra de quatros empresas espanholas e uma alemã pela CSN. A CSN comprou a siderúrgica alemã Stahlwerk Thüringen GmbH e quatro companhias que pertencem ao grupo espanhol Alfonso Gallardo: Cementos Balboa, Corrigados Azpeitia e Corrugados Lasao.

sexta-feira, 22 de julho de 2011

“Ficou moderninho combater o ‘politicamente correto’; mas na toada, vão debulhar a dignidade humana

Do Portal Sul_21

Juiz vê escalada do preconceito contra direitos das minorias

Juiz Marcelo Semer
"Ficou moderninho combater o politicamente correto", critica Marcelo Semer | Foto: Arquivo Pessoal
Vivian Virissimo
Juiz de Direito em São Paulo e ex-presidente da Associação de Juízes para a Democracia (AJD), Marcelo Semer vem alertando que a incorporação de direitos civis no Brasil, como a recente aprovação da união civil entre pessoas do mesmo sexo, vem sendo acompanhada pelo aumento do preconceito. Ele alerta para uma aparente tendência, entre colunistas de jornal, humoristas e políticos, de combater o chamado “politicamente correto”.
“Ficou moderninho combater o ‘politicamente correto’; mas na toada, vão debulhar a dignidade humana”, afirma.
Semer concedeu uma entrevista por e-mail ao Sul21, na qual amplia a discussão trazida em seu artigo publicado nesta semana pelo Terra Magazine, com o título “O moderno reacionário é a porta de entrada do velho fascismo”. “A ideia de que sou livre em pensamento, quando não devo tributo a nada, é perigosa. Em alguns casos, por imprudência, fazem a defesa do racismo; em outros por má-fé assentam o caminho para o autoritarismo”, diz o juiz.
Semer também é escritor e blogueiro. Além da coluna no Terra Magazine, ele atualiza o blog Sem Juízo.
Sul21 – Em artigo de sua autoria, o senhor aborda a tendência crescente de reacionarismo e fascismo na sociedade brasileira. Poderia exemplificar e comentar fatos que se tornaram públicos recentemente e que atestam sua tese?
Marcelo Semer – O que se tem percebido é o aumento do preconceito, em resposta à incorporação de direitos civis (exemplo típico da homofobia), como uma forma de reação. O mesmo ocorre com a ascensão social: a reação de quem quer ser o porta-voz da classe média. Então vem essa conversa de que aeroportos são como rodoviárias, o trânsito aumentou porque pobres compram carro fácil e etc. No limite, é o mesmo reclamo da xenofobia europeia: os imigrantes querem tomar nossos empregos. Em São Paulo, um movimento chamado “São Paulo para os Paulistas” lançou documento que poderia, em quase tudo, ser atribuído à pregação hitlerista. Nas depressões aumenta o preconceito, na ascensão social idem. A reação do sul-sudeste aos resultados da eleição, como se nordestinos fossem “culpados”, é um exemplo claro.
Sul21 – Esses traços estão sendo apropriados por alguns políticos que parecem ter encontrado um “nicho” de eleitores conservadores e têm propagado preconceitos que desrespeitam preceitos constitucionais. Como o senhor avalia esta questão?
Marcelo Semer – A intromissão da questão religiosa no debate eleitoral foi uma senha. Como nos Estados Unidos, setores ultraconservadores abrem mão de discutir política para discutir moral, com o que é mais fácil disseminar o medo. A porta foi aberta e dentro dela navegam os extremistas, que flutuam melhor no arcaico debate moral. Abrir espaço para o extremista, como se ele fosse um folclórico (desejo de audiência) ou garantir a todos o direito ao racismo é um equívoco brutal. A Constituição não é feita de um único artigo e não se restringe à liberdade de expressão. O ministro Celso de Mello explicou muito bem isso no voto do julgamento da Marcha da Maconha: estimular o ódio e o racismo não está garantido pela Constituição.
Sul21 - Na sua avaliação, quais seriam as conseqüências para o Estado laico quando ocorre a instrumentalização do discurso religioso por políticos?
Marcelo Semer – A instrumentalização do debate religioso na política é um duro golpe ao Estado laico. É dizer que as pessoas devem fazer suas escolhas políticas baseadas nas crenças (sobre as ações de governo); no limite, tende ao preconceito (não aceito quem não tem a mesma crença) e depois a perseguição. É algo que certamente não precisamos em um país com histórico de tolerância religiosa. Digo mais: é um caminho sem volta.
Sul21 – Qual sua opinião a respeito dessa tendência de que a liberdade de expressão fique acima do respeito ao outro, autorizando qualquer tipo de desrespeito aos direitos humanos? Quais seriam as conseqüências desta postura para a banalização da violência?
Marcelo Semer – Um erro sem precedentes. Liberdade de expressão não é ilimitada. O respeito à dignidade humana e o princípio da igualdade não podem ser fulminados. Democracia não é só governo da maioria; é também respeito irrestrito às minorias, ao ser humano, enfim.
Sul21 - No artigo o senhor comenta rapidamente sobre os “neo-machistas intelectuais”, que traços são reconhecidos nestes tipos?
Marcelo Semer – O combate à ideia da igualdade que duramente vem sendo conquistada. Ficou moderninho combater o ‘politicamente correto’; mas na toada, vão debulhar a dignidade humana. Dizer que amamentar em público é como defecar; ou que a mulher precisa ser tratada como objeto, dito por intelectuais representa o quê?
Sul21 - Gostaria também que o senhor falasse mais sobre o “intelectual sem amarras”. Que tipo de comportamento teria esse intelectual?
Marcelo Semer – Tipo que está virando tendência: fulmina o que afirma ser o senso comum, como pretexto de liberdade e serve à destruição dos patamares mínimos de convivência e dignidade. Se tudo é permitido, nada deve ser preservado, tampouco a democracia vai se mostrar imprescindível. A ideia de que sou livre em pensamento, quando não devo tributo a nada, é perigosa. Em alguns casos, por imprudência, fazem a defesa do racismo; em outros por má-fé assentam o caminho para o autoritarismo.

A confiança está minguando dia a dia...

Da Agência Carta Maior

DEBATE ABERTO

A perda de confiança na ordem atual

Vigora uma desconfiança generalizada de que deste sistema não poderá vir nada de bom para a humanidade. Estamos indo de mal a pior em todos os itens da vida e da natureza. O futuro depende do cabedal de confiança que os povos depositam em suas capacidades e nas possibilidades da realidade. E esta confiança está minguando dia a dia.

Na perspectiva das grandes maiorias da humanidade, a atual ordem é uma ordem na desordem, produzida e mantida por aquelas forças e países que se beneficiam dela, aumentando seu poder e seus ganhos. Essa desordem deriva do fato de que a globalização econômica não deu origem a uma globalização política. Não há nenhuma instância ou força que controle a voracidade da globalização econômica. Joseph Stiglitz e Paul Krugman, dois prêmios Nobel em economia, criticam o Presidente Obama por não ter imposto freios aos ladrões de Wall Street e da City, ao invés de se ter rendido a eles. Depois de terem provocado a crise, ainda foram beneficiados com inversões bilionários de dinheiro público. Voltaram, airosos, ao sistema de especulação financeira.

Estes excepcionais economistas são ótimos na análise; mas, mudos na apresentação de saídas à atual crise. Talvez, como insinuam, por estarem convencidos de que a solução da economia não esteja na economia, mas no ‘refazimento’ das relações sociais destruídas pela economia de mercado, especialmente, a especulativa. Esta é sem compaixão e desprovida de qualquer projeto de mundo, de sociedade e de política. Seu propósito é acumular maximamente, apropriando-se de bens comuns vitais como água, sementes e solos e destroçado economias nacionais.

Para os especuladores, também no Brasil, o dinheiro serve para produzir mais dinheiro e não para produzir mais bens. Aqui o Governo tem que pagar 150 bilhões de reais anuais pelos empréstimos tomados, enquanto repassa apenas cerca de 60 bilhões para os projetos sociais. Esta disparidade resulta eticamente perversa, consequência do tipo de sociedade a qual nos incorporamos, sociedade essa que colocou, como eixo estruturador central, a economia, que de tudo faz mercadoria até da vida.

Não são poucos que sustentam a tese de que estamos num momento dramático de decomposição dos laços sociais. Alain Touraine fala até de fase pós-social ao invés de pós-industrial.

Esta decomposição social se revela por polarizações ou por lógicas opostas: a lógica do capital produtivo cerca de 60 trilhões de dólares/ano e a do capital especulativo, cerca de 600 trilhões de dólares sob a égide do“greed is good” (a cobiça é boa). A lógica dos que defendem a maior lucratividade possível e a dos que lutam pelos direitos da vida, da humanidade e da Terra. A lógica do individualismo que destrói a “casa comum”, aumentando o número dos que não querem mais conviver e a lógica da solidariedade social a partir dos mais vulneráveis. A lógica das elites que fazem as mudanças intrassistêmicas e se apropriam dos lucros e a lógica dos assalariados, ameaçados de desemprego e sem capacidade de intervenção. A lógica da aceleração do crescimento material (o PAC) e a dos limites de cada ecossistema e da própria Terra.

Vigora uma desconfiança generalizada de que deste sistema não poderá vir nada de bom para a humanidade. Estamos indo de mal a pior em todos os itens da vida e da natureza. O futuro depende do cabedal de confiança que os povos depositam em suas capacidades e nas possibilidades da realidade. E esta confiança está minguando dia a dia.

Estamos nos confrontando com esse dilema: ou deixamos as coisas correrem assim como estão e então nos afundaremos numa crise abissal ou então nos empenharemos na gestação de uma nova vida social, capaz de sustentar um outro tipo de civilização. Os vínculos sociais novos não se derivarão nem da técnica nem da política, descoladas da natureza e de uma relação de sinergia com a Terra. Nascerão de um consenso mínimo entre os humanos, a ser ainda construído, ao redor do reconhecimento e do respeito dos direitos da vida, de cada sujeito, da humanidade e da Terra, tida como Gaia e nossa Mãe comum. A essa nova vida social devem servir a técnica, a política, as instituições e os valores do passado. Sobre isso venho pensando e escrevendo já pelo menos há vinte anos. Mas é voz perdida no deserto. “Clamei e salvei a minha alma” (clamavi et salvavi animam meam), diria desolado Marx. Mas importa continuar. O improvável é ainda possível.

Leonardo Boff é teólogo e escritor.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Outro mundo possível (I e II)

Do Adital
‘Outro mundo possível’ é possível?(II): eficiência e o social
Jung Mo Sung
Coord. Pós-Graduação em Ciências da Religião, Universidade Metodista de São Paulo
Adital

Eu terminei o artigo anterior afirmando que argumentos teóricos "a priori” –como, por exemplo, a negação da eternidade ou imutabilidade da atual ordem mundial– são necessários, mas não suficientes para mostrar a plausibilidade de um outro mundo e, ao mesmo tempo, motivar as pessoas a se engajarem neste luta. Por isso, é necessário refletir um pouco sobre as experiências históricas de ”outro mundo possível”.

Desde meados do século XIX até o final do século XX não havia dúvida de que o mundo poderia ser organizado de, pelo menos, duas formas: a capitalista e a socialista-comunista. É só depois da queda do bloco socialista, no final da década de 1980 e início da de 90, que toma força a idéia de que não há alternativas ao capitalismo. Por isso, é importante discutirmos aqui rapidamente as principais diferenças de organizar a sociedade no capitalismo e no socialismo.

Todas as sociedades humanas precisam resolver algumas questões básicas para a sobrevivência da sua população. Um setor fundamental é a produção e distribuição de bens materiais necessários para a reprodução da vida corporal, o campo da economia. Aqui entra a produção e distribuição de, por ex., alimentação, água potável, proteção contra intempéries do clima (roupas e habitação adaptadas às variações climáticas), segurança contra as ameaças que vem da natureza e de outras espécies de animais.

Na medida em que nenhum indivíduo consegue produzir todos esses bens necessários para a sua sobrevivência, a vida só é possível dentro de uma comunidade ou de grupo social. O conjunto de trabalhos necessários para produzir a "cesta básica” é dividido entre seus membros e surge então o desafio de coordenar esta divisão social do trabalho de tal forma que cada processo de trabalho se articule com outros e forme, ao final, um sistema que seja capaz de produzir, pelo menos, o mínimo necessário. Este processo de coordenação inclui também o processo de decisão sobre o que, quanto, como e para quem produzir.

Se a produção ficar abaixo do mínimo, –seja pela "pobreza” do meio ambiente, deficiência tecnológica ou problemas na coordenação e decisão– a fome é inevitável, pelo menos para uma parcela do grupo. A eficiência produtiva –o uso eficiente dos meios disponíveis para produzir os bens necessários– e a correta ou justa distribuição dos frutos do trabalho se tornam questão de vida e morte para os membros da comunidade.

O mundo moderno se diferencia do mundo feudal pela busca consciente e sistemática do desenvolvimento tecnológico no campo produtivo, do aumento da divisão do trabalho (aumento da especialização) e comércio de longa distância (ampliação do sistema econômico). Com isso, a noção de eficiência produtiva e aumento da riqueza passaram a ser fundamental na sociedade, acima das noções de honra ou deveres para com a família.

O capitalismo "nasce” neste processo impondo o mercado como o principal, se não o único, coordenador da divisão social do trabalho. As perguntas "o quê, como, quanto e para quem” produzir deveriam ser respondidas pelo mercado. Isto é, –como dizia um famoso economista, Paul A. Samuelson–, as mercadorias devem ir para onde há mais "votos” em dólares. Por isso, leite pode ir para cachorros de Rockfeller, ao invés de uma criança pobre desnutrida, porque é lá que há mais votos atraindo o leite. Samuelson reconheceu que isso era terrível em termos éticos, mas que era a forma mais eficiente de organizar a economia complexa. E contra a eficiência econômica não há argumento!

Marxismo e socialismo são reações a isso propondo uma forma "racional” de organizar a economia, ao invés de sermos submetidos aos caprichos do mercado. Após a revolução soviética, essa "forma racional” foi entendida como planejamento centralizado de todas as atividades econômicas pelo Estado comunista. Assim, leite iria para a criança desnutrida por mais que um rico quisesse dá-lo para seu cachorro. O atendimento das necessidades sociais seria colocado como o objetivo final da economia, e não mais o aumento da riqueza; por isso, social-ismo. Essa foi a principal razão para que tantas pessoas de mundo inteiro aderissem com tanto entusiasmo à proposta socialista.

Num artigo curto, não é possível aprofundar as razões do por que o bloco socialista caiu, mas é possível dizer que a situação social das primeiras gerações pós-revolução de países socialistas, como Cuba, melhorou significativamente, especialmente para os mais pobres. Entretanto, o tempo mostrou que planejamento centralizado de todas as atividades econômicas pelo Estado é insustentável a médio e longo prazo por conta do aumento da ineficiência e da incapacidade de atender de modo eficiente as novas necessidades e desejos pessoais e sociais que surgem após a satisfação das necessidades básicas.

Por isso, é preciso aprender com experiências históricas para ver quão "outro”, quão diferente do mundo que vivemos hoje, pode ser a outra sociedade possível. (a continuar)

[Jung Mo Sung, autor, junto com Hugo Assmann, do livro "Deus em nós: o reinado que acontece no amor solidário aos pobres”, Paulus. twitter: @jungmosung]

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‘Outro mundo possível’ é possível?
Jung Mo Sung
Coord. Pós-Graduação em Ciências da Religião, Universidade Metodista de São Paulo
Adital


Após a queda do bloco socialista e a aparente vitória "final” do capitalismo, a afirmação de que "outro mundo é possível” se tornou uma forma de expressar a resistência à ideologia neoliberal e à atual globalização capitalista. Para muitos, a afirmação por si seria um tipo de comprovação de que outro mundo é possível. Porém, penso que é importante refletirmos um pouco sobre como mostrar a plausibilidade deste outro mundo.

É claro que para os já convencidos não há necessidade desta discussão, porém é preciso reconhecer que a maioria da população continua pensando que não há alternativas. Afinal, o poder e a capacidade de sedução dos meios de comunicação estão aí para, entre outras coisas, vender essa ideia. Por isso, é fundamental para a "esquerda”, cristã ou não, que mostremos a plausibilidade da afirmação "outro mundo é possível”.

Para o início da conversa, é importante reconhecer que o simples desejo de que outro mundo seja possível não serve de argumento para "comprovar” que este outro mundo realmente chegará a existir. Além disso, na afirmação "outro mundo é possível” o acento está na possibilidade de uma alternativa, mas não há uma explicitação de como seria este outro mundo. Tratando-se do desejo, é claro que, sob a expressão "outro mundo”, vamos encontrar imaginação de um mundo quase que perfeito, se não perfeito, onde a descrição se dá muito mais em termos das realidades que não existirão (mundo sem exploração, sem opressão, sem injustiça etc.) ou em termos qualitativos (harmonia, solidariedade...). Muito pouco aparece da descrição dos mecanismos sociais e institucionais de produção e distribuição dos bens econômicos e das relações de poder e leis na esfera pública e estatal.

A afirmação de que outro mundo é necessário também não é suficiente para mostrar a plausibilidade, pois a afirmação da necessidade pressupõe o raciocínio de que, se outro mundo não surgir, a humanidade irá desaparecer ou entrar em profundo caos. Isto é, para que o mundo humano não entre em caos, é necessário um outro mundo. Porém esta necessidade não é garantia da realização, mas sim uma condição para que o caos não se estabeleça. As pessoas podem muito bem pensar que não há alternativa e que devemos nos preparar para o caos ou que a possibilidade do caos é apenas uma chantagem dos alarmistas. Alguns, especialmente cristãos conservadores fundamentalistas, podem até pensar que o caos previsto seria o Armagedon, sinal de que o final dos tempos está chegando e, com isso, a volta triunfal de Jesus. Portanto, deveríamos esperar ansiosamente por este caos final.

Já que o simples desejo e a afirmação da necessidade não são suficientes para mostrar a plausibilidade do outro mundo possível, precisamos apresentar outros tipos de argumentações. O primeiro pode ser a afirmação de caráter metafísico de que nenhum mundo ou civilização são eternos. Só Deus é eterno e todo o mais é passageiro ou contingente. Assim, mostramos que o sistema capitalista atual também passará. Esta é uma afirmação importante porque é da característica de todos os Impérios afirmarem-se como eternos. Isto é, em termos cristãos, a idolatria de se apresentar como expressões históricas de Deus ou do Reino de Deus.

Entretanto a afirmação da contingência do atual Império (não o norte-americano, mas do sistema capitalista global) é uma condição necessária, mas não suficiente para mostrar a plausibilidade de outro mundo melhor do que atual. Muito menos para motivar as pessoas a se engajarem na luta por este outro mundo.

Um outro argumento usado no campo religioso é de que o "mundo justo” é promessa de Deus, que nos pede para lutarmos por este outro mundo. No caso do cristianismo de libertação, textos bíblicos, especialmente dos profetas, são citados para "comprovar” como Deus se revela no mundo anunciando este outro mundo. Porém, este tipo de argumento só funciona junto às pessoas que compartilham a mesma fé e o mesmo tipo de leitura bíblica ou de outro livro sagrado. Além disso, se é verdade que textos sagrados revelam, não somente a vontade de Deus, mas a garantia da realização do outro mundo, muitos poderiam perguntar por que após mais de dois mil anos essas promessas ainda não se realizaram.

Essas reflexões nos mostram que argumentos teóricos "a priori” são necessários, mas não suficientes –se é que existem– para mostrar a plausibilidade e, ao mesmo tempo, motivar pessoas a se engajarem na luta. Precisamos então voltar nossos olhos para experiências históricas. (A continuar...)

[Autor, junto com Hugo Assmann, do livro "Deus em nós: o reinado que acontece no amor solidário aos pobres”, Paulus. Twitter: @jungmosung]

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Aos queridos amigos e amigas


Da Wikipedia


Dia do amigo


Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.



O Dia do Amigo, celebrado a 20 de julho, foi primeiramente adotado em Buenos Aires, na Argentina, com o Decreto nº 235/79[1], sendo que foi gradualmente adotado em outras partes do mundo.


A data foi criada pelo argentino Enrique Ernesto Febbraro. Com a chegada do homem à lua, em 20 de julho de 1969, ele enviou cerca de quatro mil cartas para diversos países e idiomas com o intuito de instituir o Dia do Amigo. Febbraro considerava a chegada do homem a lua "um feito que demonstra que se o homem se unir com seus semelhantes, não há objetivos impossíveis".[2]


Aos poucos a data foi sendo adotada em outros países e hoje, em quase todo o mundo, o dia 20 de julho é o Dia do Amigo, é quando as pessoas trocam presentes, se abraçam e declaram sua amizade umas as outras, na teoria. [3][4][5]


No Brasil, apesar de não ser regulamentada por lei, o dia do amigo é comemorado popularmente em 18 de abril.[6] No entanto, o país também vem adotando a data internacional, 20 de julho, sendo inclusive instituída oficialmente em alguns estados e municípios.[7][8][9]

segunda-feira, 18 de julho de 2011

"Não somos Deus e querer ser "Deus” nos leva à loucura."

Do Portal Adital
O ‘complexo Deus' da modernidade
Leonardo Boff
Teólogo, filósofo e escritor
Adital


A crise atual não é apenas de escassez crescente de recursos e de serviços naturais. É fundamentalmente a crise de um tipo de civilização que colocou o ser humano como "senhor e dono” da natureza (Descartes). Esta, para ele, é sem espírito e sem propósito e por isso pode fazer com ela o que quiser.

Segundo o fundador do paradigma moderno da tecnociência, Francis Bacon, cabe ao ser humano torturá-la, como o fazem os esbirros da Inquisição, até que ela entregue todos os seus segredos. Desta atitude se derivou uma relação de agressão e de verdadeira guerra contra a natureza selvagem que devia ser dominada e "civilizada”. Surgiu também a projeção arrogante do ser humano como o "Deus” que tudo domina e organiza.

Devemos reconhecer que o Cristianismo ajudou a legitimar e a reforçar esta compreensão. O Gênesis diz claramente: "enchei a Terra e sujeitai-a e dominai sobre tudo o que vive e se move sobre ela” (1,28). Depois se afirma que o ser humano foi feito "à imagem e semelhança de Deus” (Gn 1,26). O sentido bíblico desta expressão é: o ser humano é lugar-tenente de Deus e como Este é o senhor do universo, o ser humano é senhor da Terra. Ele goza de uma dignidade que é só dele, o de estar acima dos demais seres. Dai se gerou o antropocentrismo, uma das causas da crise ecológica. Por fim, o estrito monoteísmo retirou o caráter sagrado de todas as coisas e o concentrou só em Deus. O mundo, não possuindo nada de sagrado, não precisa ser respeitado. Podemos moldá-lo ao nosso bel-prazer. A moderna civilização da tecnociência encheu todos os espaços com seus aparatos e pôde penetrar no coração da matéria, da vida e do universo. Tudo vinha envolto pela aura do "progresso”, uma espécie de resgate do paraíso das delícias, outrora perdido, mas agora reconstruído e oferecido a todos.

Esta visão gloriosa começou a ruir no século XX com as duas guerras mundiais e outras coloniais que vitimaram duzentos milhões de pessoas. Quando se perpetrou o maior ato terrorista da história, as bombas atômicas lançadas sobre o Japão pelo exército norte-americano, que matou milhares de pessoas e devastou a natureza, a humanidade levou um susto do qual não se refez até hoje. Com as armas atômicas, biológicas e químicas construídas depois, nos demos conta de que não precisamos de Deus para concretizar o Apocalipse.

Não somos Deus e querer ser "Deus” nos leva à loucura. A idéia do homem como "Deus” se transformou num pesadelo. Mas ele se esconde ainda atrás do "tina” (there is no alternative) neoliberal: "não há alternativa, este mundo é definitivo.” Ridículo. Demo-nos conta de que "o saber como poder” (Bacon) quando feito sem consciência e sem limites éticos, pode nos autodestruir. Que poder temos sobre a natureza? Quem domina um tsunami? Quem controla o vulcão chileno Puyehe? Quem freia a fúria das enchentes nas cidades serranas do Rio? Quem impede o efeito letal das partículas atômicas do urânio, do césio e de outras liberadas, pelas catástrofes de Chernobyl e de Fukushima? Como disse Heidegger em sua última entrevista ao Der Spiegel: ”só um Deus nos poderá salvar”.

Temos que nos aceitar como simples criaturas junto com todas as demais da comunidade de vida. Temos a mesma origem comum: o pó da Terra. Não somos a coroa da criação, mas um elo da corrente da vida, com uma diferença, a de sermos conscientes e com a missão de "guardar e de cuidar do jardim do Eden” (Gn 2,15), quer dizer, de manter a condições de sustentabilidade de todos os ecossistemas que compõem a Terra.

Se partimos da Bíblia para legitimar a dominação da Terra, temos que voltar a ela para aprender a respeitá-la e a cuidá-la. A Terra gerou a todos. Deus ordenou: "Que a Terra produza seres vivos, segundo sua espécie”(Gn 1,24). Ela, portanto, não é inerte, é geradora e é mãe. A aliança de Deus não é apenas com os seres humanos. Depois do tsunami do dilúvio, Deus refez a aliança "com a nossa descendência e com todos os seres vivos” (Gn 9,10). Sem eles, somos uma família desfalcada.

A história mostra que a arrogância de "ser Deus”, sem nunca poder sê-lo, só nos traz desgraças. Baste-nos ser simples criaturas com a missão de cuidar e respeitar a Mãe Terra.

O espaço escolar. Lá como cá...

Via Conteúdo Livre

Quando a escola é o espaço do inferno - Ruth de Aquino

Quase 1.000 alunos são punidos, suspensos ou expulsos por dia nas escolas. Quase 1.000 por dia, alguns com 5 anos de idade! Por abusos verbais e físicos. No ano passado, 44 professores foram internados em hospitais com graves ferimentos. Diante do quadro-negro, o governo decidiu que professores poderão "usar força" para se defender e apartar brigas. E poderão revistar estudantes em busca de pornografia, celulares, câmeras de vídeo, álcool, drogas, material furtado ou armas.
Achou que era no Brasil? É na Grã-Bretanha.

Os dados são de um relatório governamental. "O sistema escolar entrou em colapso", diz Katharine Birbalsingh, demitida do Departamento de Educação depois de criticar a violência nas escolas públicas inglesas. "Os professores acabam sendo culpados pela indisciplina. A diretoria da escola estimula essa teoria, os alunos a usam como desculpa e até os professores começam a acreditar nisso. Eles não pedem ajuda com medo de parecer incompetentes."

Os alunos jogam a cadeira no mestre, chutam a perna do mestre, empurram, xingam. Ou furam o mestre com o lápis, fazem comentários obscenos, estupram, ameaçam com facas. Alguns são casos extremos pinçados pela imprensa. Os números na Grã-Bretanha preocupam. Mostram que as escolas precisam restaurar a autoridade perdida. Muitos professores abandonaram a profissão por se sentir impotentes. Educadores mais rigorosos pregam tolerância zero com alunos bagunceiros e que não fazem seu dever de casa.

As reflexões de lá são iguais às de cá. A violência nas escolas seria uma continuação do lado de fora, na rua e nos lares. A hierarquia cai em desuso. Valores e limites, que quer dizer isso mesmo? Crianças e adolescentes não respeitam ninguém. Nem os pais, nem as autoridades, nem os vizinhos, os porteiros, os pedestres, os colegas, as namoradas. Há uma falta de cerimônia, pudor e educação no sentido mais amplo.

E aí a culpa é jogada nos pais. Por não mostrarem o certo e o errado. Não abrirem um tempo de qualidade com os filhos. Esquecê-los em frente a um computador ou televisão. O de sempre. O aluno que peita o professor também xinga os pais. Aric Sigman, da Royal Society of Medicine, em Londres, autor do livro The spoilt generation (A geração mimada) , afirma que, hoje, até criancinhas nas creches jogam objetos e cadeiras umas nas outras. "Há uma inversão da autoridade. Seus impulsos não são controlados em casa. É uma geração mimada que ataca especialmente as mães", diz ele.

Muitos professores abandonam o ensino por se sentir impotentes diante da violência dos alunos.

E o que o governo britânico faz? Manda o professor revidar. Até agora, ele era proibido de tocar no aluno, mesmo ao ensinar um instrumento numa aula de música. A nova cartilha promete superpoderes aos professores. Mestres, usem "força razoável", vocês agora têm a última palavra para expulsar um aluno agressivo, revistem mochilas suspeitas. Dará certo? Não acredito. Sem diálogo e consenso entre famílias, escolas, educadores e psicólogos, esse pesadelo não tem fim.

No Brasil, a socióloga Miriam Abramovay, da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso), admite que os professores passaram a ter medo. Numa pesquisa para a Unesco em Brasília, em 2002, um depoimento a chocou: "Um professor me disse que ia armado para a escola. Como se fosse uma selva. Isso mostra total descrença no sistema". Ela acha que o Brasil está investindo dinheiro demais em bullying, mas esquece todo o resto: "Nossa escola é de dois séculos atrás". Os ataques aos professores não se limitam à sala de aula. Carros dos mestres são arranhados, pneus são furados. Eles não têm apoio nem ideia de como reagir. Muitos trocam de escola ou abandonam a profissão.

Quando Cristovam Buarque era ministro de Lula, tinha, com Miriam, um projeto nacional de "mediação escolar" para prevenir conflitos, melhorar o ambiente e estimular o aprendizado. "Paulo Freire dizia que a escola era o espaço da alegria, do prazer, mas assim ela se torna o espaço do inferno", diz Miriam. O projeto não vingou.

domingo, 17 de julho de 2011

De autoestima, conhecimento e bem-viver

Por Selvino Heck
Assessor Especial da Secretaria Geral da Presidência da República
Adital



Seis da manhã, julho, frio de rachar ou de renguear cusco, como diria o gaúcho, uma neblina branca, densa, como se fosse no Rio Grande do Sul, vou para a biblioteca da Escola Florestan Fernandes, em Guararema, São Paulo. Encontro uns 20 jovens e lideranças dos cursos regulares do MST, livro à frente, estudando aplicadamente. Lembrei-me dos tempos de Seminário em Taquari, RS, quando, depois da ginástica matinal e da missa, e antes do café, tínhamos uma hora de leitura e estudo preparando o dia.

Realiza-se na Escola Florestan o V Encontro Macro-Regional Sudeste da Rede de Educação Cidadã, com cerca de 50 lideranças sociais, educadoras e educadores populares de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo. O tema central é ‘Comunicar para avançar no Poder popular’, com subtemas como Projeto popular e Modelo de Desenvolvimento, Formação para a Comunicação Popular, e oficinas de como fazer um jornal popular, acessar e utilizar blogs e redes sociais, avançar na comunicação e apropriação da cidade.

Após ver coletivamente o filme "Un Poquito de tanta Verdad’, sobre uma histórica greve de professores na Província de Oaxaca, sul do México, em 2006, que conquista apoio da comunidade, ganha repercussão nacional e coloca em xeque inclusive o governo federal, diz Tatiana, educadora do Rio: "As pessoas querem aprender, mas estão com a auto-estima baixa. A melhor forma de passar auto-estima é passar o conhecimento. Sem conhecimento não há auto-estima. Eu procuro melhorar a auto-estima em toda minha ação de formação. As pessoas acham que não fazem parte daquilo. A auto-estima está ligada ao sentimento, a pertencer. ‘Eu pertenço, então eu posso’. Como diz o poema do Vinícius, Operário em Construção, quando a pessoa se apropria do saber, ela passa de construído a construtor. Não é uma questão de 2 + 2 é 4, mas de saber onde se quer chegar. Por isso, é preciso resgatar o valor das mulheres, que são muito massacradas”.

O debate estendeu-se sobre os projetos de desenvolvimento e as experiências de luta e resistência, a partir do vídeo ‘Da Margem ao Centro’, do PACS do Rio de Janeiro, onde aparecem depoimentos de pescadores, de moradores das ilhas que estão tendo cada vez mais dificuldade de pescar, de comer ou comercializar os peixes que pescam, sofrem os efeitos da poluição, porque grandes usinas siderúrgicas que precisam de portos estão chegando, ou até mesmo são expulsos dos lugares onde moram há muito tempo. Diz Marcos Arruda, do PACS, no vídeo: "A palavra desenvolvimento hoje diz respeito a bens materiais, quando, originalmente, dizia respeito ao desenvolvimento dos potenciais das pessoas. O grande objetivo do desenvolvimento deve ser a felicidade”.

Fala Jardson, pescador de caiçara da Praia do Sono: "Eles fazem marina e a gente tem que sair. A gente tem que se adequar às regras deles. Será que eles têm mais direito que nós? Nós caminhamos aqui há 400 anos. Eles, menos de 30.” Ou nas palavras de seu Erasmo, pescador da Pedra de Garatiba, Baía de Sepetiba: "A ciência da vida e da letra são duas culturas maravilhosas. A ciência da vida nasce nas ilhas e na roça, que aprendi de meus pais.” Ou o pescador Ivo, do Sertão de Taquari, Paraty: "Eu tenho a maior das fortunas: liberdade e o respeito das pessoas”.

Aí volta a Tatiana: "Temos plena consciência de nossa importância de sermos educadores e de nossa responsabilidade. Nunca podemos esquecer de nossa força, do nosso poder popular. Na verdade, somos o quarto poder. Não podemos esquecer disso. Há um tripé, formação, articulação e luta, que nos orienta. Vamos lembrando a alegria quando nos trabalhos com os grupos de base alguém consegue entender. Não esquecemos do nosso compromisso com a vida, o meio ambiente”.

Raquel e Cláudia falam do trabalho da Rede de Educação Cidadã em Ribeirão das Neves, MG, e do lema que as orienta: "Nós amamos Neves”. E Isabela, do Espírito Santo, lembra que o bem-viver, da raiz indígena, do cuidado, do homem integrado ao meio ambiente, a natureza como bem coletivo, não apenas servindo-se deles, implica em solidariedade, em partilha, em querer o bem dos outros.

Olhando o mundo de hoje, as crises, os valores dominantes, não há outra conclusão a não ser que é preciso mudar de rumos. O conhecimento não pode mais ser oferecido a poucos ou estar a serviço para o lucro de meia dúzia que constrói suas marinas e condomínios e não permite à maioria do povo manter sua cultura e respeitar sua cultura comunitária e de sobrevivência.

Povo com auto-estima é povo feliz, é povo que sabe seu destino. Pode pensar e propor um projeto de desenvolvimento em outras bases do que estamos vendo hoje no mundo em crise. Porque sabe que o saber deve ser de todas e todos, tem coragem e ousadia de estudar e aprender no frio das seis da manhã a sua própria história e os caminhos que deve seguir. Não é mais tempo de tutores ou iletrados. É tempo de partilha e de construção coletiva.

Em quinze de julho de dois mil e onze.

sexta-feira, 15 de julho de 2011

O beijo de Lula e o PiG

Do Conversa Afiada
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Na saída de um evento no Parque do Anhembi em São Paulo, Lula beijou uma fã.

O G1 e o Globo publicaram a foto.

Lula não beija na boca.

Ele está para entrar no carro e dá um beijo desajeitado, acima dos labios, ao lado do nariz.

O G1 e o Globo exploram a foto.

Tem-se a impressão de que o objetivo da sequência das fotos é registrar uma  “pulada de cerca” do ex-presidente.

Uma óbvia tentativa de “flagrá-lo” num pecadilho que o incompatibilize com D. Marisa.

O Estadão, como sempre, vai às ultimas consequências. 

E diz na capa da edição online que Lula beijou a fã na boca (depois tirou o “na boca”).

Não é verdade.

São os Murdoch do Brasil.


Paulo Henrique Amorim



Foto Extra:



Fotos do G1:








(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.