sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Discurso da presidenta Dilma na cerimônia alusiva ao Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto

Do blog do Favre

04/02/2011 Dilma Rousseff: “Memória é a arma humana para impedir a repetição da barbárie”


Discurso da presidenta Dilma na cerimônia alusiva ao Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto, em Porto Alegre (RS)
“O Holocausto não é nem nunca será apenas um momento histórico. Ele abre no mundo uma determinada prática de trato do opositor político, que consiste em não apenas calá-lo, mas reduzi-lo à sub-humanidade, pela tortura, a dor e a morte lenta (…). O dever de memória não deve se confundir com a passividade da simples lembrança. Ele expressa a firme determinação de impedir que a intolerância e a injustiça se banalizem no caminho da humanidade. A memória é a arma humana para impedir a repetição da barbárie”, declarou a Presidenta Dilma Rousseff na solenidade do Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto, nesta quinta-feira à noite, em Porto Alegre.
“Nosso dever é não compactuar com nenhuma forma de violação dos Direitos Humanos em qualquer país, em especial o Brasil”, reiterou Dilma. Ela condenou atos de intolerância, discriminação e aversão ao outro e ao diferente. Pediu, a todos aqueles que não sofrem perseguições, “solidariedade e coragem” para se manifestar contra as práticas da barbárie. E ressaltou que devemos nos esforçar para aprimorar o convívio, o diálogo e o respeito a todas as minorias.
A presidenta homenageou o povo judeu, cuja “resistência cultural e religiosa pavimentaram o caminho para uma pátria física, direito que não pode ser negado a nenhum povo”. E afirmou que a “tradição e dignidade dos judeus integram de forma especial a nacionalidade brasileira”.
Dilma foi a última e principal oradora da solenidade promovida pela Conib em parceria com Federação Israelita do Rio Grande do Sul, que teve a presença dos governadores Tarso Genro, do Rio Grande do Sul, e Jaques Wagner, da Bahia; dos ministros Fernando Bezerra, da Integração Nacional; Maria do Rosário, da Secretaria dos Direitos Humanos; dos prefeitos de Porto Alegre, José Fortunatti, e de São Paulo, Gilberto Kassab; do embaixador de Israel, Giora Becher; dos presidentes da Conib, Claudio Lottenberg; da Federação Israelita do Rio Grande do Sul (FIRS), Jarbas Milititsky; do Congresso Judaico Latino-Americano, Jack Terpins; e da Federação Israelita do Estado de São Paulo, Boris Ber; entre outras autoridades políticas, diplomatas, intelectuais, rabinos e líderes comunitários.
Claudio Lottenberg elogiou a preocupação da presidenta com os Direitos Humanos, com as vítimas de perseguições, com a liberdade de orientação sexual, os direitos da mulher e o direito à liberdade religiosa. E acrescentou: “Como presidente da Confederação Israelita do Brasil, tenho a obrigação de lutar contra todos os negadores do Holocausto. Como líder de uma comunidade que participa intensamente da vida brasileira, tenho o dever moral de me alinhar aos que preservam a democracia e aos que lutam contra os intolerantes. Sobretudo, devo apoiar aqueles que respeitam a diversidade. A senhora sabe, melhor do que todos nós, o que é ser torturada e o que significa ter os seus direitos de expressão subtraídos”. Antes da cerimônia, ele expressou satisfação em saber que a presidenta tem posição diferente, em relação ao Irã, daquela que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva manifestou no passado.
“Hoje, no mundo inteiro, fazemos questão de lembrar o Holocausto, para que ele não se repita. Não vamos mais nos calar”, disse o presidente da FIRS, Jarbas Milititsky, ressaltando que o mundo assistiu calado aos horrores do Holocausto.
O governador Tarso Genro disse que a comunidade judaica terá, em sua gestão, “braços acolhedores”. “Este é um dia de construção de valores, tão bem defendidos pelos judeus”, afirmou. O prefeito José Fortunatti lembrou que Porto Alegre é a primeira cidade do País a instituir a disciplina de estudos do Holocausto nas escolas municipais, com o objetivo de “criar um ambiente de reflexão em torno de temas como a intolerância e a discriminação, de modo que se possa construir um País mais solidário, humano e tolerante”.
O ex-chanceler Celso Lafer, um estudioso da filósofa Hanna Arendt, citada mais de uma vez pela presidenta, elogiou a fala de Dilma pela “reiterada manifestação contra as violações dos Direitos Humanos em qualquer país”. Lafer citou o fato de a presidenta lembrar que o Holocausto instituiu a tortura como método de desumanização em escala industrial, do que se aproveitaram governos e regimes em várias partes do mundo depois da Segunda Guerra “fazendo muitas vítimas, como ela, por exemplo”.

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