domingo, 31 de outubro de 2010

Viva Dilma! Viva Lula! Viva o Brasil!!!

Via blog da cidadania

Dilma Rousseff, 36º presidente do Brasil



Não devo escrever muito. O momento é de os democratas comemorarem a vitoria da verdade sobre a mentira, da democracia sobre os vassalos da ditadura militar que ameaçaram retomar o poder por meio de um homem sem caráter, capaz de tudo para atingir objetivos pessoais.
Haverá muito, muito tempo para analisar o novo Brasil que não pára de surgir no horizonte. Agora é hora de comemorar. Comemore, pois. Escreva aqui o que quiser. O blog é seu. Você merece por ajudar este espaço a travar o bom combate com seu apoio, com sua leitura, sua repercussão.
Viva Lula!
Viva Dilma!
Viva a Democracia!
Viva a verdade!
Viva o Brasil!

sábado, 30 de outubro de 2010

Dilma 13 Presidente: representar e aprimorar o projeto de Lula

Do Tijolaço


Dilma arrastou uma multidão hoje de manhã em Belo Horizonte
Mesmo envolvida com a carga emocional do último dia de uma campanha extenuante e com o simbolismo de falar às margens da Lagoa da Pampulha, em Belo Horizonte, “o lugar onde minha vida começou”, Dilma foi firme na entrevista coletiva que concedeu e recusou a agenda que a imprensa tenta lhe colocar desde já no caso da vitória que se anuncia amanhã.
Todo presidente eleito estende a mão ao país assim que sai o resultado das urnas, mas isso não significa que vá abrir mão de um projeto vitorioso, que terá sido escolhido pela maioria da população. Por isso, ao ser perguntada se convidaria a oposição para conversar em um eventual governo, ela rebateu de pronto: “Vou governar com a minha coligação. Eu represento esse projeto do presidente Lula, que eu tenho a responsabilidade agora, se eu for eleita, se Deus quiser, de continuar”.
A vitória de Dilma será exatamente isso. De representar e aprimorar o projeto de Lula. E Dilma terá até mais condições do que Lula de avançar. Na primeira eleição, Lula pegou o país destroçado e teve que fazer concessões para arrumar a casa. Na reeleição, não havia o simbolismo da vitória sobre um outro projeto, pois a idéia era apenas de prosseguimento. Mesmo assim, Lula avançou bastante em seus compromissos no segundo mandato, e agora Dilma pode dar o salto que o povo espera para que o Brasil cresça e se torne ainda mais justo.
Dilma terá no póprio Lula um excelente conselheiro. Embora tenha identidade e personalidade próprias, Dilma não pode dispensar a experiência de Lula, outra armadilha da mídia que ela soube repelir muito bem na entrevista de hoje, como conta o UOL. “Ninguém neste país vai me separar do presidente Lula. Ele será sempre uma pessoa em quem eu confio, em quem eu tenho imensa confiança pessoal.”
Dilma venceu bem a eleição em Minas no primeiro turno, e tem tudo para repetir o resultado. Pesquisa divulgada hoje pelo jornal Estado Minas mostra Dilma com 17 pontos de vantagem sobre Serra (49% a 32%), que também foi a Belo Horizonte, mas só andou na Savassi, a área mais nobre da capital mineira, enquanto Dilma percorreu os bairros populares. O ex-governador Aécio Neves participou mais da campanha de Serra no segundo turno, depois que se elegeu senador, mas já alertou o candidato à presidência que o quadro no estado não está nada favorável a uma virada tucana. Foi apenas um eufemismo de Aécio. Dilma vencerá esmagadoramente em Minas, como no resto país, consagrando a escolha da população por um projeto comprometido com as questões nacionais e populares.
Muita gente, de todo o país, me deu informes positivos.
Acho que, como vidente, vou passar em segunda época, com aquela minha previsão de 60%…

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

O bispo conclamou: Vamos fazer o nosso Brasil avançar ainda mais, com Dilma, que já provou ser coerente, competente e comprometida com a VIDA.

Via blog Liberdade Aqui

“Vote em Dilma, ela é a favor da vida”



Bispo diocesano agradece ao Papa e defende o voto em Dilma, a favor da vida

Dom Luiz Carlos Eccel, bispo diocesano de Caçador (SC) foi direto ao assunto: “Obrigado Santo Padre por suas sábias palavras! A Dilma é a resposta para as nossas inquietações a respeito da vida. Quem sofreu nos porões da ditadura, não mata. Mas teve gente que matou a vida no seu ventre para fugir da ditadura, e portanto não deveria se comportar como os fariseus, que jogam pedras, sabendo-se pecadores”. O bispo conclamou: Vamos fazer o nosso Brasil avançar ainda mais, com Dilma, que já provou ser coerente, competente e comprometida com a VIDA. O dragão devastador não pode voltar ao poder”. 
Este blog apoia Dilma Rousseff para presidente do Brasil
Leia na íntegra o texto de Dom Luiz Carlos Eccel:
O papa e a política
O Santo Padre foi muito oportuno e feliz nas suas colocações, porque o Estado Brasileiro é laico, mas seu povo é religioso, e isto precisa ser respeitado. Quando digo que o povo é religioso é porque está disposto a fazer a Vontade de Deus e não somente dizer: Senhor, Senhor…, como às vezes se pretende, de maneira especial dentro da própria Igreja.
Existem facções sociais, políticas e religiosas especializadas em fazer lavagem cerebral, deixando as pessoas sem convicções, mas com obsessões, e com a consciência invencivelmente errônea. Ficam semelhantes aos grãos de pipoca que levados ao fogo não estouram, e com mais fogo, mais duros ficam. Tornam-se donas da “verdade”. Estão até manipulando o texto do Papa, para justificar a sede do poder. (cf. http://www.releituras.com/rubemalves_pipoca.asp)
É a Vontade de Deus que nos salva e não a nossa, e sobre isto precisamos sempre nos exortar mutuamente, como diz o Apóstolo São Paulo. Portanto, que nossa fé seja sempre vivificada pela mútua exortação. Pode ocorrer de nos esquecermos que somos todos peregrinos caminhando para a Casa do Pai, e quando lá chegarmos, poderemos ouvir de Jesus o seguinte: “Afastai-vos de mim, vos que praticastes a injustiça, a maldade” (Lc13,27). Creio que ninguém vai querer ouvir isto naquela hora. Seu passaporte está em dia? Pode ter certeza de que a eternidade existe… Assim, busquemos alimentar nossa fé, sem esquecer, como diz o Papa, que ela deve implicar na política. A fé sem obras é morta, diz a Escritura Sagrada. E uma das obras que deve provir da fé, é o nosso voto consciente em pessoas que vão governar para o bem comum, respeitando a vida em todas as suas etapas e dimensões.
No mesmo dia em que li o discurso do Papa, assistindo ao telejornal, à noite, escutei o pronunciamento da candidata e do candidato à presidência do Brasil a respeito do discurso do Papa. Ambos concordaram com as Palavras do Papa, dizendo que é missão dele exortar para uma vida coerente com os valores da fé e da moral, e que as palavras do Papa valem para todas as pessoas de fé, no mundo inteiro.
O Papa falou, também, que o voto deve estar a serviço da construção de uma sociedade justa e fraterna, defensora vida.
Como Bispo da Igreja Católica, e como cidadão brasileiro, fico feliz por saber que nosso Presidente tem defendido a vida, e sempre se pronunciou contra o aborto. Nesses últimos anos, o Brasil tem crescido e melhorado em todos os aspectos, de maneira especial no respeito à vida e a valorização da dignidade humana. Esta é a Vontade de Deus! E as pessoas, em plena posse de suas faculdades mentais, vão reconhecer esta verdade.
Nosso país está em pleno desenvolvimento e assim queremos continuar e, depois de 500 anos, nosso povo quer eleger, pela primeira vez, uma mulher que tem compromisso com a vida e provou isso com sua própria vida. Como? Ela não fugiu para o exterior durante a ditadura, mas a enfrentou com garra e, por isso, foi presa e torturada.
Ela queria um país livre, e que todas as pessoas pudessem viver sem medo de serem felizes, vencendo a mentira e o ódio com a verdade e o amor, servindo aos ideais de liberdade e justiça, com sua própria vida. Disse Jesus: “Ninguém tem maior amor do aquele que dá a própria vida pelos irmãos” (Jo 15,13).
Obrigado Santo Padre por suas sábias palavras! A Dilma é a resposta para as nossas inquietações a respeito da vida. Quem sofreu nos porões da ditadura, não mata. Mas teve gente que matou a vida no seu ventre para fugir da ditadura, e portanto não deveria se comportar como os fariseus, que jogam pedras, sabendo-se pecadores. E Jesus disse: “Quem quiser salvar a sua vida vai perdê-la, e quem entregar sua vida por causa de mim, vai salvá-la”(Mt 10,39)
Vamos fazer o nosso Brasil avançar ainda mais, com Dilma, que já provou ser coerente, competente e comprometida com a VIDA. O dragão devastador não pode voltar ao poder.
Deus abençoe os leitores e eleitores, governos e governados. Saúde e paz a todos (as)!
Tudo o que você me desejar, eu lhe desejo cem vezes mais. Obrigado.
Caçador, 28 de outubro de 2010
Dom Luiz Carlos Eccel
Bispo Diocesano de Caçador

Carlos Lacerda do terceiro milêncio, O Corvo 2 = Serra

Do blog da Glria Leite´

Ao leitor que reclama que eu sou parcial…

Hildegard Angel

Leitor reclama de minha parcialidade política, segundo ele sempre reservando as críticas do blog para José Serra. Entretanto, leitor, acho mais honesto isso do que se fingir de imparcial e escrever como parcial, manipulando a boa fé dos leitores. E nós sabemos como é fácil fazer isso, quando se é jornalista e não se tem grandes preocupações éticas...

Quem me acompanha sabe que sou voto declarado em Dilma, desde o princípio da campanha, não apenas agora, no segundo turno. Sou voto declarado, donde minha opinião é comprometida com a posição já assumida. E sou falante, gosto de me colocar. Mas respeito quem pensa diferente, e são muitos os meus amigos queridos que pensam diferente de mim na política. Porém, não desqualifico nem ofendo, como fazem alguns. Pra variar, vou me colocar hoje de novo a respeito dessa campanha do candidato tucano...

A gente ouve o horário eleitoral do Serra e tem vontade de vomitar. Ele diz que lutou pela esquerda e, ao mesmo tempo, tenta criminalizar Dilma por ter lutado à esquerda. Diz que criou o que os outros criaram (genéricos, lei pescadores etc.) e copia na maior desfaçatez a invenção alheia. Hoje, no rádio, como grande novidade, fala que seu programa de casas populares vai dar título de propriedade em nome das mulheres. O que o Minha Casa Minha Gente, do governo, faz desde o princípio...

Usa sistematicamente a tática do medo. Aproveita-se do fato de a grande imprensa estar fechada com ele (isto é, não repercute denúncias graves que envolvem seus parentes, gravíssimas – sigilos bancários, Banestado etc.) e procura responsabilizar Dilma por fatos não esclarecidos que nada têm a ver com ela...

É deselegante, mostra seu caráter com uma campanha que todo o tempo desqualifica uma mulher que o tratou com elegância desde o início. E, no momento em que finalmente Dilma, que é humana, reage com severidade, a imprensa-amiga-irmã-camarada de Serra diz que ela foi “agressiva”. Uma vergonha completa...

Serra é o Carlos Lacerda do Terceiro Milênio. O Corvo 2. Com a diferença que Lacerda mostrou competência como governador e Serra tirou nota 3,75 do Diap (baixíssima), como deputado constituinte, e foi um ministro da Saúde medíocre (dengue, sanguessugas etc.). Nós, aqui no Rio de Janeiro, bem vimos o estado calamitoso em que esteve a rede hospitalar pública à sua época. Os médicos e enfermeiros com memória e caráter sabem...

Serra, em vez de programa de governo, apresenta promessas, promessa vazias, muitas inviáveis, joga com a desinformação do eleitor, manipula, confunde ficção e verdade. Ele, por exemplo, denuncia que Dilma deu às empresas privadas e estrangeiros poços de petróleo, omitindo que foi o seu governo que mudou as regras nacionalistas anteriores, abrindo concessões para privadas e estrangeiros. Serra parece acreditar que o eleitor é um despreparado, mas nem todos, Serra, nem todos...

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Ibope mostra DILMA 13 - PRESIDENTE com 14% de vantagem

Via Tijolaço

O Ibope acaba de mostrar Dilma com 14 pontos de vantagem (57% a 43%) sobre Serra nos votos válidos, exatamente a diferença apontada pelo Vox Populi há três dias. Na pesquisa anterior do Ibope, divulgada no último dia 20, a vantagem de Dilma nos válidos era de 12 pontos percentuais.
Nos votos totais, incluindo brancos, nulos e indecisos, Dilma tem 52% das intenções de voto, contra 39% de Serra. Em relação à pesquisa anterior, Dilma subiu um ponto e Serra caiu um ponto percentual. Brancos e nulos somam 5% e os indecisos são 4%.
O Ibope também mostra um elevado índice de consolidação dos votos, com 82% dos eleitores afirmando que seu voto é definitivo, enquanto 13% admitiram que podem mudar o voto.
A pesquisa Ibope também ouviu os eleitores sobre o governo Lula. Para 80% dos entrevistados, o governo Lula é bom ou ótimo. 15% o consideram regular e 4%, ruim ou péssimo.

Mais um motivo para não votar no Zé Baixaria

Do Tijolaço

O senhor José Serra está, como todos sabem, fazendo uma campanha que apela para preconceitos e explorações as mais baixas.
Em geral, faz isso com ataques desrespeitosos a Dilma Rousseff.
Hoje, porém, ele ofendeu todas as mulheres.
Ao pedir a eleitoras, em Uberlândia, que conseguissem mais votos, ele se superou, se é possível dizer que se supera quem desce ao preconceito mais vil contra a mulher.
Em lugar de pedir que lhe conquistassem votos com argumentos e conversas políticas, sugeriu que elas fizessem um leilão de seus atributos físicos.
“Se você é uma menina bonita, tem que conseguir 15 votos. Pegue a lista de pretendentes e mande um e-mail. Fale que quem votar em mim tem mais chance com você”, pediu ele, como relata o portal UOL.
Cercado por grupos de batucada e fanfarra contratados, além de cerca de cinco ônibus vindos de Belo Horizonte com militantes, que recebem R$ 40 por dia, Serra faltou ao respeito com todas as mulheres que, a cada dia, lutam por conseguir ver reconhecida sua capacidade intelectual e política, que não é em nada inferior à dos homens.
Votar em Dilma, além de ser um ato de reconhecimento a esta luta, passou a ser algo que toda mulher e que todo homem que as respeita deve fazer contra este tipo de visão odiosamente machista, porque agride a inteligência e a dignidade de nossas mães, esposas, amigas, filhas e netas. Pergunte a uma delas se ela aceitaria fazer o que Serra sugere. Não é preciso mais para que qualquer pessoa entenda que tipo de homem é ele.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Os reacionários e a história

Via Escrevinhador

De Emir Sader, com carinho, para a “Folha”: onde você estava em 64?

publicada quarta-feira, 27/10/2010
por Emir Sader, na “Carta Maior”
Há momentos na história de cada país que são definidores de quem é quem, da natureza de cada partido, de cada força social, de cada indivíduo. Há governos em relação aos quais se pode divergir pela esquerda ou pela direita, conforme o ponto de vista de cada um. Acontecia isso com governos como os do Getúlio, do JK, do Jango, criticado tanto pela direita – com enfoques liberais ou diretamente fascistas – e pela esquerda – por setores marxistas.
Mas há governos que, pela clareza de sua ação, não permitem essas nuances, que definem os rumos da história futura de um país. Foi assim com o nazismo na Alemanha, com o fascismo na Itália, com o franquismo na Espanha, com o salazarismo em Portugal, com a ocupação e o governo de Vichy na França, entre outros exemplos.
No caso do Brasil e de outros países latinoamericanos, esse momento foi o golpe militar e a instauração da ditadura militar em 1964. Diante da mobilização golpista dos anos prévios a 1964, da instauração da ditadura e da colocação em prática das suas políticas, não havia ambigüidade possível, nem a favor, nem contra. Tanto assim que praticamente todas as entidades empresariais, todos os partidos da direita, praticamente todos os órgãos da mídia – com exceção da Última Hora – pregavam o golpe, participando e promovendo o clima de desestabilização que levou à intervenção brutal das FAA, que rompeu com a democracia – em nome da defesa da democracia, como sempre -, apoiaram a instauração do regime de terror no Brasil.
Como se pode rever pelas reproduções das primeiras páginas dos jornais que circulam pela internet, todos – FSP, Estadão, O Globo, entre os que existiam naquela época e sobrevivem – se somaram à onda ditatorial, fizeram campanha com a Tradição, Família e Propriedade, com o Ibad, com a Embaixada dos EUA, com os setores mais direitistas do país. Apoiaram o golpe e as medidas repressivas brutais e aquelas que caracterizariam, no plano econômico e social à ditadura: intervenção em todos os sindicatos, arrocho salarial, prisão e condenação das lidreanças populares.
Instauraram a lua-de-mel que o grande empresariado nacional e estrangeiro queria: expansão da acumulação de capital centrada no consumo de luxo e na exportação, com arrocho salarial, propiciando os maiores lucros que tiveram os capitalistas no Brasil. A economia e a sociedade brasileira ganharam um rumo nitidamente conservador, elitistas, de exclusão social, de criminalização dos conflitos e das reivindicações democráticas, no marco da Doutrina de Segurança Nacional.
As famílias Frias, Mesquita, Marinho, entre outras, participaram ativamente, no momento mais determinante da história brasileira, do lado da ditadura e não na defesa da democracia. Acobertaram a repressão, seja publicando as versões mentirosas da ditadura sobre a prisão, a tortura, o assassinato dos opositores, como também – no caso da FSP -, emprestando carros da empresa para acobertar ações criminais os órgãos repressivos da ditadura. (O livro de Beatriz Kushnir, “Os cães de guarda”, da Editora Boitempo, relata com detalhes esse episódio e outros do papel da mídia em conivência e apoio à ditadura militar.)
No momento mais importante da história brasileira, a mídia monopolista esteve do lado da ditadura, contra a democracia. Querem agora usar processos feitos pela ditadura militar como se provassem algo contra os que lutaram contra ela e foram presos e torturados. É como se se usassem dados do nazismo sobre judeus, comunistas e ciganos vitimas dos campos de concentração. É como se se usassem dados do fascismo italiano a respeito dos membros da resistência italiana. É como se se usassem dados do fraquismo sobre o comportamento dos republicanos, como Garcia Lorca, presos e seviciados pelo regime. É como se se usasse os processos do governo de Vichy como testemunha contra os resistentes franceses.
Aqueles que participaram do golpe e da ditadura foram agraciados com a anistia feita pela ditadura, para limpar suas responsabilidades. Assim não houve processo contra o empréstimo de viaturas pela FSP à Operação Bandeirantes. O silêncio da família Frias diante da acusações públicas, apoiadas em provas irrefutáveis, é uma confissão de culpa.
Estamos próximos de termos uma presidente mulher, que participou da resistência à ditadura e que foi torturada pelos agentes do regime de terror instaurado no país, com o apoio da mídia monopolista. Parece-lhes insuportável moralmente e de fato o é. A figura de Dilma é para eles uma acusação permanente, pela dignidade que ela representa, pela sua trajetória, pelos valores que ela representa.
Onde estava cada um em 1964? Essa a questão chave para definir quem é quem na democracia brasileira.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Sem medo de ser feliz, Dilma Lá!

Via blog do Luis Nassif

Wagner Tiso e a volta do Lula-lá

Por João Maria Fernandes de S...
Nassif, malungos e maravilhosas... simplesmente Wagner Tiso...
"Wagner Tiso recria para Dilma o famoso jingle de Lula
A campanha de Dilma Rousseff no segundo turno está sendo impulsionada por uma extraordinária mobilização da sociedade, como só ocorre nos grandes momentos da História.
Manifestações espontâneas de professores, estudantes, religiosos, trabalhadores, ambientalistas, artistas e intelectuais constituíram uma gigantesca corrente pela democracia e pelo avanço das políticas de inclusão social do governo Lula.
"Tem um clima pra cima no ar, que lembra a campanha de Lula em 1989", disse o compositor e maestro Wagner Tiso, um dos organizadores do ato Cultura com Dilma, que reuniu mais de dois mil profissionais das artes e da cutura no Teatro Oi-Casagrande, no Rio, em 18 de outubro.
Embalado pela manifestação, Wagner Tiso entrou no estúdio de gravação para recriar um dos maiores sucessos da história das campanhas eleitorais: o jingle "Sem Medo de ser Feliz".

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Dilma, pelo cuidado de nossa gente.

Via blog do Noblat

ARTIGO

Dilma: a importância de uma mulher na Presidência

 Há duas formas principais de estarmos presentes no mundo: pelo trabalho e pelo cuidado.
Como somos seres sem nenhum órgão especializado, à diferença dos animais, temos que trabalhar para sobreviver. Vale dizer, precisamos tirar da natureza tudo o que precisamos. Nessa diligência usamos a razão prática, a criatividade e a tecnologia. Aqui precisamos ser objetivos e efetivos, caso contrário sucumbimos às necessidades.
Na história humana, pelo menos no Ocidente, instaurou-se a ditadura do trabalho. Este mais do que obra foi transformado num meio de produção, vendido na forma de salário, implicando concorrência e devastação atroz da natureza e perversa injustiça social. Representantes principais, mas não exclusivos, do modo de ser do trabalho são os homens. 

A segunda forma é o cuidado. Ele tem como centralidade a vida e as relações interpessoais e sociais.
Todos somos filhos e filhas do cuidado, porque se nossas mães não tivessem tido infinito cuidado quando nascemos, algumas horas depois teríamos morrido e não estaríamos aqui para escrever sobre estas coisas.
O cuidado tem a ver mais com sujeitos que interagem entre si do que com objetos a serem gestionados. O cuidado é um gesto amoroso para com a realidade.
O cuidado não se opõe ao trabalho. Dá-lhe uma característica própria que é ser feito de tal forma que respeita as coisas e permite que se refaçam.
Cuidar significa estar junto das coisas protegendo-as e não sobre elas, dominando-as. Elas nunca são meros meios. Representam valores e símbolos que nos evocam sentimentos de beleza, complexidade e força.
Obviamente ocorrem resistências e perplexidades. Mas elas são superadas pela paciência perseverante. A mulher no lugar da agressividade, tende a colocar a convivência amorosa. Em vez da dominação, a companhia afetuosa. A cooperação substitui a concorrência. Portadoras privilegiadas, mas não exclusivas, do cuidado são as mulheres.
Desde a mais remota antiguidade, assistimos a um drama de consequêncas funestas: a ruptura entre o trabalho e o cuidado. Desde o neolítico se impôs o trabalho como busca frenética de eficácia e de riqueza.
Esse modo de ser submete a mulher, mata o cuidado, liquida a ternura e tensiona as relações humanas. É o império do androcentrismo, do predomínio do homem sobre a natureza e a mulher.
Chegamos agora a um impasse fundamental: ou impomos limites à voracidade produtivista e resgatamos o cuidado ou a Terra não aguentará mais.
Sentimos a urgência de feminilizar as relações, quer dizer, reintruzir em todos os âmbitos o cuidado especialmente com referência às pessoas mais massacradas (dois terços da humanidade), à natureza devastada e ao mundo da política.
A porta de entrada ao universo do cuidado é a razão cordial e sensível que nos permite sentir as feridas da natureza e das pessoas, deixar-se envolver e se mobilizar para a humanização das relações entre todos, sem descurar da colaboração fundamental da razão intrumental-analítica que nos permite sermos eficazes. 

É aqui que vejo a importância de podermos ter providencialmente à frente do governo do Brasil uma mulher como Dilma Rousseff. Ela poderá unir as duas dimensões do trabalho que busca racionalidade e eficácia (a dimensão masculina) e do cuidado que acolhe o mais pobre e sofrido e projeta políticas de inclusão e de recuperação da dignidade (dimensão feminina).
Ela possui o caráter de uma grande e eficiente gestora (seu lado de trabalho/masculino) e ao mesmo tempo a capacidade de levar avante com enternecimento e compaixão o projeto de Lula de cuidar dos pobres e dos oprimidos(seu lado de cuidado/feminino). Ela pode realizar o ideal de Gandhi: “política é um gesto amoroso para com o povo”.
Neste momento dramático da história do Brasil e do mundo é importante que uma mulher exerça o poder como cuidado e serviço.
Ela, Dilma, imbuida desta consciência, poderá impor limites ao trabalho devastador e poderá fazer com que o desenvolvimento ansiado se faça com a natureza e não contra ela, com sentido de justiça social, de solidariedade a partir de baixo e de uma fraternidade aberta que inclui todos os povos e a inteira a comunidade de vida.

Leonardo Boff escreveu com Rose Marie Muraro,Feminino e Masculino (Record) 2002.

Quem foi de Marina agora é Dilma 13, Presidente

Do blog da Maria Frô



Ato pró-Dilma Juventude marineira 27/10/2010 São Paulo



Quem foi de Marina agora é Dilma 13, Presidente


domingo, 24 de outubro de 2010

Oportunidade, o verdadeiro voto do Nordeste

Via Terror do Nordeste

Desconstrução do preconceito


Mauricio Dias
Não resulta do Bolsa Família o voto nordestino pró-Dilma, ainda maior no segundo turno

Para entender melhor o resultado do primeiro turno da eleição presidencial e projetar o resultado final do confronto entre Dilma e Serra, no dia 31 de outubro, é preciso falar do velho preconceito contra o Nordeste plantado nos corações e mentes de parte da elite das regiões Sul e Sudeste. O “Sul Maravilha”, conforme batismo do cartunista Henfil, um ícone do petismo aguerrido e ortodoxo.


Para esse pessoal, o voto no Nordeste foi comprado pelo Bolsa Família. Ninguém oferece uma contribuição melhor para a compreensão dessa questão do que a professora Tânia Bacelar, da Universidade Federal de Pernambuco.


Os argumentos dela não se sustentam no compromisso político. Ela mostra que os beneficiários do Bolsa Família “não são suficientemente numerosos para responder pelos porcentuais elevados obtidos por Dilma no primeiro turno: mais de dois terços dos votos no Maranhão, Piauí e Ceará e mais de 50% nos demais estados e cerca de 60% do total”.


Há fatos gerados pela administração Lula que explicam os votos: essa região, assim como o Norte, liderou as vendas do comércio varejista no Brasil entre 2003 e 2009. A consequência, segundo Tânia Bacelar, foi o dinamismo do consumo que “atraiu investimentos para a região”.


“Redes de supermercados, grandes magazines e indústrias alimentares e de bebidas, entre outros, expandiram sua presença no Nordeste ao mesmo tempo que as pequenas e médias empresas locais ampliavam sua produção”, explica.


O longo e importante braço da Petrobras influiu na dinâmica da economia nordestina. Houve investimento em novas refinarias e o resgate da indústria naval, que levou para aquela região vários estaleiros.


Tânia Bacelar fala, também, da “ampliação dos investimentos em infraestrutura, promovida pelo PAC com recursos que, somados, têm peso no total dos investimentos previstos superior à participação do Nordeste na economia nacional”.

Lula, segundo ela, quebrou o mito de que “a agricultura familiar era inviável”. Entre 2002 e 2010, o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) sextuplicou os investimentos e, somado a outros instrumentos (Seguro-Safra e Programa de Compra de Alimentos, entre outros), passou a gerar três em cada quatro empregos rurais do País. O Nordeste abriga 43% da população economicamente ativa do setor agrícola brasileiro.


O resultado disso é registrado pela professora Tânia: “O Nordeste liderou o crescimento do emprego formal no País com 5,9% ao ano entre 2003 e 2009, taxa superior à de 5,4% registrada para o Brasil como um todo, e aos 5,2% do Sudeste, segundo dados da Rais”. E é no Nordeste onde houve também a maior redução da pobreza extrema (tabela).


Dilma obteve média de 65% dos votos nos nove estados nordestinos no primeiro turno. Esse porcentual nas pesquisas do segundo turno subiu para 71%. Sondagem do Ibope realizada no glorioso estado do Piauí retrata isso. No primeiro turno, a candidata petista alcançou um pouco mais de 60% dos votos. Agora deu um salto. No dia 15 de outubro, o Ibope registrou 70% das intenções de voto nela entre os piauienses. Isso pode prenunciar um massacre eleitoral.
“Esse não é o voto da submissão, da desinformação ou da ignorância. É o voto da autoconfiança recuperada e da esperança na consolidação dos avanços alcançados”, afirma Bacelar.

O Nordeste não trocou o voto pelo miolo do pão.


Mauricio Dias


Maurício Dias é jornalista, editor especial e colunista da edição impressa de CartaCapital. A versão completa de sua coluna é publicada semanalmente na revista. mauriciodias@cartacapital.com.br

"São múltiplas as máscaras de que a direita se utiliza para a manutenção dos seus padrões e interesses de classe"

Via Terror do Nordeste

Iniquidades ideológicas


Aproximando-nos do desfecho do processo eleitoral, é profundamente lamentável a constatação do baixíssimo nível que tem marcado muitos dos seus momentos. E qualquer que seja o balanço que se faça a respeito , um lugar vergonhosamente especial estará reservado à perversa declaração de que Dilma seria a favor de matar as criancinhas. Dentre todas as iniquidades ideológicas produzidas no instante em que vivemos, essa certamente se candidata a engrossar o rol das mais revoltantes posturas assumidas na história do ambiente político nacional, com a inverdade e a desfaçatez sendo postas a serviço de propósitos nem sempre confessáveis.


A vantagem dos cabelos brancos deste colunista – se há vantagem nos cabelos brancos – é que eles, sendo a metonímia do passar do tempo, por isso mesmo me fizeram testemunha de muitos momentos relevantes da história moderna do meu país, alguns de bem triste memória, outros de profundo regozijo.


Quando jovem, ouvia dizer que os comunistas eram criaturas pérfidas que “comiam criancinhas”, Aliás, recordo-me de que a primeira vez em que escutei essa afirmação foi quando, presidente em um grêmio estudantil do Colégio Pedro II, com meus 15 anos, quis promover no colégio uma palestra com o desembargador Osni Duarte Pereira, cujo tema era “O Petróleo é nosso”. O palestrante seria comunista, na visão de quem queria proibir o evento, e “comunistas, você sabe, dizem até que comem criancinhas...”


Coincidências? Não creio. O pensamento retrógrado, quando não consegue explicitar suas teses (ou não quer deixá-las claro, por serem retrógradas), vale-se de argumentos terroristas, insufla o medo. Naquele momento (estávamos em 1958), a cobiça do capital estrangeiro debruçava-se sobre o nosso petróleo, havia até quem dissesse que nem tínhamos petróleo, e defendê-lo era coisa de esquerdista, de comunista, rótulo que atingia a todos que possuíam uma visão nacionalista do problema. Hoje, com o pré-sal na alça de mira dos que pretendem fazer o jogo entreguista de sempre, não sei por quê, comparo a frase gerada na campanha tucana àquela que escutava então...


O discurso do medo é a arma dos que não têm coragem de assumir posições “inassumíveis” para o grande público. Estou aqui me lembrando de Regina Duarte, alçada à condição de arauto da desgraça naquele patético depoimento que antecedeu a eleição do Lula. Lula de quem, aliás, se dizia que não tinha condições pessoais de governar o país, porque jamais tinha tido um cargo executivo, e que hoje sai do governo com 80% de aprovação popular. Coincidências? Não creio. A turma tucana vive por aí apregoando os “títulos” de seu candidato como se fossem , por si só, representativos de algo. E afirmando, categoricamente, como cassandras vocacionais que são, que a Dilma “não vai dar conta...” porque lhe falta experiência (que, aliás, não falta). E cá para nós: será que não conhecemos muitas figuras nefastas na política do nosso país que já ocuparam todos os cargos possíveis e imagináveis?


Junto com o discurso do medo, a direita é pródiga em sentenciar a imoralidade alheia, a corrupção dos outros, e tem o apoio da mídia para repercutir isso, a mesma mídia que se cala no que respeita à improbidade dos que atendem aos seus interesses. Coloca-se Erenice na ordem do dia, mas Arruda e suas falcatruas com a coisa pública são convenientemente esquecidos – e ele seria o vice do Serra, como “expressivo” nome do DEM. Bate-se no mensalão do PT, mas não se fala no do PSDB mineiro (que, aliás, inaugurou o “valerioduto”) ou do descalabro da última administração tucana no Rio Grande do Sul. Coloca-se em evidência os negativos apoios de Collor e Sarney, mas convenientemente omitem-se, no outro lado, os de Jefferson e Maia (quando haverá som na vergonhosa e inexplicável “Cidade da Música”?). Sobre corrupção, aliás, fala-se muito dos corrompidos , pouquíssimo dos corruptores – empresas fraudadoras, empreiteiras sempre dispostas a comprar pessoas - , que representam a falência ética de um perverso sistema capitalista, onde o lucro é único objetivo.


O pensamento direitista em nosso país tem-se mostrado, ao longo do tempo, terrorista e falsamente moralista. E, às vezes não disfarçadamente, antidemocrático. Já entrou para os anais da história retrógrada da política brasileira a frase de Carlos Lacerda, direitista-mor da antiga UDN, de quem o DEM é herdeiro de sangue e o PSDB por adoção. Falando sobre a possibilidade de Juscelino Kubtscheck vir a ser Presidente da República, Lacerda disse (cito de memória): “Juscelino não pode ser candidato. Se for, não pode ganhar. Se ganhar, não pode tomar posse. Se tomar posse, deve ser derrubado.” No início do atual processo eleitoral, o PSDB tentou “impugnar” a candidatura de Dilma, lembram-se? Coincidências? Não creio.


São múltiplas as máscaras de que a direita se utiliza para a manutenção dos seus padrões e interesses de classe. O caso do aborto (com a chancela de setores obscurantistas da Igreja, como nos mostrou o Eliakim em seu brilhante artigo) apenas revela mais uma dessas faces. Vivencio coisas desse tipo desde os meus tempos de garoto. E se há uma diferença a considerar é que, para a direita, os seus opositores, nos anos 50, comiam criancinhas. Nos dias de hoje, só matam...



Rodolpho Motta Lima, Direto da Redação

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Dilma, mulher, cidadã

Via Terror do Nordeste

Dilma e o momento épico da mulher brasileira


Juarez Guimarães e Marlise Matos

20 de outubro de 2010


Pense em Cecília Meireles e logo se ouvirá uma canção lírica: “Pus o meu sonho num navio/ e o navio em cima do mar;/- depois, abri o mar com as mãos,/para o meu sonho naufragar.”

Leia Clarice Lispector e, então, um feminino dramático tomará de assalto sua respiração: “(…) sobretudo um dia virá em que todo meu movimento será criação, nascimento, eu romperei todos os nãos que existem dentro de mim, provarei a mim mesma que nada há a temer, que tudo o que eu for será sempre o meu princípio…”

Ouça Clementina de Jesus e saiba de pronto, assim com a certeza dos mistérios, que a raiz da raiz de nossa humanidade comum é negra, é África, é Brasil.

Imagine Leila Diniz: nenhuma chance de não sentir o mar e suas canções libertárias.

Imagine agora as milhares de mulheres anônimas deste pais (uma em cada cinco mulheres brasileiras) que recebem de seus parceiros e companheiros, ao invés de gestos de carinho, acolhimento e amor, a forca bruta da mão pesada, e ainda assim se levantam e seguem em frente, na busca permanente do amor.

Pense também naquele um terço de famílias brasileiras que tem na forca de uma mulher o sustento, o alimento, a forca e a coragem para seguir construindo um futuro melhor para si e para os seus.

Lembre-se daqueles milhões de mulheres que conquistaram os bancos escolares, ousaram estudar, se escolarizar, se instruir para através da forca da palavra romper os muros da ignorância, do preconceito e do desconhecimento acadêmico da história e das lutas das mulheres.

Por fim, lembre-se daquelas mulheres, ainda poucas, mas corajosas e resistentes, que estão na vida política pública, construindo pontes entre os nossos poderes constituídos e os direitos das mulheres.

Quando sentimos esta força interior que vem de Dilma Roussef – “esta mulher não tem medo de nada, enfrenta tudo”, disse Chico Buarque em público diante de seu mistério – ainda não sabemos direito o que sentir, o que imaginar, como identificá-la na gramática das nossas impressões.

Força, coragem, grandes feitos públicos, os valores mais associados ao gênero épico, são desde sempre valores e atos concebidos como masculinos. Tanto é assim, que se o substantivo for feminino, quando se fala de uma heroína e não de um herói épico, logo a ele se associa um adjetivo da ordem masculina: corajosa e dura como um homem, “dama-de-ferro”, valente como se não fosse mulher.

Mas Dilma, não tenhamos mais dúvidas, é personagem de um grande momento épico brasileiro. Lula encarnou um grande movimento épico dos operários e dos pobres. Dilma promete hoje, diante dos nossos olhos, um grande épico feminino.

“Luta, substantivo feminino. Mulheres torturadas, desaparecidas e mortas na resistência à ditadura” é o livro de nosso “Direito à memória e à verdade”, recém editado pela Caros Amigos Editora, em parceria com a Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres e a Secretaria Especial dos Direitos Humanos. E se Dilma fosse Catarina, Marilena, Iara, Ísis, Ligia, Ana Maria, Aurora, Soledad, Sonia, Maria Regina, Miriam, Lourdes ou Anatália, ou muitas outras incógnitas ainda assassinadas entre 1964 e 1974? “Quem perde, ganha uma grande capacidade de lutar e resistir. Disso, uma geração não pode abrir mão. Eu tenho muito orgulho das minhas derrotas, que fizeram parte da luta correta”, disse Dilma na noite de seu encontro com artistas e intelectuais no Rio de Janeiro.

Os motivos da Folha de S. Paulo, ao publicar uma ficha falsificada do Dops sobre Dilma e ao editar o depoimento de um homem das engrenagens do cárcere sobre a sua personalidade, valem-se do fato de que entre nós a cultura do que se chama direitos de transição – o direito de julgar os crimes cometidos durante a ditadura militar a partir dos valores e procedimentos da democracia – é ainda muito fraca. Na verdade, querem julgar Dilma com os valores próprios da ditadura militar! Mas este momento mais escabroso da campanha de calúnias contra Dilma – o de apagar o contexto da sua corajosa luta e sofrimento pela liberdade em seu pais e de denunciá-la como “bandida”, “terrorista”, “criminosa” – vale-se também do fato de que a uma mulher, ao modo mais rasteiro e machista, não se associam os dons da luta mais dura, aguerrida, guerreira, aqueles que opõem o mais desvalido ou a mais vulnerável à desumanidade do torturador.

Dilma eleita presidente é como se Catarina, Marilena, Iara, Isis, Lígia, Ana Maria, Aurora, Soledad, Sonia, Maria Regina, Miriam, Lourdes ou Anatália, e tantas outras companheiras assassinadas, esquecidas e anônimas estivessem permanentemente evocadas, no centro da vida pública brasileira. E se os caluniadores de Dilma ganhassem sua aposta tenebrosa de transformar mártires da luta democrática em bandidos, ao modo de Walter Benjamin, seria possível dizer que até os nossos mortos correm perigo.

Expansão da identidade feminina e feminismo
Mas os lugares comuns da calúnia – Dilma já é, certamente, a mulher mais caluniada, difamada, da história brasileira (e também a mulher mais votada da historia brasileira – haverá aqui alguma transgressão?) – concentram-se ali nos pontos falhos ou fracos da nossa cultura democrática. Há uma vastíssima e profunda defasagem entre a expansão da identidade social das mulheres e a cultura pública do feminismo no Brasil contemporâneo. Este abismo está nitidamente expresso no livro editado pela Fundação Perseu Abramo, “A mulher nos espaços públicos e privados. Como vivem e o que pensam as brasileiras no início do século XXI”, baseado em pesquisas nacionais feitas em outubro de 2001.

Os motivos da expansão da identidade feminina, seja no mercado de trabalho e na educação, seja também na sua vida sexual estão ali bem expressos. Três quintos das entrevistadas têm orgulho de ser mulher; 39 % identificam ser mulher com ter a sua própria autonomia econômica no mundo do trabalho, 33 % associam ser mulher com a liberdade e independência social, mas apenas 8 % fazem tal associação com ter os mesmos direitos que os homens. Praticamente 80 % dizem estar satisfeitas com a sua vida sexual e 74 % julgam que a sua vida vai melhorar, independente da situação do país, graças ao seu auto-esforço.

Mas se 89 % julgam que há muito machismo no Brasil, só 22 % consideram-se total ou parcialmente feministas. Este índice cai inclusive com a escolarização. Explica-se: as décadas de oitenta e noventa foram décadas duramente conservadoras do ponto de vista moral no Ocidente, com grandes reflexos na nossa cultura brasileira. Houve como que uma onda de retrocesso em relação aos tempos mais libertários e igualitários dos anos sessenta e setenta. Em parte, essa configuração se deveu a involução conservadora da Igreja Católica no período, reforçando e retirando seus dividendos do quadro geral de retrocesso. Ser feminista, neste contexto cultural, associou-se a algo negativo, ruim ou até pejorativo.

Após a primeira fase épica de sua vida, Dilma, como mulher emancipada, retomou a sua vida pessoal em compasso com a sua vida profissional e pública, como fazem hoje as dezenas de milhões de mulheres brasileiras. A sua vida após o cárcere faz parte, então, desta “expansão da identidade feminina” na sociedade brasileira, que a pesquisa da Fundação Perseu Abramo demonstrou muito bem. Mas a cultura pública desta expansão da identidade feminina, isto é, uma cultura real e cotidianamente experimentada de emancipação das mulheres, com suas histórias centenárias, suas gramáticas, seus motivos, seus valores, seus personagens, seus argumentos e profunda beleza, não está ainda composta ou estabelecida na cena pública brasileira. Até mesmo a universidade brasileira, de norte a sul, leste a oeste, com toda a sua inteligência consolidada, apenas balbucia em seus currículos e programas de ensino, o feminismo.

É impressionante como a propaganda de Serra abusou desta falha democrática da cultura brasileira: caluniando de ser contra a vida aquela cultura das mulheres que exige o direito de decidir sobre o seu próprio corpo, proclamando a sua evidente limitação para ser governante do Brasil, lançando todo tipo de suspeições sobre a personalidade das mulheres emancipadas do Brasil. Ao fazer isto, mobilizava milenares, ancestrais, retrógrados estereótipos sobre as mulheres inscritos numa cultura tradicional Ocidental e em centenários arquétipos patriarcais formados e ainda preservados na cultura brasileira.

O segundo momento efetivamente épico de Dilma foi enfrentar não o torturador, mas o caluniador. Sua primeira sobrevivência foi em nome da liberdade; a sua segunda vitória será em nome da dignidade de todas as mulheres livres do Brasil.

Mulher cidadã
“Se as mulheres podem ir ao cadafalso, por que não podem também ir à tribuna?”, perguntou Olympe de Gouges, a redatora da esquecida Declaração dos Direitos da Mulher e da Cidadã durante a revolução francesa e, afinal, guilhotinada . Por que esta mulher que foi ao cárcere pelo fundamento da democracia em nosso país, dos direitos fundamentais da liberdade, não pode agora ir agora à presidência da República?

Qual é hoje, afinal, o lugar das mulheres nas tribunas da democracia brasileira? É, sem dúvida, um lugar menor. Não nos referimos às eleitoras, já que estas, paradoxalmente, são maioria, nos referimos aqui às mulheres titulares de cargos públicos, as parlamentares ou aquelas no executivo. Há uma brutal subrepresentação, que não pode deixar de ter repercussão na agenda política do país, em seus costumes, em seus regulamentos e procedimentos, porque diz de uma déficit, de uma falha no processo de consolidação da democracia brasileira. Para gerar o seu filho, a deputada federal pelo PC do B, Jandira Feneghali foi instada a obter licença por doença porque não havia no Regulamento da Câmara Federal a figura da licença maternidade!

Dilma eleita presidente descortina uma nova história que começa na relação das mulheres com a política institucional no Brasil, que teve início há tempos com os movimentos sufragistas liderados nos inícios do século XX com Bertha Lutz. É apenas o começo de um amplo movimento político e social pela paridade e a justiça na representação – um direito devido as mulheres brasileiras – que certamente ganhará maior profundidade nos próximos anos. E, sem partilhar de nenhuma presunção sobre a natureza das mulheres, se poderá dizer que outra será a agenda, outra devera ser a relação dos temas públicos e privados, outra a linguagem da democracia brasileira em formação. Pois é, finalmente, a figura plena da mulher cidadã política que está tardiamente se formando entre nós.

No momento mais lírico de sua nova jornada épica, Dilma Roussef, na Convenção Nacional do PT, citou o verso de Drummond “Teus ombros suportam o mundo/ e ele não pesa mais que a mão de uma criança”, para lembrar que o seu reencontro com a vida após a experiência do cárcere foi quando sentiu em seu ombro, pela primeira vez, a mão da sua filha recém nascida. Será que, como imaginou Chico Buarque em uma das suas muitas canções inesquecíveis, virá, com Dilma, enfim, o “tempo das delicadezas”?

Juarez Guimarães é professor de ciência Política da UFMG e autor de “a esperança crítica” ( Editora Scriptum, 2008). Marlise Matos é professora do Departamento de Ciência Polaítica da UFMG e autora de “Reivenções do vínculo amoroso” ( Editora da UFMG/Iuperj, 2000)

CartaCapital

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Artistas e intelectuais com Dilma

De Prensa Latina



No Rio, artistas e intelectuais lançam manifesto de apoio a Dilma


A candidata do PT à presidência da República, Dilma Rousseff , ao lado do cantor e compositor Chico Buarque e da cantora Alcione em ato no Rio de Janeiro nesta segunda


Rio de Janeiro, 19 out (Prensa Latina) Afamados artistas e intelectuais brasileiros, como Oscar Niemeyer, Chico Buarque, Beth Carvalho e Leonardo Boff, expressaram aqui seu apoio à candidata à presidência pelo governante Partido dos Trabalhadores (PT), Dilma Rousseff.



Cerca de mil pessoas lotaram ontem o Teatro Casa Grande, do bairro de Leblon, na zona sul desta cidade, bem como a parte externa do local, de onde presenciaram o ocorrido no interior da sala através de uma grande tela.

Na atividade entregaram a Rousseff o "Manifesto de artistas e intelectuais pró Dilma", com mais de 10 mil assinaturas.

"As canções que ouvi e os livros que li estão aqui com todos estes cantores e artistas", assegurou Rousseff, que defendeu os investimentos governamentais em cultura, porque -sentenciou- "não existem formas de dar qualidade ao processo sem valorizar as pessoas que fazem parte do mesmo".

Mais adiante afirmou que era a soma de gerações que vêm sonhando o Brasil, como Oscar Niemeyer, desde décadas mais antigas e afirmou que ela começou nos anos 60, com a segurança que o país tinha que mudar, não podia ser de extrema desigualdade.

Em 50 minutos a aspirante petista fez uma ampla comparação dos governos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e do dignatário Luiz Inácio Lula da Silva, bem como de seu compromisso -se chegar à primeira magistratura- de continuar o caminho iniciado por seu antecessor neste imenso país sul-americano.

Sobre a responsabilidade que terá em caso de ser eleita no segundo turno das eleições gerais, fixada para o próximo dia 31, Rousseff sustentou que "ninguém respeita a quem deixa uma parte de seu povo na miséria. Sei o tamanho do peso que carrego. Sei que agora é minha vez e vou honrar essa missão".

Antes da candidata presidencial do PT, o cantor Chico Buarque destacou seu respaldo ao governo, em particular a sua política externa, ao afirmar que "temos um governo que não fala suave com Washington nem fala duro com a Bolívia ou o Paraguai", de acordo com uma informação da estatal Agência Brasil.

De sua parte, Leonardo Boff, que falou antes de Rousseff, exaltou que "se a esperança com Lula venceu o medo, agora a verdade vai vencer a mentira", ao prognosticar um triunfo da aspirante petista frente a José Serra, candidato pelo opositor Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB).

Do ato participaram também personalidades relevantes como Alcione, Fernando Morais, Wagner Tiso, Alceu Valença, Marilena Chauí, Emir Sader, Amir Hadad, Débora Colker, José Celso Martinez, Yamandu Costa, Diogo Nogueira, Elba Ramalho, Lia de Itamaracá, Margareth Menezes, Rosemary e Paulo Betti, entre muitos outros.

No Manifesto os firmantes sustentam que no primeiro turno das eleições gerais do passado dia 3 eles votaram por diferentes candidatos e por diferentes partidos políticos, mas agora se unem para apoiar Rousseff.

Fazem isso -destacam- ao sentir que é seu dever somar forças para garantir os avanços atingidos e prosseguir juntos na construção de um país capaz de um crescimento econômico que signifique desenvolvimento para todos.

"Entendemos que bem mais que uma candidatura, o que está em jogo é o que foi conquistado. Por tudo isso, declaramos em conjunto o apoio à Dilma Rousseff. É hora de unir nossas forças no segundo turno para garantir as conquistas e continuar na direção de uma sociedade justa, solidária e soberana", destacam.

No próximo dia 31, no segundo turno das eleições gerais, Rousseff enfrentará Serra, depois de terem ocupado o primeiro e segundo lugar, nessa ordem, na primeira rodada das eleições presidenciais.

Rousseff liderou essas eleições com 46,91 por cento dos votos válidos, mas inferior aos 50 por cento mais 1 requerido para definir a disputa eleitoral nesse dia. Serra ficou atrás com 32,61 por cento dos votos válidos.