segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Um debate para o Zé esquecer

Por Eduardo Guimarães, em seu blog


Serra se sai mal em debate e perde eleitores




O debate entre os candidatos a presidente levado ao ar pela RedeTV! na noite de ontem teve um grande perdedor e uma grande surpresa. O perdedor foi José Serra e a surpresa ficou por conta de Dilma Rousseff.
A postura de Serra de usar o debate para acusar e insultar uma adversária que o vence por larga margem nas pesquisas foi mal recebida pelo público, como será demonstrado adiante, mas o prejuízo maior do tucano ocorreu quando ele respondeu a questão da jornalista da RedeTV! Patrícia Zorzan.
Abaixo, a transcrição da pergunta e, em seguida, da resposta:
Patrícia Zorzan – Candidato, o senhor tem criticado o presidente Lula com freqüência, dizendo que ele promoveu o inchaço da máquina pública, o aparelhamento do Estado, que passou a mão na cabeça de políticos acusados de corrupção e que, também, foi contra os direitos humanos quando se aproximou do presidente do Irã e quando criticou os presos políticos de Cuba. Em compensação, o senhor usou a imagem do presidente no horário eleitoral gratuito dizendo que ele era um homem de experiência, de história, fazendo uma clara comparação com a sua própria biografia.
Enfim, na avaliação do senhor, quem é o presidente Lula, um estadista ou um mau presidente?
José Serra – Olha, o Lula é o presidente da República, atualmente. É um personagem muito importante no cenário político e no cenário eleitoral brasileiro. Aliás, ele mesmo se jogou, está se jogando de corpo e alma na eleição. Escolheu uma candidata e está se jogando de corpo e alma na eleição. É um fato político a atuação, a presença do presidente Lula.
Eu não sou – e nunca fui – de ter… Considerar oposição… Eh… Como inimiga, e nem fui, nunca, da estratégia do quanto pior, melhor – que, aliás, sempre foi uma especialidade… eh… do PT, em toda a sua história.
Agora, tem sentido se tem o Lula, normalmente. É um homem que tem experiência…. Eh… É um homem que, que viveu bastante – não é? Que tem história… Eh… Que… Eh… Disputou muitas eleições… Fez-se o paralelo comigo mesmo, que também fiz isso. Eu não fiz um juízo de valor a respeito do Lula. Isso foram cinco segundos… Eh… Exatamente. A partir daí, se criou doutrina de que o Lula tava todo dia no meu programa…
Poderia até estar, se fosse necessário. Mas eu não creio que seria o caso.
No… Ainda mais, a meu respeito… Eh… Eu tenho uma vida que é conhecida, né? Aquilo que eu fiz é conhecido. Eu não preciso que ninguém venha dizer o que eu fiz ou esconder o que eu deixei de fazer. Nenhuma… Eh… Momento da minha vida está guardado ou escondido…
Já a surpresa do evento ficou por conta de Dilma. Impressionou a forma como ela evoluiu. A resposta que deu ao adversário tucano, chamando-o de caluniador, ou quando, convidada por Plínio de Arruda Sampaio a fazer um pacto com ele sobre a Educação, respondeu que se tivesse que fazer algum pacto não seria com o adversário, mas com a população, foram pontos que revelaram um progresso impressionante da petista em relação aos primeiros debates dos quais participou.
Como evidência do grande prejuízo que Serra colheu do debate, basta reproduzir dados veiculados em matéria da Folha de São Paulo de hoje que dão conta do resultado de pesquisa qualitativa feita pela emissora com uma platéia de 25 eleitores indecisos durante o desenrolar do programa.
Dilma começou o debate com quatro eleitores e terminou com dez; Serra, começou com quatro e terminou com três. O que provocou resultado tão ruim para ele pode ter sido a resposta que deu à questão do uso da imagem de Lula em seu programa.
Se o efeito dessa pesquisa qualitativa se reproduzir no eleitorado em geral, não será surpresa se o candidato tucano vier a perder para Marina Silva a segunda colocação no pleito. Até porque, a distância entre eles se reduziu drasticamente, nas últimas semanas.

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