quinta-feira, 7 de abril de 2011

Tragédia no Rio de Janeiro

DO TERRA MAGAZINE

Tragédia no Rio: Oferta de armas abundante no Brasil é sinônimo de violência



Wellington Menezes de Oliveira.
Wellington Menezes de Oliveira.
Num momento de tragédia, fica difícil  escrever.
Vou tentar e começar por deixar de lado obviedades.
Tratava-se de uma tragédia  imprevisível. No Brasil não existia esse tipo de violência.
A escola municipal estava em festa pelos seus 40 anos de vida. Os ex-alunos podiam comparecer e se apresentar para falar das suas experiências.
Em síntese, as portas da Escola Municipal Tasso da Siveira estavam abertas. E Wellington Meneses de Oliveira, um ex-aluno, sem antecedentes criminais e com 23 anos de idade, aproveitou-se dessa situação. A chacina foi premeditada, tanto que Wellington procurou uma professora e se colocou à disposição para uma palestra.
Frise-se: ao contrário dos Estados Unidos, o Brasil nunca havia passado por esse tipo de tragédia, ou seja, de um premeditada execução de crianças inocentes, desconhecidas de Wellington. E ele portava duas armas e farta munição. Mais, disparava contra cabeças e corações.
Por sorte uma viatura policial estava próxima à escola e um sargento da polícia militar, com 18 anos de corporação, conseguiu evitar um número maior de vítimas.
Com a determinação de um homem-bomba, Wellington se suicidou ao perceber que um policial apareceu para impedir a continuação da matança.
O governador do Rio de Janeiro falou tratar-se de um psicopata. Pela insensibilidade de Wellington, pode-se concluir que o diagnóstico leigo de Sérgio Cabral não é equivocado.
Até agora, no entanto, não se sabe ainda qual o móvel condutor dessa sua ação de sangue. Talvez se descubra pela carta deixada por Wellington e por entrevistas com os seus familiares. Uma questão que os especialistas em psiquiatria forense poderão esclarecer.
Essa tragédia, –e o Rio de Janeiro no início do ano viveu a ocorrida na região Serrana–, deverá servir para importantes reflexões e providências. E a questão não deve ficar restrita à segurança escolar.
No Brasil, a oferta de armas e de munições é abundante.
A arma, ao contrário do que falam os fabricantes e a “bancada parlamentar da bala”, é sinônimo de violência.
Todos sabem que existe no Brasil forte lobby para passar a falsa idéia de a arma ser direito ínsito ao cidadão. E o lobby cresce quando a segurança pública não funciona ou, por exemplo e como aconteceu ontem, quando um delegado diz não poder fazer nada para conter arrastões na Linha Vermelha. No governo Paulo Maluf, o seu secretário de segurança recomendou aos paulistas a compra de arma de fogo para se defender.
No fundo, o lobby objetiva a incorporação da doutrina norte-americana. Por ela, o cidadão norte-americano está legitimado a se armar. Assim, armas e munições podem ser vendidas em supermercados e lojas de conveniências.
Educar para a legalidade democrática é fundamental, quando crescem os casos de violências homofóbicas e raciais. Mais ainda, os esquadrões da morte e as milícias (o Rio é exemplo) são fenômenos nefastos e bem conhecidos no Brasil.
A sociedade brasileira porta o sentimento do medo. Levanta muros nas residências, contrata empresas privadas de segurança, não sai às ruas ao escurecer, etc. E esse quadro não é considerado pelos governos que  precisam ousar e criar mecanismos preventivos e de contraste.
Quando um outro psicopata como  Wellington Menezes de Oliveira aparecer, espera-se que as escolas contem com sistemas, aprovadas por professor, alunos e pais, capazes a inibir e alertar.
Paro por aqui. O coração está apertado demais. Se continuar, vou até questionar os crentes, ou seja, por que Deus permite crimes de sangue contra crianças inocentes.
–Wálter Fanganiello Maierovitch–

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