quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Protesto!?

Do Blog da Maria Frô

Morumbi versus Paraisópolis: “Era para ser um panelaço, mas a patroa não sabe onde estão as panelas, e a empregada está de folga”


A pergunta que não quer calar, por quanto tempo um repórter com essa qualidade de jornalismo crítico permanecerá no Estadão?
Morumbi vai à rua protestar por segurança
Presidente da Associação de Paraisópolis afirma que moradores da favela não foram convidados
Paulo Sampaio, no Estadão
29/08/2011
“Não dá mais!”, diz o empresário Maurício Baccini, de 54 anos, indignado com a “falta de impunidade” no Morumbi, na zona sul de São Paulo. “É preciso dar um basta! E mudar a lei. Atualmente, não adianta fazer a denúncia do assalto. Sem o flagrante, o coitado (do delegado) não pode manter o bandido na cadeia”, diz Baccini, acompanhado da golden retriever Alessandra, de 4, que usa marias-chiquinhas presas por laços cor-de-rosa.
Bandeiras e balões. Moradores do bairro pediram a construção de base da PM na Favela de Paraisópolis - Andre Lessa/AE
Bandeiras e balões. Moradores do bairro pediram a construção de base da PM na Favela de Paraisópolis. Foto: Andre Lessa/AE
Baccini estava entre os 2,5 mil moradores do bairro, segundo cálculos da Polícia Militar, que participaram ontem de uma manifestação para reivindicar policiamento na região. A concentração aconteceu na Praça Vinicius de Moraes, que fica em frente ao Palácio dos Bandeirantes e tem ao redor dezenas de casas com placas de aluga-se e vende-se.
Segundo a PM, que na semana passada desencadeou uma ação para coibir crimes na área, houve mais furtos e roubos a casas ali no mês passado do que em junho. Eles não dão números.
Celso Cavallini, presidente do Conselho Comunitário de Segurança (Conseg) do Portal do Morumbi, disse que os moradores querem mais efetivo policial e uma base fixa da PM na favela Paraisópolis. A maioria considera a favela, segunda maior de São Paulo, com cerca de 100 mil habitantes, o principal foco de violência na região.
“Mesmo se eles usam revólver de plástico, você fica muito traumatizado!”, diz Cavallini. Ao megafone, a diretora comercial Ana Paula Freitas orientava as pessoas a formar um cordão humano ao redor da praça. Recolheram-se 3.545 assinaturas.
O capitão Cláudio Barbosa, que coordenava a segurança na manifestação, afirmou que as ocorrências no Morumbi estão “controladas”. “Acontece que, quando há um crime violento, a mídia bate mais.”
“Sabe o que eu acho? O bandido perdeu o respeito (pelo morador do Morumbi)”, diz o empresário Jorge Toquetti, de 52. “Estão dando pouco tiro no assaltante, e a gente que leva.”
Toquetti e os outros participantes do protesto preferem falar em policiamento e punição. “Uma parte dessa população (os assaltantes) já era, amigo, não dá mais para recuperar”, acha.
Apesar de Cavallini afirmar que “99,9% de Paraisópolis são de gente boa, que também sofre com a violência”, não foi encontrado nenhum representante da favela no protesto. “Soltaram um boato (na favela) de que quem aparecesse ia se arrepender”, diz.
Convite. O presidente da União dos Moradores de Paraisópolis, Gilson Rodrigues, afirmou que a comunidade não participou “porque não foi convidada”. “Achamos legítima a manifestação, até porque nós precisamos fazer muitas para Paraisópolis poder existir”, afirma.
Inês Moraes, de 55 anos, era a única empregada doméstica da passeata – gastou a folga no protesto por segurança. “Não são só os “rico” que estão sendo roubado, as “dita” também!”, afirmou. Ela conta que foi assaltada perto do Shopping Jardim Sul.
De passagem, a arquiteta Ana Luiza Rosa, de 43, ri do protesto e diz: “Era para ser um panelaço, mas a patroa não sabe onde estão as panelas, e a empregada está de folga!!”
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sábado, 27 de agosto de 2011

"Manter as raízes fincadas no chão onde deverão estar fincadas até o fim da vida."

DO ADITAL.ORG
De muda
Selvino Heck

Assessor Especial da Secretaria Geral da Presidência da República
Adital

Estou de muda na casa. A saída do Gabinete Pessoal do Presidente da República -governo Lula- para a Secretaria Geral da Presidência da República -governo Dilma-, com o ministro Gilberto Carvalho, levou a reorganizações na estrutura do trabalho e na localização física. A mudança foi para melhor. Salas mais amplas, mais espaço, no mesmo corredor onde funciona a Secretaria Nacional de Articulação Social.

Comuniquei ao Tiago que ia deixá-lo, ele que serve água, a água tão necessária nestes tempos de secura na capital federal, o cafezinho e o chá, que eu prefiro. Dias atrás ele tinha solicitado um apoio para ver a possibilidade de sua esposa também trabalhar na copa, já que o dinheiro anda curto e necessário. O Tiago me disse: "Nem todos tratam a gente como o senhor. Têm muitos aqui que nem vêem a gente. É como se a gente fosse invisível. Não conversam, não dizem bom dia ou boa tarde. A gente não existe, não pensa, não fala. A gente serve o cafezinho e ponto final. Em outros governos era até pior.”

Por essas bandas, por mais que se insista, o tratamento é sempre o velho senhor, ou doutor, que tanto abomino. Digo para quem trabalha comigo, secretária, contínuos, os motoristas que me levam pra cá e pra lá: "Esquece isso de senhor, de doutor, não tem nada disso. A gente é igual, é trabalhador. Temos apenas tarefas e funções diferentes, nada mais que isso.” (Sem esquecer que os salários são bastante diferentes.)

Cheguei na nova casa, novo ambiente, encontro a companheira que faz a limpeza. Pergunto o nome. Nonata. "Ah, teve uma pessoa que trabalhou comigo tempos atrás, na equipe do TALHER, que se chamava Nonata.” Ela: "Mas eu não gosto desse nome”. – "Por que?” — "É que quando nasci mamãe queria dar-me outro nome, mas meu pai obrigou o nome de Nonata. Estou com um processo na justiça para mudar de nome”. – "Qual o nome que queres?” – "Renata.” – "Sabes o que significa Renata?” – "Não. Se bem me lembro dos tempos de latim no Seminário, Renata significa renascida, nascida de novo. Assim, se trocares de nome, é como se nascesses de novo, fosses uma nova mulher”.

Passei a chamá-la de Renata. Quando me encontrou no corredor, antes de eu entrar na sala, disse: "Botei um presente pro senhor (sempre o ‘senhor’) na sua sala”. Ela deixou em cima da mesa, num copo, um buquê de flores: margaridas, cravos, lírios, damas da noite.

Aí, encontrei o Gildo, que serve o café, a água e o chá no novo corredor. Soube ter sido ele o construtor de um barco com os distintivos do Grêmio, feito de palitos de fósforo, todo artesanal, que o Elias, que trabalha comigo, me deu como presente de aniversário. Como a obra de arte estava um pouco esgualepada, como diria Olívio Dutra, ofereceu-se espontaneamente para consertá-lo e melhorá-lo. Dias depois de me entregar a obra toda bonita, repaginada, me disse: "Olha, mostrei as fotos que tiramos com o barco restaurado, e já tenho oito pedidos. O senhor (sempre o ‘senhor’) me ajudou”.

E tem o Marquinhos, sempre alegre e sorridente, que diz: "Ah, chefe!”- "Que chefe?” – "Não, diz ele, em primeiro lugar sempre o chefe!”.

Conto estes fatos por dois motivos. Um, para explicar um pouco a rotina das coisas do Palácio do Planalto e do poder. E de como hábitos, costumes, reverências acabaram incorporados, entranhados na vida das pessoas, sendo quase impossível eliminá-los, mesmo você sempre sentando na frente no carro, ao lado do motorista, e conversando de igual para igual, mesmo tomando um café da manhã coletivo todas as sextas com quem trabalha na Secretaria Nacional de Articulação Social, mesmo fazendo-se reuniões para discutir o trabalho ou festas para descontrair, e assim por diante.

Outro, porque cada vez que acontece um fato ou situação das relatadas acima (O ministro Gilberto Carvalho sempre diz nas reuniões e outros espaços: "Esqueçam as formalidades, essas coisas de ministro pra cá, ministro pra lá, a não ser quando for necessário por questões de cerimonial”), me lembro de Santa Emília, da comunidade onde nasci, Venâncio Aires, interior do interior do Rio Grande do sul, todos pequenos agricultores, que constroem e sustentam sua comunidade, sua Sociedade, seu time de futebol, sem essa de autoridades, de alguém mais importante, de isso e aquilo. E me lembro dos tempos em que morei na Lomba do Pinheiro, periferia de Porto Alegre, onde pedreiros, serventes de pedreiros, donas de casa, enfermeiras, domésticas construíram Associações de Bairro, Oposições sindicais, pastorais, o Partido dos Trabalhadores, e fizeram, e continuam fazendo, mobilizações para melhorar a vida da sua vila e bairro, sem nada de senhores e doutores.

Estas pessoas constroem o Brasil ao longo do tempo, reconstruíram a democracia e estão levando este país a ser Nação soberana. O povo não é mais bucha de canhão como foi por séculos. Mesmo em outras épocas, resistia nos quilombos, nas organizações populares, às vezes sofrendo calado e esperando a oportunidade de sair da situação de escravidão e exploração. Não há senhores ou doutores. Há pessoas que lutam para viver, há pessoas que querem o bem dos outros, há trabalhadores que buscam justiça e igualdade.

O poder inebria facilmente. Os exemplos estão aí todos os dias, mesmo entre quem está ou estava ao lado das causas dos trabalhadores e dos pobres. Palavras como as do Tiago, gestos como os da Renata, do Gildo e do Marquinhos levam a refletir e a manter as raízes fincadas no chão onde deverão estar fincadas até o fim da vida.

Em vinte e seis de agosto de dois mil onze.

A releitura de 1954 ajuda a pensar a historia brasileira - o denuncismo moralista...

Da Agência Carta Maior



"O povo de quem fui escravo não será mais escravo de ninguém"


A polarização na crise que desembocou no suicídio do Getulio foi a que comandou a história brasileira desde 1930 e, de certa forma, continua a polarizá-la ate hoje. Getulio foi o estadista que colocou as bases da construção de um Brasil nacional, popular, democrático, quebrando a espinha dorsal das oligarquias agrário-exportadoras, que mandavam no pais ha séculos. E isto nao lhe perdoaram nem essa direita radicada aqui, nem os EUA.

A crise de 1954 se deu em torno de denúncias de corrupção atribuídas ao governo, mas nao era preciso olhar muito a fundo a situação para saber que o elemento estratégico fundamental do segundo governo do Getulio foi a insistência na existência de petróleo no Brasil – contra a posição de Rockfeller e dos EUA – e a fundação da Petrobras, no bojo da campanha “O petróleo e’ nosso”, levada a cabo pelas forcas populares, especialmente sindicatos e movimento estudantil.

Com tantos ditadores corruptos vinculados aos EUA, se concentraram na luta contra o Brasil e a Argentina, pelas lideranças nacionalistas desses países e pelo potencial econômico e politico dos dois países.

A direita – o tucanato da época – se concentrava no tema da corrupção agregando setores de classe media do centro e sul do país, tentando se contrapor ao enorme apoio popular que as políticas econômicas nacionalistas e sociais populares do governo. Por isso a direita perdia todas as eleições. Apelava então para os quarteis, buscando, desde 1945, quando fundaram a Escola Superior de Guerra – Golbery e Castello Branco entre eles – e foram os representantes aqui da Doutrina de Seguranca Nacional, promovendo tentativas de golpe ao longo de toda a década de 1950 até conseguirem em 1964.

Em 1954, Getulio Vargas impediu, num dia como hoje, 24 de agosto, que triunfassem sobre ele. Entregou sua vida e reverteu uma situação armada para derrubá-lo e instalar governos repressivos e entreguistas, como os da ditadura militar.

A releitura de 1954 ajuda a pensar a historia brasileira desde então. As bandeiras da direita e da esquerda seguem similares. O denuncismo moralista e golpista de um lado, a defesa dos interesses nacionais e sociais, de outro. Setores conservadores de um lado, setores populares de outro.

Vale a pena a releitura da Carta Testamento do Getulio. Ela dá sentido à continuidade da história do movimento popular brasileiro desde 1930 até hoje, 80 anos depois, e projetado no futuro do Brasil no novo século. A grandeza que Lula conseguiu ter como presidente veio, em boa medida, dessa compreensão.

sábado, 20 de agosto de 2011

"É impertivo um novo rumo global, caso quisermos garantir nossa vida e a dos demais seres vivos"

Da Agência Carta Maior

DEBATE ABERTO

Governados por cegos e irresponsáveis

Somos governados por cegos e irresponsáveis, incapazes de dar-se conta das consequências do sistema econômico-político-cultural que defendem. Criou-se uma cultura do consumismo propalada por toda a mídia. Há que consumir o último tipo de celular, de tênis, de computador. 66% do PIB norteamericano não vem da produção mas do consumo generalizado.

Afunilando as muitas análises feitas acerca do complexo de crises que nos assolam, chegamos a algo que nos parece central e que cabe refletir seriamente. As sociedades, a globalização, o processo produtivo, o sistema econômico-financeiro, os sonhos predominantes e o objeto explícito do desejo das grandes maiorias é: consumir e consumir sem limites. Criou-se uma cultura do consumismo propalada por toda a midia. Há que consumir o último tipo de celular, de tênis, de computador. 66% do PIB norteamericano não vem da produção mas do consumo generalizado. 

As autoridades inglesas se surpreenderam ao constatar que entre os milhares que faziam turbulências nas várias cidades não estavam apenas os habituais estrangeiros em conflito entre si, mas muitos universitários, ingleses desempregados, professores e até recrutas. Era gente enfurecida porque não tinha acesso ao tão propalado consumo. Não questionavam o paradigma do consumo mas as formas de exclusão dele. 

No Reino Unido, depois de M.Thatcher e nos USA depois de R. Reagan, como em geral no mundo, grassa grande desigualdade social. Naquele país, as receitas dos mais ricos cresceram nos últimos anos 273 vezes mais do que as dos pobres, nos informa a Carta Maior de 12/08/2011. 

Então não é de se admirar a decepção dos frustrados face a um “software social” que lhes nega o acesso ao consumo e face aos cortes do orçamento social, na ordem de 70% que os penaliza pesadamente. 70% do centros de lazer para jovens foram simplesmente fechados. 

O alarmante é que nem primeiro ministro David Cameron nem os membros da Câmara dos Comuns se deram ao trabalho de perguntar pelo porquê dos saques nas várias cidades. Responderam com o pior meio: mais violência institucional. O conservador Cameron disse com todas as letras:”vamos prender os suspeitos e publicar seus rostos nos meios de comunicação sem nos importarmos com as fictícias preocupações com os direitos humanos”. Eis uma solução do impiedoso capitalismo neo-liberal: se a ordem que é desigual e injusta, o exige, se anula a democracia e se passa por cima dos direitos humanos. Logo no pais onde nasceram as primeiras declarações dos direitos dos cidadãos.

Se bem reparmos, estamos enredados num círculo vicioso que poderá nos destruir: precisamos produzir para permitir o tal consumo. Sem consumo as empresas vão à falência. Para produzir, elas precisam dos recursos da natureza. Estes estão cada vez mas escassos e já delapidamos a Terra em 30% a mais do que ela pode repor. Se pararmos de extrair, produzir, vender e consumir não há crescimento econômico. Sem crescimento anual os paises entram em recessão, gerando altas taxas de desemprego. Com o desemprego, irrompem o caos social explosivo, depredações e todo tipo de conflitos. Como sair desta armadilha que nos preparamos a nós mesmos?

O contrário do consumo não é o não consumo, mas um novo “software social” na feliz expressão do cientista político Luiz Gonzaga de Souza Lima. Quer dizer, urge um novo acordo entre consumo solidário e frugal, acessivel a todos e os limites intransponíveis da natureza. Como fazer? Várias são as sugestões: um “modo sustentável de vida”da Carta da Terra, o “bem viver” das culturas andinas, fundada no equilíbrio homem/Terra, economia solidária, bio-sócio-economia, “capitalismo natural”(expressão infeliz) que tenta integrar os ciclos biológicos na vida econômica e social e outras.

Mas não é sobre isso que falam quando os chefes dos Estados opulentos se reunem. Lá se trata de salvar o sistema que veem dando água por todos os lados. Sabem que a natureza não está mais podendo pagar o alto preço que o modelo consumista cobra. Já está a ponto de pôr em risco a sobrevivência da vida e o futuro das próximas gerações. Somos governados por cegos e irresponsáveis, incapazes de dar-se conta das consequências do sistema econômico-político-cultural que defendem.

É impertivo um novo rumo global, caso quisermos garantir nossa vida e a dos demais seres vivos. A civilização técnico-científica que nos permitiu niveis exacerbados de consumo pode pôr fim a si mesma, destruir a vida e degradar a Terra. Seguramente não é para isso que chegamos até a este ponto no processo de evolução. Urge coragem para mudanças radicais, se ainda alimentamos um pouco de amor a nós mesmos.

Leonardo Boff é teólogo e escritor.

" A faxina que está ocorrendo na administração federal é para fazer a máquina andar"

Do Portal Luis Nassif

Dilma e Lula: "os cossacos trabalham para o czar"

O Paul Krugman tem uma frase que volta e meia ele repete: "Os cossacos trabalham para o Csar"... 
Lula escolheu Dilma, com o objetivo de fazer a máquina pública andar. A faxina que está ocorrendo na administração federal é para fazer a máquina andar. As alinaças com governadores da oposição também são para fazer a máquina andar. Está tudo ocorrendo conforme o plano de Lula...
Lula não pretende ser candidato à Presidência da República em 2014 e jamai pretendeu. Ele voltaria somente se Dilma tiver feito um governo fraco... que pelo andar da carruagem, não será fraco. O objetivo de Lula, caso seja candidato, é o Senado. Lé ele seria eleito facilmente Presidente da casa e poderia mudar o regimento para ficar nesse cargo por 8 anos. O PT teria o controle de dois poderes na República...
O objetivo de Lula é transformar o "lulismo" em petismo. A eleição municipal está vindo aí e o PT quer crescer. E Dilma e Lula apóiam, juntos, o mesmo candidato à candidato do PT para a cidade de São Paulo: o Ministro da Educação. Dilma já convenceu Mercadante a tirar o time da reta. Só falta Lula e Dilma convencerem a senadora. Ambos, Lula e Dilma, vão trabalhar pela eleição de candidatos do PT nos municípios. A estratégia está pronta...
A oposição não vai conseguir enfraquecer o Lula. Primeiro, porque "os cossacos trabalham para o Csar", foi Lula que escolheu Dilma e a apóia. Segundo, porque Dilma troca Ministro de Lula por outro Ministro de Lula, como comicamente foi lido numa manchete de O Globo (no caso, quem fez o papel de palhaço foi o próprio jornal e nem o percebeu).
A oposição no momento está perdendo o discurso. Já perdeu o programa, até o Bresser disse, ao sair do PSDB, que o único partido social democrata no Brasil é o PT.
Sem discurso, sem programa e sem projeto, os partidos de oposição não têm futuro. O PV já percebeu isso. O PSDB de Alckmin e FHC parece que também percebeu. O que é um claro sinal para o Aécio tirar o time de campo ou vai acabar "cristianizado".
Com relação ao "Partido da Imprensa Golpista" (PIG), a Lei que muda as tvs pagas demonstrou que a Globo, a Folha e a Abril não possuem tanto poder assim: as teles têm mais grana. O poder do PIG será comido pelas beiradas...
Quando surgir uma nova oposição, será de dentro do próprio governo. Mas isso vai demorar, é preciso, primeiro, que o processo de ascenção social se complete e se consolide. Quando o novo quadro social estiver completo é que será possível montar novos programas partidários e um novo discurso. Por enquanto, os projetos estão ultrapassados e o discurso velho. Vai precisar de pelo menos uns dez anos até as classes D e E ascenderem de vez, até a nova classe C ser hegemônica (porque terá mais de 50% da população) e a nova classe B está surgindo justo agora.
No entanto, duvido que a nova classe B vai querer ser oposição. A hegemonia estará com a classe C e contra isso não vai adiantar lutar. A formação política dessa nova classe C vai se dar nos sindicatos e nas associações, será de baixo para cima, daí a nova classe C será "esquerdista" e, portanto, é uma boa política para a nova classe B não tentar excluir a classe C do poder, pode haver uma revolução (uma maioria de mais de 50% vai querer mandar, seja por meios democráticos ou seja pela força). Além disso, a nova classe B tem origem urbana, diferente da classe B atual que tem origem rural. A nova classe B não vai defender uma moral conservadora, ela está nem aí para aborto, liberação das drogas, casamento de homossexuais: para essa nova classe B, essa já é a realidade dos centros urbanos e como essa é a única realidade que conhecem, tudo isso é considerado natural. E como essa nova classe B sabe que sua ascenção se deve à intervenção do Estado que ocorreu no governo Lula e que agora ocorre no governo Dilma, não vão defender um Estado mínimo. O mais provável é que a nova classe B tente uma política de coligação com a classe C. 
No mais, os únicos políticos que possuem esse quadro de mudança social mais claro na mente são o Lula, a Dilma e o PT (são os únicos que falam dessas mudanças e parecem compreendê-las; estão entendendo essas mudanças melhor do que os políticos dos outros partidos e e PIG). Portanto, são os únicos que possuem uma estratégia condisente com essas mudanças e que podem não apenas navegá-las, mas tentar acelera-lás (e é o que estão tentando).

sábado, 13 de agosto de 2011

"Mais convivência com as diferenças, mais tolerância, mais hospitalidade e mais solidariedade."

Via Blog do Rovai

Leonardo Boff: Terrorismo Cristão

Segue um texto belíssimo do Leonardo Boff.
Terrorismo cristão
O ato terrorista perpetrado na Noruega de forma calculada por um solitário extremista norueguês de 32 anos, trouxe novamente  à baila a questão do fundamentalismo. Os governos ocidentais e a mídia induziram a opinião pública mundial a associar o fundamentalismo e o terrorismo quase que exclusivamente a setores radicais do Islamismo. Barack Obama dos USA e David Cameron do Reino Unido se apressaram em solidarizar-se com governo da Noruega e reforçaram a idéia de dar batalha mortal ao terrorismo, no pressuposto de que seria um ato da Al Qaeda. Preconceito. Desta vez era um nativo, branco, de olhos azuis, com nivel superior e cristão, embora o The New York Times o apresente “sem qualidades e fácil de se esquecer”.
Além de rejeitar decididamente o terrorismo e o fundamentalismo devemos procurar entender o porquê deste fenômeno. Já abordei algumas vezes nesta coluna tal tema que resultou num livro “Fundamentalismo, Terrorismo, Religião e Paz: desafio do século XXI”(Vozes 2009). Ai refiro, entre outras causas, o tipo  de globalização que predominou desde o seu início, uma globalização fundamentalmente da economia, dos mercados e das finanças. Edgar Morin a chama de “a idade de ferro da globalização”. Não se seguiu, como a realidade pedia, uma globalização política (uma governança global dos povos), uma globalização ética e educacional. Explico-me: com a globalização inauguramos uma fase nova da história do Planeta vivo e da própria humanidade. Estamos deixando para trás os limites restritos das culturas regionais com suas identidades e a figura do estado-nação para entrarmos cada vez mais no processo de uma história coletiva, da espécie humana, com um destino comum, ligado ao destino da vida e, de certa forma, da própria Terra. Os povos se puseram em movimento, as comunicações universalisaram os contactos e multidões, por distintas razões, começam a circular pelo mundo afora.
A transição do local para o global não foi preparada, pois o que vigorava era o confronto entre duas formas de organizar a sociedade: o socialismo estatal da União Soviética e o capitalismo liberal do Ocidente. Todos deviam alinhar-se a uma destas alternativas. Com o desmonte da União Soviética, não surgiu um mundo multipolar mas o predomínio dos EUA como a maior potência econômico-militar que começou a exercer um poder imperial, fazendo que todos se alinhassem a seus interesses globais. Mais que globalização em sentido amplo, ocorreu uma espécie de ocidentalização mundo e, em sua forma pejorativa,uma hamburguerização. Funcionou como um rolo compressor, passando por cima de respeitáveis tradições culturais. Isso foi agravado pela típica arrogância do Ocidente de se sentir portador da melhor cultura, da melhor ciência, da melhor religião, da melhor forma de produzir e de governar.
Essa uniformização global gerou forte resistência, amargura e raiva em muitos povos. Assistiam a erosão de sua identidade e de seus costumes. Em situações assim surgem, normalmente, forças identitárias que se aliam a setores conservadores das religiões, guardiães naturais das tradições. Dai se origina o fundamentalismo que se caracteriza por conferir valor absoluto ao seu ponto de vista. Quem afirma de forma absoluta sua identidade, está condenado a ser intolerante para com os diferentes, a desprezá-los e, no limite, a eliminá-los.
Este fenômeno é recorrente em todo o mundo. No Ocidente grupos significativos de viés conservador se sentem ameaçados em sua identidade pela penetração de culturas não-européias, especialmente do Islamismo. Rejeitam o multiculturalismo e cultivam a xenofobia. O terrorista norueguês estava convencido de que a luta democrática contra a ameaça de estrangeiros na Europa estava perdida. Partiu então para uma solução desesperada: colocar um gesto simbólico de eliminação de “traidores” multiculturalistas.
A resposta do Governo e do povo norueguês foi sábia: responderam com flores e com a afirmação de mais democracia,  vale dizer, mais convivência com as diferenças, mais tolerância, mais hospitalidade e mais solidariedade. Esse é o caminho que garante uma globalização humana, na qual será mais difícil a repetição de semelhantes tragédias.
Leonardo Boff é autor de “Virtudes para um outro mundo possivel” 3 vol. Vozes 2008-2009.

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Os princípios, os fins e os meios (e a falta de credibilidade)

Do Portal Vermelho

Globo: os princípios, a credibilidade e a prática

Venicio A. de Lima *


Deve ter sido coincidência. Todavia, não deixa de ser intrigante que os Princípios Editoriais das Organizações Globo tenham sido divulgados apenas algumas semanas após o estouro do escândalo envolvendo a News Corporation e um dia depois que um ex-jornalista da própria Globo tenha postado em seu Blog orientação para tentar incompatibilizar o novo Ministro da Defesa com as Forças Armadas.

Deve ter sido coincidência. Todavia, não deixa de ser intrigante que os “Princípios Editoriais das Organizações Globo” tenham sido divulgados apenas algumas semanas após o estouro do escândalo envolvendo a News Corporation e um dia depois que um ex-jornalista da própria Globo tenha postado em seu Blog – com grande repercussão na blogosfera – que havia umaorientação na TV Globopara tentar incompatibilizar o novo Ministro da Defesa com as Forças Armadas.

Credibilidade: questão de sobrevivência
A credibilidade passou a ser um elemento absolutamente crítico no “mercado” da notícia. O monopólio dos velhos formadores de opinião não existe mais. Não é sem razão que as curvas de audiência e leitura da velha mídia estejam em queda e o “negócio”, no seu formato atual, ameaçado de sobrevivência.

Na contemporaneidade, são muitas as fontes de informação disponíveis para o cidadão comum e as TICs ampliaram de forma exponencial as possibilidades de checagem daquilo que está sendo noticiado. Sem credibilidade, a tendência é que os veículos se isolem e “falem”, cada vez mais, apenas para o segmento da população que compartilha previamente de suas posições editoriais e busca confirmação diária para elas, independentemente dos fatos. 

O escândalo do “News of the World” explicitou formas criminosas de atuação de um dos maiores conglomerados de mídia do mundo, destruiu sua credibilidade e levantou a suspeita de que não é só o grupo de Murdoch que pratica esse tipo de “jornalismo”. Além disso, a celebrada autorregulamentação existente na Inglaterra – por mais que o fato desagrade aos liberais nativos – comprovou sua total ineficácia. As repercussões de tudo isso começam a aparecer. Inclusive na Terra de Santa Cruz.

Os Princípios da Globo
No Brasil ainda não existe sequer autorregulamentação e as Organizações Globo, o maior grupo de mídia do país, não tem um único Ombudsman em suas dezenas de veículos para acolher sugestões e críticas de seus “consumidores”. Neste contexto, a divulgação de princípios editoriais – sejam eles quais forem – é uma referência do próprio grupo em relação à qual seu jornalismo pode ser avaliado. Não deixa de ser um avanço.

A questão, todavia, é que o histórico da Globo não credencia os Princípios divulgados. Em diferentes ocasiões, ao longo dos últimos anos, coberturas tendenciosas que se tornaram clássicas, foram documentadas. E alguns pontos reafirmados e/ou ausentes dos Princípios agora divulgados reforçam dúvidas. Lembro dois: a presunção de inocência e as liberdades “absolutas”.

Presunção de inocência
O Código de Ética dos Jornalistas Brasileiros, adotado pela FENAJ, acolhe uma garantia constitucional (inciso LVII do artigo 5º) que tem origem na Revolução Francesa e reza em seu artigo 9º: “a presunção de inocência é um dos fundamentos da atividade jornalística”.

Não é necessário lembrar que o poder da velha mídia continua avassalador quando atinge a esfera da vida privada, a reputação das pessoas, seu capital simbólico. Alguém acusado e “condenado” pela mídia por um crime que não cometeu dificilmente se recupera. Os efeitos são devastadores. Não há indenização que pague ou corrija os danos causados. Apesar disso, a ausência da presunção de inocência tem sido uma das características da cobertura política das Organizações Globo. 

Um exemplo: no auge da disputa eleitoral de 2006, diante da defesa que o PT fez de filiados seus que apareceram como suspeitos no escândalo chamado de “sanguessugas”, o jornal “O Globo” publicou um box de “Opinião” sob o título “Coerência” (12/08/2006, Caderno A pp.3/4) no qual afirmava:

“Não se pode acusar o PT de incoerência: se o partido protege mensaleiros, também acolhe sanguessugas. Sempre com o argumento maroto de que é preciso esperar o julgamento final. Maroto porque o julgamento político e ético não se confunde com o veredicto da Justiça. (...) Na verdade, a esperança do PT, e de outros partidos com postura idêntica, é que mensaleiros e sanguessugas sejam salvos pela lerdeza corporativista do Congresso e por chicanas jurídicas. Simples assim.”

Em outras palavras, para O Globo, a presunção de inocência é uma garantia que só existe no Judiciário. A mídia pode denunciar, julgar e condenar. Não há nada sobre presunção de inocência nos Princípios agora divulgados.

Aparentemente, a postura editorial de 2006 continua a prevalecer nas Organizações Globo.

Liberdades absolutas?
Para as Organizações Globo a liberdade de expressão é um valor absoluto (Seção I, letra h) e “a liberdade de informar nunca pode ser considerada excessiva” (Seção III).

Sem polemizar aqui sobre a diferença entre liberdade de expressão e liberdade de imprensa – que não é mencionada sequer uma única vez nos Princípios – lembro que nem mesmo John Stuart Mill considerava a liberdade de expressão absoluta. Ela, como, aliás, todas as liberdades, têm como limite a liberdade do outro.

Em relação à liberdade de informar, não foi exatamente o fato de “nunca considerá-la excessiva” que levou a News Corporation a violar a intimidade e a privacidade alheia e a cometer os crimes que cometeu?

O futuro dirá 
Se haverá ou não alterações na prática jornalística “global”, só o tempo dirá. Ao que parece, as ressonâncias do escândalo envolvendo o grupo midiático do todo poderoso Rupert Murdoch e a incrível capilaridade social da blogosfera, inclusive entre nós, já atingiram o maior grupo de mídia brasileiro.

A ver.
* é professor de Ciência Política e Comunicação da UnB (aposentado) e autor, dentre outros, de Liberdade de Expressão vs. Liberdade de Imprensa – Direito à Comunicação e Democracia, Publisher, 2010
* Opiniões aqui expressas não refletem necessariamente as opiniões do site.

domingo, 7 de agosto de 2011

Da Esquerda à Direita os ‘companheiros’ se esmeram no sexismo

DO BLOG DA MARIA FRÔ

Novo texto no Blog da Mulher: a mídia precisa fazer uma ampla faxina em sua linguagem sexista

Novo texto no Blog da Mulher:
O que precisa de uma ampla faxina é a linguagem sexista da mídia velha
Por Conceição Oliveira do Blog Maria Frô, twitter: @maria_fro
06/08/2011
Qualquer pessoa com um mínimo de bom senso, seja homem ou mulher, hetero, homo ou trans deve estar tão incomodada quanto eu ao ler matérias na mídia institucional sobre o governo Dilma e se deparar com a continuidade da linguagem sexista que destacamos tantas vezes neste e outros blogs durante a campanha eleitoral de 2010 (veja, por exemplo, aqui e aqui, no item: Da Esquerda à Direita os ‘companheiros’ se esmeram no sexismo).
Confesso a vocês que ando bastante cansada de voltar ao tema, as crianças aprendem rápido, jornalistas sexistas (sejam homens ou mulheres) parecem nunca querer aprender.
Ao ler as declarações de Jobim em várias de suas entrevistas, além do tratamento desrespeitoso dado à presidenta e que na revista Piauí foi estendido a duas ministras de Estado, automaticamente, perguntamos: e se fosse um presidente e dois ministros de Estado, Jobim teria coragem de fazer tais declarações? Certamente que não. Porém essas declarações descabidas para um ministro de Estado são vistas como‘deslizes verbais‘ pelos jornalões.
Editorial da Folha é um primor em destacar os méritos de Jobim e diminuir o impacto de suas declarações grosseiras. Para a Folha Jobim foi o responsável em refrear a anarquia, um sujeito detentor de ‘notável habilidade‘, ‘prestígio‘, ‘o mais eficiente ocupante civil da Defesa‘, teve ‘dedicado engajamento‘ em prol do reaparelhamento das Forças Armadas e da criação da Estratégia Nacional de Defesa; lutou pela construção de um submarino de propulsão nuclear. Até mesmo a‘empáfia’ de Jobim é positiva, responsável por sua ‘bem-sucedida carreira‘.
Por outro lado os mesmos jornalões não se cansam de diminuir as ações da presidenta Dilma: a escolha de Celso Amorim não foi decisão dela: “Amorim é um homem de Lula” e ponto final, para os jornalões a presidenta ainda é um ‘poste’, sem poder de escolhas decisórias.
Limongi em entrevista no Valor, sintetiza bem a má vontade da mídia em relação à política praticada por Dilma Rousseff, destaco um trecho, mas vale a leitura integral: “As demissões nos Transportes vão na mesma direção, muito menos panos quentes do que normalmente se coloca nessas questões. O curioso é que quando ela compõe é porque está sendo conivente. Quando enfrenta é porque não tem jogo de cintura.”
É incrível como nessas matérias sobre a ‘faxina’ da presidenta vista como ‘dona de casa’ há um rotundo silêncio para o fato de que as demissões no Ministério dos Transportes foram deflagradas por iniciativa de uma das ministras de Estado. Foi Miriam Belchior, ministra da Pasta do Planejamento, que comunicou à presidenta sobre as irregularidades nas contas do DNIT, Dilma ordenou investigação e tomou providências. Desde então, o termo ‘faxina’ foi escolhido por unanimidade nos jornalões e sites da mídia institucional e até mesmo nas escorregadelas de blogueiros progressistas. Independente do/a jornalista, colunista, a imagem de dona de casa com vassoura, escovão e lenço na cabeça é soberana no imaginário dessa gente:
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sábado, 6 de agosto de 2011

Os ataques do PiG à escolha de Dilma

Do Tijolaço

Nos anos 60, chamava-se assim aos políticos da UDN que andavam peregrinando pelos quartéis para incitar os militares ao golpe, que os udenistas contavam iria dar-lhes o poder que não obtinham no voto.
Temos agora, ao que tudo indica, as neovivandeiras, que buscam inventar uma inexistente crise militar.
É, ao menos, o que se depreende do post do jornalista Rodrigo Vianna, o Escrevinhador, que conhece bem os mecanismos de fabricação de notícias em nossas redações:
“Acabo de receber a informação, de uma fonte que trabalha na TV Globo: a ordem da direção da emissora é partir para cima de Celso Amorim, novo ministro da Defesa.
O jornalista, com quem conversei há pouco por telefone, estava indignado: “é cada vez mais desanimador fazer jornalismo aqui”. Disse-me que a orientação é muito clara: os pauteiros devem buscar entrevistados – para o JN, Jornal da Globo e Bom dia Brasil – que comprovem a tese de que a escolha de Celso Amorim vai gerar “turbulência” no meio militar. Os repórteres já recebem a pauta assim, direcionada: o texto final das reportagens deve seguir essa linha. Não há escolha.”
(…)passada a lua-de-mel com Dilma, a ordem na Globo é partir pra cima. Eliane Cantanhêde também vai ajudar, com os comentários na “Globo News”. É o que me avisa a fonte. “Fique atento aos comentários dela; está ali para provar a tese de que Amorim gera instabilidade militar, e de que o governo Dilma não tem comando”.
Detalhe: eu não liguei para o colega jornalista. Foi ele quem me telefonou: “rapaz, eu não tenho blog para contar o que estou vendo aqui, está cada vez pior o clima na Globo.”

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

O olhar da direita sobre o governo Dilma

Via blog da Glória Leite

Dilma, a nova fase

Cláudio Lembo Terra

Em todos os ambientes, quando se fala em política, coloca-se uma pergunta: como vai o governo Dilma? É natural a indagação. No presidencialismo, mais que no parlamentarismo, a figura do supremo mandatário tem importância expressiva.

O Parlamento, por mais que mostre vocação cívica, jamais consegue atingir o espaço de expressão do Executivo. O Judiciário, apesar do atual ativismo, ainda é poder que exige provocação para agir.

O Executivo, ao contrário dos demais poderes, está sempre presente na vida do cotidiano das pessoas. A cidadania acompanha com acuidade todos os atos do mandatário. Eles repercutem no dia-a-dia de cada cidadão, mesmo que não incidam diretamente sobre os seus interesses imediatos.

Dilma Rousseff atingiu a Presidência da República como reflexo de uma personalidade carismática e bem sucedida. Mais ainda. Respeitada por todas as classes sociais, salvo poucas exceções.

Suceder a Luiz Inácio Lula da Silva seria tarefa difícil para o mais experiente político, mais dificuldade encontra um quadro técnico acostumado à direção direta de seus subordinados e definição precisa dos objetivos.

A política é caleidoscópio. Jamais é possível aquilatar a próxima imagem. Tudo é mutável e a volubilidade das vontades humanas se apresenta no cenário político com enervante constância.

Compreensível, pois, a idas e vindas dos primeiros meses do atual governo. Só encontrou situações complexas. Lula, o líder sindical, é homem de conflitos e acordos transitórios.

Uma técnica, que sempre ocupou cargos administrativos, não pode utilizar o mesmo meio de convicção. Não possui tradição política e nem sequer atrativo para falar sem atingir conclusões.

Daí as pequenas crises, particularmente no trato dos assuntos ministeriais. Agiu mal, cai. Esta forma de atuar não era habito no período presidencial anterior e nem sequer faz parte dos hábitos políticos brasileiros.

O costume - diga-se de passagem, secular - é transigir e conciliar. Tudo acontece mediante conciliação. Nunca se vai às últimas conseqüências. Dilma rompeu a maldição.

É claro que determinados segmentos se encontram incomodados. No entanto, é possível que a presidenta esteja inaugurando um novo ciclo na política nacional.

Colocar as coisas no devido lugar. Fazer com que os fatos se tornem claros, as falcatruas expostas e seus autores exonerados é novidade que deixa perplexa muita gente.

O erro dos políticos tradicionais é nítido. Esqueceram de examinar a trajetória da presidenta Dilma. Ela sempre mostrou liderança e lutou, de maneira inequívoca, pela democracia e moralidade administrativa.

Ofereceu, em seu passado, em holocausto a dignidade humana o seu próprio sacrifício pessoal. Sofreu em sua a integridade física e perdeu a liberdade. Permaneceu com seus princípios.

Erram, pois, os políticos, inclusive os mais experientes que, em governos passados, ocuparam cargos relevantes nos poderes da República, em procurar agredi-la - e a seu governo - com palavras ou bravatas.

Dilma tem componentes diferentes dos operadores políticos de todos os tempos. Possui coragem e destemor. Não é carreirista. Quer exercer com dignidade seu mandato.

Se tudo isto não fosse suficiente, a democracia plena em que se vive não permite a presença da imoralidade administrativa e nem das velhas técnicas de desestabilização dos governantes.

A opinião pública sabe diferenciar com precisão os bons e os maus atos dos administradores. As boas e as más condutas dos políticos. Terminou a fase do quem pode leva.

Hoje, é preciso respeitabilidade para o exercício das funções públicas. A sociedade é implacável e acompanha cada movimento dos detentores de cargos nos três poderes da República.

Dilma age como quer a maioria da cidadania: preserva a dignidade do cargo e afasta firmemente os de conduta frágil. Tudo isto é novidade. Dai alguma perplexidade de seus adversários e dos analistas deformados pela paixão ou interesses.